Crítica | Questão de Tempo (About Time)

Nota
5

Quem nunca sonhou em te o poder de viajar no tempo e mudar suas ações em certas situações? Ou até reviver certos momentos que você nunca quis que acabassem? Talvez rever um ente querido que a muito se foi e dar o abraço que nunca foi dado. Quem não iria querer ter esse poder, não é mesmo? Como reagir ao saber que sua família possui esse poder e que agora chegou sua hora de aproveitar suas benesses? Perguntas como essas poderiam ser facilmente respondidas em um dos melhores filmes com viagem no tempo (não por ser fisicamente correto) já feitos.

Questão de Tempo é uma obra linda que mergulha nas complexidades do tempo, do amor e da vida de uma maneira surpreendentemente sincera e encantadora. Dirigido pelo renomado cineasta Richard Curtis (Mamma Mia! Here We Go Again), o filme apresenta uma abordagem refrescante ao gênero de comédia romântica, combinando elementos de fantasia e drama de forma habilidosa e cativante.

A trama segue a jornada de Tim Lake, interpretado por Domhnall Gleeson (Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker), um jovem advogado que descobre que os homens de sua família têm o poder de viajar no tempo. Munido dessa habilidade extraordinária, Tim decide, não surpreendentemente, usar seu dom para melhorar sua vida amorosa. Entre tentativas desastrosas e recheadas de vergonha alheia acaba encontrando o amor na forma de uma fã da Kate Moss. Mary, vivida lindamente por Rachel McAdams (Meninas Malvadas), é uma editora de livros que conquista o coração de Tim e o leva a fazer de tudo para ter o relacionamento perfeito com ela. No entanto, à medida que Tim manipula o tempo para criar o cenário perfeito para seu romance, ele se depara com as consequências imprevistas de suas escolhas e o peso que a viagem no tempo tem.

O roteiro de Richard Curtis é um dos pontos altos do filme, apresentando diálogos inteligentes, humor sutil, bem britânico, e reflexões profundas sobre a natureza do tempo e o significado da felicidade. Curtis consegue equilibrar habilmente os momentos de humor e ternura com temas mais sérios, criando uma narrativa envolvente que ressoa com o público.

O elenco entrega performances memoráveis, com destaque para Domhnall Gleeson e Rachel McAdams, que têm uma química que transborda da tela. Gleeson traz uma vulnerabilidade cativante ao papel de Tim, enquanto McAdams irradia charme e carisma como a encantadora Mary. Impossível não se apaixonar por esse casal a medida que o relacionamento se desenvolve. Além do elenco principal, Questão de Tempo também se beneficia de um elenco de apoio incrível, incluindo Bill Nighy como o pai de Tim. Nighy entrega uma performance incrivelmente carismática e comovente, trazendo uma dose extra de humor, humanidade e dono de uma das cenas mais emocionantes do filme inteiro.

Visualmente, Questão de Tempo é deslumbrante, com belas paisagens da costa britânica e uma cinematografia elegante que captura a magia e a nostalgia do tempo. A trilha sonora, composta por Nick Laird-Clowes, complementa perfeitamente a atmosfera do filme, evocando uma sensação de encantamento e romance, acrescentando de músicas que ficam marcadas no público tais como “How Long I Will Love You” e “Il Mondo”.

Além de seu apelo estético e narrativo, Questão de Tempo também oferece uma mensagem inspiradora sobre a importância de aproveitar o momento presente e valorizar as pequenas alegrias da vida. Ao explorar temas universais como amor, família e arrependimento, o filme convida o público a refletir sobre suas próprias escolhas e prioridades na vida.

No geral, Questão de Tempo é uma obra cinematográfica encantadora e comovente que conquista o coração do espectador com sua história envolvente, performances cativantes e mensagem inspiradora. Com sua abordagem original e sensível, o filme se destaca como uma adição memorável ao cânone do cinema romântico contemporâneo.

 

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

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