Crítica | Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker (Star Wars: Episode IX – The Rise of Skywalker)

Nota
3

“Enfrentar o medo é o destino de um Jedi.”

Se passou um ano desde a batalha entre a Resistência e a Primeira Ordem, em Crait,Rey segue seu treinamento Jedi com a General Leia, apesar de ainda viver um enorme conflito com seu passado e futuro, e temer as consequências de sua complexa ligação com Kylo Ren. Enquanto isso, o jovem Skywalker vive um conflito com a Força, que ocorre justo quando o temível e lendário Darth Sidious ressurge das cinzas, querendo retomar seu posto como Imperador Palpatine.

Depois de anos de espera, é chegado o momento da conclusão da trilogia sequela, a tão esperada conclusão da trilogia que foi iniciada em 2015 por J. J. Abrams, e acabou voltando para as mãos do executivo, que assume roteiro e direção do longa. Mas o trabalho praticamente exemplar que J.J. fez em Despertar da Força parece ter ficado no passado, já que o diretor parece não ter aprendido com seus erros e levou A Ascensão de Skywalker a tomar um caminho ainda mais desagradável. O roteiro, que tem colaboração de Chris Terrio, parece, em certos momentos, ser livremente inspirado no roteiro de O Retorno de Jedi, resgatando certos elementos chaves do longa que fazem o filme ficar tão parecido que se torna vergonhoso, por outro lado, é em suas diferenças que acabamos encontrando as melhores partes da trama.

Parecendo o resultado de um bate-boca entre diretores, o discurso de A Ascensão Skywalker parece querer rejeitar a ousadia empregada por Rian Johnson em Os Últimos Jedi, que chegou até a desagradar alguns fãs, construindo uma história que, apesar de manter alguns elementos roteirísticos de seu antecessor, desfaz muito dos conceitos apresentados no episódio VIII e alfineta sem dó as escolhas de Rian. Por outro lado, Abrams acaba não se preocupando hora nenhuma em surpreender o espectador, criando um enredo que é previsível em certos pontos e não se empolga em causar curiosidade, mas mesmo assim salpica a trama com muitas reviravoltas que ora são confortáveis e ora despertam a revolta geral. Talvez essa discordância dos diretores seja a razão de as 2h21min de filme parecerem apressadas, se atendo a jogar um excesso de ideias na tela e tentar justifica-las apenas como “vontade da força”.

Fica claro o quanto Daisy Ridley e Adam Driver se esforçam para entregar toda a intensidade necessária para esta finalização, mas ao mesmo tempo é complicado ver a posição de Ridley tendo que criar uma personagem que, cada vez mais, parece se desenvolver à sombra de Luke Skywalker, parecendo em alguns momentos ser a versão feminina do personagem de Mark Hamill, e mesmo assim consegue criar sua própria identidade, manisfestando sua inocência e sua garra como pontos fortes e se distanciando do padrão imposto pelo roteiro, o que abrilhanta ainda mais a atuação da atriz. Já Driver passa pela maior evolução de seu personagem, que vive nesse filme uma transformação maior e mais intensa do que a evolução que Ben Solo teve em toda a trilogia, caminhando para uma redenção extremamente acelerada e, infelizmente, culminando na conclusão mais desagradável de todos os 40 anos de saga. O longa se fortalece, porém, por conta da nostalgia que nos impõe, seja com as participações especiais de Hamill e de Harrison Ford, ou pela presença de Billy Dee Williams, que retorna ao papel de Lando Calrissian, mostrando sua função dentro da Resistência.

O mérito de presença mais emocionante fica, no entanto, nas mãos de  Carrie Fisher, que mesmo ficando claramente deslocada na trama, por suas cenas serem baseadas no reuso de cenas de filmes passados, é homenageada de formas espetaculares no longa, tanto com as cenas de flashback quanto com sua morte, que chega carregada de muitos arrepios e emoções, tendo ainda um ápice com o desfecho de sua personagem, honrando da melhor forma possivel o legado de Fisher. Por outro lado, não temos muito desenvolvimento para os personagens de John Boyega e Oscar Isaac, que apesar de serem tratados como regentes da guerra, que nos guiam a vários pontos da galáxia enquanto fortalecem os rebeldes, não adicionam muito ao longa, talvez por conta de seu pouco espaço em tela ou de suas subtramas aceleradas, que mal nos deixam absorver os fatos e já são deixadas de lado.

O longa se dá, de forma clara, servindo mais de uma sequencia para O Despertar da Força do que de Os Últimos Jedi, deixando claro que Abrams chega não para simplesmente concluir a saga, mas para retomar o controle do que a trilogia se tornou, e ajustar seu curso, deixando de lado toda a trama evolvendo Snoke e Kylo Ren para apresentar Palpatine como um perigo maior, dessa forma usando o finado vilão para catalisar o roteiro e afinar sua mensagem, nos levando à apoteose que pode ter sido planejada pelo diretor desde o primeiro longa e que parecia ter sido distanciada após a influencia de Johnson.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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