Crítica | O Dublê (The Fall Guy)

Nota
4.5

O Dublê chega às telonas como uma promessa de entretenimento genuína, fundindo romance, comédia e ação. O filme se baseia na série dos anos 80 Duro na Queda, trazendo um tom nostálgico e ao mesmo tempo contemporâneo ao mercado cinematográfico já saturado das mesmas histórias. A premissa inicial apresenta o dublê Colt Seavers (Ryan Gosling) voltando a ativa após um acidente que custou sua carreira e um amor, mas se deparando com uma algo mais complicado do que capotamentos de carro programados. Repleta de reviravoltas e humor a trama coloca a prova todas as habilidades de Colt dentro e fora de cena.

A química entre Ryan Gosling (Barbie) e Emily Blunt (Oppenheimer) é inegável, adicionando camadas de carisma à trama e arrancando risadas a cada tentativa de reaproximação. A dinâmica entre seus personagens, Colt Seavers e Jody Moreno, alimenta o romance e a comédia, proporcionando momentos cativantes para o público. No entanto, apesar do talento dos protagonistas, o roteiro oscila em alguns aspectos e entre os gêneros, às vezes perdendo o ritmo mas nada que seja prejudicial. David Leitch (Deadpool 2), conhecido por seu trabalho como dublê em filmes de ação, traz sua expertise para as cenas de luta e perseguição do longa. As sequências de ação são bem coreografadas e visualmente impressionantes, contribuindo para a atmosfera frenética do filme.

Os efeitos especiais, ponto chave do filme, em algumas cenas deixam a desejar, mas acaba sendo algo que se mostra parte da composição da história. Além do casal principal, o elenco de apoio enriquece a experiência cinematográfica, destacando-se performances de Hannah Waddingham (Game of Thrones) e Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass), trazendo seu lado cômico de volta as telas. A trama, embora centrada na busca por um ator desaparecido, também oferece uma reflexão sobre os bastidores da indústria cinematográfica e a importância dos dublês, trazendo uma luz sobre esses trabalhadores que acabam sendo esquecidos completamente por quem os vê em tela.

No entanto, O Dublê enfrenta desafios em equilibrar seus diferentes elementos, resultando em um filme que, por vezes, parece excessivo em suas ambições. A tentativa de mesclar romance, comédia (sendo capaz de trazer piadas desnecessárias em algum momento) e ação nem sempre atinge o equilíbrio desejado, levando a momentos de desconexão e falta de coesão. A trama de mistério, embora intrigante inicialmente, acaba por se perder em subtramas desnecessárias e reviravoltas confusas.

Em suma, O Dublê oferece uma mistura divertida de romance e ação, impulsionada pelo carisma de seus protagonistas e pelas habilidades técnicas do diretor David Leitch. Embora enfrente desafios em sua narrativa e ritmo, o filme proporciona uma experiência cinematográfica satisfatória para aqueles que buscam uma dose de entretenimento escapista.

 

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

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