Review | Lucifer [Season 4]

Nota
4

“Como sabem, Lúcifer era o anjo preferido de Deus… Até que tudo mudou”

A nova temporada de Lucifer chega a Netflix em uma só tacada, com 10 episódios prontos para serem deliciados. A temporada se situa apenas um mês após a fatídica revelação de  A Devil of My Word (3×24), e estamos vendo todas as consequências de Decker ter visto a verdadeira face de Lúcifer, Charllote ter morrido e Amenadiel ter voltado a Cidade de Prata.

A temporada tem em Everything’s Okay uma introdução que nos situa rapidamente no que está por vir, jogando-nos num loop onde vemos o diabo descendo ao fundo do poço em ansiedade. Também nos é explicado que Chloe tirou férias, para processar o que descobriu, e desapareceu neste último mês, numa viagem pela Europa. Vemos também que Maze está sofrendo com o peso em sua – praticamente inexistente – consciência, já que acabou pisando na bola feio com Trixie e destruindo nossos corações. A estreia da temporada ainda nos mostra a volta de Amenadiel, que percebeu que seu lar não é mais o céu, e precisa achar um sentido para sua vida na terra.

O lado “vilanesco” da temporada fica por parte do misterioso Padre Kininley, que dedicou sua vida a provar ao Vaticano que Lúcifer está na terra e em tentar bani-lo de volta ao inferno, tudo para evitar que uma temerosa profecia se cumpra. E é justamente ele quem encontra a confusa Chloe e passa a coagi-la a tentar atingir o anti-héroi. É também ele quem avisa que no momento em que Lúcifer se deparar com seu primeiro amor, o fim do mundo pode começar, mas quem seria esse primeiro amor? Seria Decker ou Eva?

Está claro, durante esses episódios que a Netflix teve uma sorte estupenda ao pegar a série em sua melhor fase, pronta para ser completamente explorada ao seu potencial máximo depois de uma terceira temporada intensa e uma season finale cheia de cliffhanger. Temos nessa nova temporada toda a trama que esperávamos durante os três anos anteriores: como Chloe vai lidar com o fato de estar apaixonada pelo diabo?

E com a compra da série, o serviço de streaming não só pegou uma mitologia pronta e uma fan-base criada, mas talvez tenha de encontrar seu maior trunfo na capacidade de aumentar a censura, explorando ainda mais o potencial pecaminoso da série, podendo levá-la bem próximo ao ponto de sucesso de Sense8. Porém, erraram ao escolher a grande visitante da temporada: Eva. Temos na mais recente temporada de Sabrina toda uma aula sobre a mitologia de Lúcifer e Lilith, e talvez esse seja o grande erro, colocar Eva e não Lilith como a primeira namorada de Lúcifer, descartando um forte potencial que nunca mais poderá ser devidamente explorado, lembrando que Lilith traria ainda o bônus de uma trama muito melhor para Maze, um arco da demônio reencontrando a mãe que a abandonou.

Acima de tudo, a nova temporada traz muito mais do que faltava nos anos anteriores, a Netflix expande o universo da série e permite muito mais o uso da arte em sua construção de efeitos especiais, principalmente na maravilhosa novidade dada nas novas asas dos anjos dessa temporada. Tom Ellis tem a chance de explorar muito mais de seu personagem, chegando ao ápice da exploração emocional das subtramas e da consciência do diabo; Lauren German ganha uma liberdade e uma malícia maior, pegando-nos pelo coração e nos fazendo sofrer pelos seus atos e traições, logo depois nos fazendo entender seus atos e sentir a sua dor. Lesley-Ann, Kevin Alejandro e Aimee Garcia parecem viver seu pior ano, com uma construção fraca de seus personagens e pouquíssimo tempo de tela.

O arco vivido por Rachael Harris e D.B. Woodside é bem importante para a temporada, mas fica muito nos bastidores, sofrendo intensamente pela pressa e o salto temporal. Ele não é nada explorado, mas consegue chamar atenção no momento certo, e nos tocar, mas de uma forma tão circense que fica difícil engolir em certos momentos. Por fim, temos a chegada de Inbar Lavi, a Eva, que entra para o elenco regular de uma forma tão forçada que nem a temporada inteira consegue captar sua essência. É difícil enxergar uma justificativa para a presença de Eva, e a atuação de Lavi amplia isso, já que vemos a atriz se dedicar de forma ímpar a uma personagem que não tem a mesma força de outros visitantes como a Deusa, Caim ou até Azrael.

Outro ponto bem angustiante é o final da temporada. Lucifer tem muito potencial a explorar, tem muitas dúvidas no ar, mas o final da temporada parece colocar um ponto final em tudo de uma forma que, se a série for renovada, não há como ter uma expectativa do que veremos mais a frente, mesmo que fique claro que temos muito o que ver ainda. Possivelmente, este seja o mais novo sucesso da Netflix.

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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