Review | O Mundo Sombrio de Sabrina [Season 2]

Nota
4.5

Nesta produção original Netflix, vamos conhecer a Sabrina Spellman, uma jovem que vive com suas tias e seu primo na cidade de Greendale. Sabrina é meio bruxa, meio mortal  e em seu 16º aniversário terá seu Batismo Negro e, finalmente, poderá ser totalmente bruxa, só que aceitar ter esse tipo de batismo significa escolher entre o mundo bruxo, de sua família, e o mundo humano, de seus amigos. Após fazer a escolha, na primeira temporada da produção, Sabrina está bem mais segura de si, dos seus poderes e de suas escolhas. Além, é claro, de continuar querendo manter seu lado mortal. Nesta segunda temporada, iremos conhecer uma Sabrina mais sombria, curiosa para conhecer seu passado e perdida no meio de uma conspiração no mundo bruxo. Com a ajuda de seus familiares e amigos, ela terá que resolver esse enigma e mantê-los a salvo.

O que foi dito acerca da primeira temporada continua sendo o principal ponto positivo para essa nova produção, a atualização da história que traz a nostalgia de uma personagem tão querida pelo público. É claro que essa nova roupagem garante uma história mais adulta/teen. E, esta temporada, mais teen do que nunca, até lembra Riverdale, com vários triângulos amorosos, ex-namorado que acaba tendo relação com a melhor amiga da ex. E todo esse desenvolvimento faz com que os primeiros episódios sejam mornos; na verdade, são fillers, o arco narrativo importante vai se desenvolvendo a partir do 4º episódio da temporada.

A Sabrina, interpretada pela Kiernan Shipka, volta a dar às caras aqui. A atriz entrega novamente tudo o que gostamos de ver em um personagem: empatia, amadurecimento, sagacidade, humor. A personagem é bastante desenvolvida nesta temporada, é possível conhecer seu lado bruxo mais intimamente, e isso torna o seu tempo de tela bastante interessante. E isso é importante, afinal ela é a protagonista. Uma outra personagem que se destaca bastante nesta temporada é a Susie Putnam/Theo, interpretadx por Lachlan Watson, que traz um processo de transição sexual. É importante percebemos nos discursos do/a Susie/Theo como é não se reconhecer no próprio corpo e o quão difícil é passar por este processo. Com certeza, é um assunto que precisa ser discutido; outro fator importante é que a\o Lachlan Watson é uma pessoa não-binária interpretando um personagem LGBTQI+. Essa representatividade é relevante e acaba sendo potencializada numa série teen, pois é importante levar aos telespectadores esse tipo de reflexão/discussão.

Outra personagem que se destaca neste segundo ano da série são as Irmãs Estranhas. A Prudence, após ser vista pelo Padre Blackwood como filha, tem um tempo de tela bem maior e é possível conhecer todos os seus defeitos, tornando-a bem mais humana. Tia Zelda também teve um bom desenvolvimento, através de sua relação com o Blackwood foi possível levantar uma discussão importante: as relações abusivas. Mesmo com tantas surpresas boas, ainda é possível encontrar algumas falhas, como, por exemplo, o Harvey Kinkle (Ross Lynche), que cria uma relação, digamos, “estranha/inesperada” com Roz (Jaz Sinclair). Muito provavelmente alguns fãs até se questionaram acerca dessa relação. Sem falar que faltou química para dar um toque de verossimilhança à relação dos dois.

Como um todo, este segundo ano de As Aventuras Sombrias de Sabrina se saiu bem, apesar da lentidão dos primeiros episódios. E as questões deixadas no ano anterior foram bem amarradas aqui. Saindo um pouco da questão estrutural, vários assuntos são tratados na temporada, como, por exemplo, relacionamento abusivo, transição sexual, religião, poder feminino e etc. Porém, o plot principal tem a ver com escolhas. Todos os personagens em algum momento tiveram que fazer determinada escolha e aceitar as consequências que viriam com isso. E sempre tem uma consequência. No fim, apesar de tratar de dramas adolescentes, Sabrina é uma série importante para essa geração mais jovem, principalmente por abordar de forma dinâmica assuntos importantes que precisam ser discutidos, mesmo que usem a fantasia para tratá-los.

 

Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.

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