Crítica | Pânico 4 (Scream 4)

Nota
2.5

“Não suporto isso. Não sabem quando dar fim às sequências, ficam reciclando a mesma porcaria.
Até a cena de abertura, sempre tem uma garota que atende o telefone e toda vez ela acaba sendo morta.”

No décimo quinto aniversário do Massacre de Woodsboro, uma nova geração de jovens Woodsboro se prepara para mais um festival em homenagem ao massacre e a franquia de filmes. Nesse mesmo dia, Sidney volta para sua cidade natal, onde irá começar a turnê de lançamento de ‘Saindo das Trevas’, seu livro biográfico, a mesma cidade onde Dewey Gale estão aprisionados, agora casados, com ela aposentada do jornalismo e almejando escrever um novo livro e ele tendo voltado à policia e sido promovido a Xerife. Mas será que uma nova geração de Woodsboro será capaz de suportar uma nova onda de assassinatos? Quando Sidney chega na cidade, um novo Ghostface surge, provavelmente um aficionado da franquia Facada que resolveu acabar o serviço que Billy Loomis não finalizou no primeiro Facada.

O novo longa vem pronto para avacalhar de vez com todo o novo conceito de terror, ele surge, com roteiro de  Kevin Williamson (que foi responsável pelos maravilhosos Pânico e Pânico 2, mas teve na sua ausência de Pânico 3 a possível motivação do fracasso) temos a tentativa de trazer uma nova versão de Pânico para uma nova década de fãs do terror. Brincando primariamente com as franquias intermináveis, temos uma introdução atualizando o que aconteceu com a franquia Facada, que teve seus três primeiros filmes baseados nas desventuras de Sidney mas, após a garotar ameaçar a produção com processos, começou a inventar histórias que levaram a um Facada 5 com viagem no tempo e um Facada 7 que se inicia com seus personagens assistindo Facada 6, criticando a forma como as franquias (como Jogos Mortais) perdem completamente o sentido a medida que a quantidade de filmes se torna mais relevante que a qualidade. Depois de vermos camadas de um filme dentro do outro, começamos a enxergar um filme onde a motivação do assassino é a existência do filme anterior, nos levando a refletir não mais sobre as regras das sequências, mas nas regras de um remake, que é claramente onde esse filme parece se encaixar.

O longa começar, seguindo o clichê, com a volta às origens, nos levando de volta a Woodsboro, onde conhecemos Jill, a ‘protagonista’ predestinada a ser ‘a sobrevivente final’, que representa o papel que Sidney teve no primeiro filme e, coincidentemente, é a prima de Sidney; temos Olivia, Kirby, Jenny e Marnie as quatro amigas da protagonista que estão predestinadas a morrer pouco a pouco; Trevor, o namorado suspeito que persegue a protagonista e tem tudo para ser o assassino; Charlie Robbie, os aficionados pelo cinema de terror que surgem com os comentários e as regras, assim como Randy fazia no original; e Judy, a policial estranha que surge como suspeita em alguns momentos e desconfia de todos, até das vítimas, extremando um pouco o que Dewey fez no primeiro filme. Mas, obviamente, não adianta trazer um elenco completamente novo, focar a trama toda neles, que o foco do enredo nessa franquia é, e sempre será, no nosso trio de ouro: Sidney, Dewey e Gale, que apresentam uma sintonia ainda mais nesse filme, com toda a tensão que existia entre Sidney e Gale dissipada e toda a química de Gale e Dewey consolidada. O longa parece tirar o mundo deles, que estava calmo e quase tedioso, de orbita, os separando completamente para os unir no momento certo, reacendendo o fogo nos olhos de Gale, renascendo a valentia no peito de Sidney e reavivando a coragem que nos amávamos ver em Dewey.

Apesar de o longa ter a volta de Williamson ao roteiro e manter a direção nas mãos de Wes Craven, ele é claramente uma das piores escolhas da franquia. As atuações de Neve Campbell, David Arquette e Courteney Cox são, com toda a certeza, o ponto alto do longa, o trio mostra que nunca estará fora de forma para viver o trio de ouro e que está pronto para, filme após filme, brilharem, lutarem, encarar o assassino e rir da cara do perigo. O problema do elenco surge com as novas adições. Temos o subaproveitamento de Kristen Bell, que tem todo o material para brilhar num filme de terror mas surge apenas como uma participação, no trailer de Facada 7, onde rouba a atenção e nos faz questionar o por que não usa-la realmente no longa; temos ainda a chegada de Emma Roberts (como Jill) para um dos piores papeis de sua carreira, Jill tem um personalidade que parece começar sendo complexa, mas aos poucos vai mostrando ser, na verdade, extremamente mal construída. A garota tem uma bipolaridade extremamente incomoda, hora odiando o fato de Sidney estar na cidade, hora se desculpando e se mostrando a frágil vítima que quer se proteger.

Rory Culkin (o irmão de Macaulay) e Erik Knudsen representam a versão mais inútil de Randy, assumindo um papel de uma forma vergonhosa, que nos faz refletir que Jamie Kennedy foi relevante até em Pânico 3, onde ele aparece em uma fita por estar morto, e essa dupla não consegue nem chegar aos pés disso. Hayden Panettiere surge como uma revelação dentro do clichê da trama, sendo Kirby a menos suspeita e ao mesmo tempo a mais ativa dentro do filme, uma entrega singular que quebra a estrutura do longa de uma forma agradável. Nico Tortorella surge com um dos papeis mais inúteis do longa, sendo nosso principal suspeito mas não tendo nenhum desenvolvimento, algo deprimente. Mas o prêmio de pior personagem do longa fica para o Ghostface, o personagem parece extremamente errático durante todo o longa, não há um sentido em sua ação e, quando a pessoa por trás da máscara é revelada, percebemos que este é o assassino com a pior motivação que existe, lembrando sempre que tínhamos em Stu o posto de pior motivação da franquia, nos levando a concordar com uma frase clássica de Meninas Malvadas proferida por Regina George, ‘Dizem que você é uma versão menos gostosa de mim”, sim, Pânico 4 é uma versão (extremamente) menos gostosa de Pânico.

“Tá na cara que é um fã de Facada, evitando uma sequência e trabalhando numa refilmagem […]
Existem ainda umas regras, mas elas foram mudadas. O inesperado é o novo clichê. […]
O público de hoje conhece as regras dos originais, por isso a inversão se tornou o novo padrão.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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