Crítica | Pânico 2 (Scream 2)

Nota
4

“Facada 2? Quem faria isso? Sequências não prestam.”

Dois anos se passaram, Sidney Prescott saiu de Woodsboro e agora está fazendo faculdade na Universidade de Windsor, Dewey Riley foi afastado da polícia após ficar com uma limitação motora por sequela de sua quase morte, e Gale Weathers escreveu um livro baseado no caso de Woodsboro, um bestseller que foi adaptado em um filme. No dia da estreia de Facada (Stab), o filme baseado no livro de Gale, um novo Ghostface surge, matando dois alunos de Windsor e reiniciando a onda de assassinatos ao redor de Sidney.

O novo longa, que novamente é roteirizado por Kevin Williamson e dirigido por Wes Craven, parece fazer de tudo para repetir a formula que fez Pânico ser um sucesso, com diferenças sutis  que amadurecem a trama de uma forma espetacular e trazendo novas piadas que brincam com o próprio roteiro e tornam seu desenrolar ainda mais excepcional. O longa inova completamente com mais um inicio que marcou a história do cinema, trazendo a excepcional Jada Pinkett Smith no corpo de Maureen Evans. Maureen é a primeira vítima do novo assassino, sua morte acontece ao mesmo tempo que a tela do cinema exibe uma encenação da morte de Casey Becker, trazendo uma metalinguagem excepcional ao exibir duas cenas que marcaram a historia do terror acontecendo ao mesmo tempo. O roteiro pega pesado quando o assunto é dar uma continuidade precisa para a trama finalizada do primeiro longa, principalmente quando nos mostra que as novas vítimas tem ligação com as mortes de Woodsboro e mostra Cotton Weary se reerguendo, se aproveitando de toda a fama que ganhou ao ser inocentado e perseguindo Sidney para tentar aumentar ainda mais esse proveito.

“Agora vamos observar as regras de uma sequência:
Primeira, a contagem de corpos é sempre maior.
Segunda, as cenas de morte são sempre mais elaboradas […]
Terceira, se você quiser que a sua sequência vire uma franquia, nunca, nunca…”

O novo longa traz uma nova fase para a personagem de Neve Campbell, que parece bem mais destemida e madura, o que parece provar uma evolução palpável da atriz e da personagem. A relação de Sidney e Gale volta a ser acida, o que torna a evolução da relação das personagens ainda melhor, e nos permite sentir que uma amizade começa a surgir sinceramente, assim como o romance entre Gale e Dewey se fortalece magistralmente. A personagem de Courteney Cox está mais inabalável, ela se tornou uma dama de ferro e uma referencia em sua profissão, sendo muito mais incisiva nas suas ações, logo passando por uma deslumbrante mudança quando, com o surgimento do assassino, sua força se esvai e ela se torna muito mais vulnerável e disponível a abrir seu coração para quem realmente está ao seu lado. Jamie Kennedy acaba tendo pouco espaço nesse filme, tendo seu Randy apenas o papel de começar as clássicas piadas dos clichês do cinema, mas logo sendo deixado de lado. Algo parecido acontece com David Arquette, que volta a muito mais vulnerável mas tão protetor quanto antes, vulnerabilidade que parece fazer ele ficar em segundo plano na trama, mesmo quando ele é tão essencial, mas isso não impede o personagem de passar por uma discreta evolução e ser extremamente relevante no caminho trilhado por Sidney e Gale.

O novo assassino faz Sidney, Gale, Randy e Dewey se unirem para se proteger, garantindo os marcantes discursos de Randy sobre os clichês de filmes de terror, que fez bastante sucesso no original, e trazendo bastante piadas envolvendo o elenco de Friends (como o fato de David Schwimmer ter interpretado Dewey em Stab e os nudes vazados de Gale ser uma montagem do rosto dela no corpo de Jennifer Aniston), o que parece ser uma brincadeira com o fato de Cox (a Mônica de Friends), ser a interprete de Gale. A produção consegue repetir o sucesso de seu antecessor e se tornar uma divertida piada sobre os clichês de filmes de terror, quase como uma sátira, rindo das péssimas sequências de filmes do gênero e tendo tato suficiente para não se tornar vítima do mesmo destino, concebendo um filme tão engenhoso que fortalece ainda mais a reputação cult, muito bem merecida, de Craven e da franquia.

“- Ela morreu?
– Eu não sei, eles sempre retornam.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *