Crítica | Pânico (Scream)

Nota
5

“Você gosta de filmes de terror? […] Qual seu filme de terror predileto?”

Numa noite qualquer, Casey Becker (Drew Barrymore), uma a estudante de ensino médio, recebe o telefonema de um desconhecido, uma ligação que começa divertida vai se tornando um dialogo sádico e ameaçador, o que leva Casey a um jogo sobre seu conhecimento de terror até ver seu namorado, Steven Orth, ser assassinado e, logo depois, a faz ser atacada e morta. O caso faz a cidade de Woodsboro ser povoada por jornalistas e uma grande investigação policial ser iniciada, mas o Ghostface ainda tem outros alvos em mente, e Sidney Prescott (Neve Campbell), assim como seus amigos, estão prestes a viver o maior pesadelo de suas vidas.

Inspirado no caso Gainesville Ripper,  Kevin Williamson resolveu escrever “Scary Movie”, um roteiro que trazia todo o espirito slasher de terror, que havia morrido nos anos 80 depois de viver um enorme sucesso na década de 70, na forma de um novo e icônico vilão, com um tom muito mais misterioso e satírico. A proposta logo foi comprada pela Dimension Films, onde encontrou a direção criativa dos irmãos Weinstein e a direção de Wes Craven, três executivos que se uniram a Williamson para extrair o melhor do roteiro, transformando num filme sublime, capaz de trazer o gênero slasher de volta a vida nos anos 90 e o levar de volta ao seu auge, sendo posteriormente rebatizado de Scream. Com cenas que mesclam o assustador com sátiras aos clichês dos filmes de terror, o longa criou um brilhante conceito de longa onde seus personagens se mostram cientes da existência de filmes de terror no mundo real.

Sidney rapidamente se torna a protagonista perfeita, faltam poucos dias para o aniversário de um ano do assassinato de sua mãe, do qual ela foi a única testemunha, o que fez a garota ser a testemunha chave da investigação e a levou a conhecer Gale Weathers (Courteney Cox) , uma jornalista de tabloide que acredita que Sidney acusou a pessoa errada e vem escrevendo um livro sobre o caso, sendo uma das jornalistas que chegam na cidade por conta dos ataques. Um dos principais investigadores do caso é o sub-xerife, Dewey Riley (David Arquette), que conhece Sidney há anos e é o irmão da melhor amiga de Sidney, Tatum (Rose McGowan), o que o torna o maior protetor da protagonista. Entre as possíveis vítimas e principais suspeitos temos todos que rodeiam Sidney, desde Dewey e Gale, até Billy Loomis (Skeet Ulrich), o mal encarado namorado de Sidney; Stu (Matthew Lillard), o sem noção namorado de Tatum; Randy Meeks (Jamie Kennedy), um aficionado em terror que nutre uma paixão por Sidney; e Neil Prescott (Lawrence Hecht), o misterioso pai de Sidney, que desapareceu pouco antes de os assassinatos começarem.

Brincando o tempo todo com os clichês de terror, temos no longa diversos momentos de vocalização metalinguísticos, onde vemos os personagens dialogarem sobre os clichês do terror e até fazerem piadas desses padrões, chegando até a fazer piada de clássicos como Sexta-Feira 13Halloween e com a marcante carreira de Jamie Lee Curtis, que a fez ganhar o título de “Scream Queen”, escolhas que constroem toda a premissa que fez de Pânico logo alcançar o “status cult” e se tornar um sucesso de crítica e publico, marcando uma mudança no gênero ao se tornar o primeiro slasher a contar com um elenco de conhecidos com ampla carreira. Outro grande ponto do filme é a trilha sonora de Marco Beltrami, que logo marcou a história do terror com suas notas intrigantes e incrivelmente climatizantes, além de toda a fotografia do longa, que nos envolve em um cenário aconchegante, nos imergindo na calmaria de Woodsboro, para logo depois nos tirar de orbita com toda a adrenalina injetada a cada momento que o Ghostface surge em tela, cometendo seus assassinatos de uma forma prática, fugindo do gráfico e ainda assim sendo frio e brutal.

Com seu ápice trash no seu último ato, o longa faz da sua cereja do bolo uma das tramas mais tragicômicas possivel, marcando para sempre os anais da cultura cinematográfica e deixando claro a que veio. Pânico foi um filme inovador que tinha tudo para ser só mais um, mas ele fugiu do padrão e garantiu que o gênero do terror e a trama dos slasher mudasse completamente e permanentemente. Hoje é impossível pensar em terror que una slasher, comédia, metalinguagem e uma trama tão inteligente e não colocar Pânico como o primeiro exemplo.

“Existem certas regras a serem obedecidas para que se possa sobreviver com sucesso num filme de terror […]
Número um, nunca se pode transar […]
Número dois, nunca se pode beber ou usar drogas […]
Número três, nunca, nunca, sob circunstancia alguma, diga ‘eu volto já!’.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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