Crítica | Sexta-Feira 13 (Friday the 13th) [1980]

Nota
4

Jovens com os hormônios a flor da pele em um acampamento de verão, o que poderia dar errado? Quando estamos em um filme de terror, tudo pode dar errado, e esse padrão foi difundido principalmente por conta de um longa: Sexta-Feira 13. Chegando para marcar uma geração e mudar a história dos filmes de terror, o filme que introduziu Jason Voorhees ao hall da fama da história do gênero consegue nos envolver com todo seu mistério e superar o patamar de terror.

A trama inteira se introduz com Claudette e Barry, dois monitores do Acampamento Crystal Lake que são assassinados em 13 de junho de 1958, após se isolarem para um encontro mais intimo. 10 anos após a morte, Steve Christy resolve reabrir o acampamento e contrata novos funcionários, mas uma tempestade numa sexta-feira 13 faz um pesadelo começar, colocando em risco a vida de Marcie, Jack, Ned, Brenda, Bill e Alice, os novos monitores, que chegaram ao Acampamento para iniciar a preparação para a reabertura e se deparam com um serial-killer pronto para impedir que os planos de Steve se concretizem.

O longa brinca com nossa atenção ao esconder seu assassino, não sentimos medo de Jason, não sentimos tensão no ar, mas sentimos a curiosidade de saber sua aparência, sentimos o desejo de ver suas vítimas e somos envolvidos por Overlay of Evil, instrumental de Harry Manfredini que marca a presença do assassino do filme e nos avisa que uma morte está prestes a acontecer. O filme, que buscou embalo no sucesso de Halloween e conseguiu, explora a fundo uma mitologia singular, achando uma base forte e cruel numa data amaldiçoada, e brincando com seu elenco ao não aprofundar nenhum deles, nos permitindo sentir o desapego do assassino, ao ver mais um sendo morto.

Apesar de toda a superficialidade do elenco, é impossível não notar o maravilhoso desempenho de Betsy Palmer, que mesmo aparecendo pouco tempo consegue dar um show de atuação, indo fundo na sua personagem e nos surpreendendo de uma forma singular, o mesmo se dá com Adrienne King, que passa boa parte do filme sem muito brilho, se desenvolvendo aos poucos e disfarçadamente, e nos levando ao ápice no momento que a vemos confrontar o seu carrasco, tendo uma evolução instantânea, mostrando que o mocinho pode ser feito de momentos, sem aquele evidente prediletismo que é comum em tantos filmes.

O longa chega para provar que Sean S. Cunningham aproveitou bem o contato com Wes Craven e é capaz de fazer cinema pra valer, garantindo todo o brilho que o roteiro de Victor Miller precisa, ainda sendo capaz de colocar a cereja no bolo com seu ato final surpreendente, dando o pontapé necessário para o nascimento de uma das franquias mais marcantes da história do cinema. No fim das contas, Sexta-Feira 13 se tornou um ‘vinho cinematográfico’, sendo amplamente detratado em sua época, principalmente por nos levar a torcer pelo assassino e por sua construção técnica ineficiente para a época, mas que acabou envelhecendo tão bem que se tornou referencia atualmente e base para tantos outros filmes de ‘assassinatos no acampamento’ e, devo dizer, um vinho bem delicioso de se degustar, com notas da trilha instrumental envolvente e de seu antagonista tão forte, que nos conquista mesmo com sua ausência.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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