Crítica | Jogos Mortais 3 (Saw III)

Nota
3

“Olá, Dra. Denlon. Você pode não lembrar de mim, mas com certeza eu me lembro de você.”

O tempo está passando, John Kramer/Jigsaw está cada vez mais perto de morrer, o que motiva ele e sua aprendiz, Amanda Young, a colocarem a Dra. Lynn Denlon como peça chave no último jogo sangrento da vida do assassino, raptando e levando a médica para um armazém abandonado, onde ela recebe um colar mortal e a tarefa de manter o maníaco vivo enquanto cordena o teste de Jeff Reinhart, que precisa vencer Jigsaw em seu jogo se quiser sobreviver, garantindo a salvação também de Lynn. O que ninguem sabe ainda é que Jigsaw tem um plano muito maior e mortal.

Começando do exato ponto que o anterior terminou, o novo longa parece determinado a usar seus primeiros minutos para renovar o elenco, eliminando rapidamente os policiais protagonistas ao mesmo tempo que exibem um bufê de brutalidade em tela. Com roteiro de Leigh Whannell e direção de Darren Lynn Bousman, o terceiro filme da franquia Jogos Mortais afunda ainda mais na tenebrosa espiral da brutalidade, abandonando cada vez mais o viés filosofico (que parece refletir um claro conflito ideologico de Bousman com Whannell e James Wan). O longa quase não foi produzido devido à escolha dos três executivos, mas acabaram mudando de ideia quando o produtor Gregg Hoffman faleceu, decidindo dedicar o longa ao produtor e construir uma história mais intimista, construindo uma relação pai e filha entre John e Amanda, mostrando um enredo mais emocionante e amoroso, mesmo que nos moldes brutais da franquia.

Seguindo um novo caminho, diferente dos filmes anteriores, a trama parece se empenhar em contar duas histórias paralelas, que apesar de terem uma conexão direta revelada no segundo ato, seguem independentes, como se fossem dois filmes diferentes, dando uma clara impressão de que a jornada de Jeff lembra muito os aspectos do primeiro longa e a jornada de Lynn carrega a brutal assinatura de Bousman, vista no segundo filme. Obviamente, a jornada que mais envolve o espectador é a de Jeff, que é interpretado habilmente por um Angus Macfadyen intenso, a jornada do pai que perdeu o filho após um acidente e precisa encarar as pessoas envolvidas na diminuição da pena de Timothy Young, um homem que atropelou o filho de Jeff enquanto dirigia bêbado. Bahar Soomekh, interprete de Lynn, poderia ter despontado facilmente com toda a carga dramática que lhe foi oferecida, mas o que realmente se destaca nesse lado da história é Shawnee Smith com todo o aprofundamente que o longa da a Amanda, nos fazendo conhecer seus medos, suas motivações e até sua jornada desde o momento que se tornou aprendiz de John.

Complicado e agridoce, Jogos Mortais 3 tem muito do espirito que agradou no primeiro longa, mas o excesso de gore o prejudica bastante. A dinâmica do filme de possuir dois lados sendo contados simultâneamente pode até ajudar na construção da maravilhosa reviravolta final, que une todos os pontos e nos lembra do inesperado apice do primeiro filme, mas a forma como uma desses histórias é contada prejudica muito o envolvimento, o longa não tenta criar nossa empatia com Lynn ou com Amanda, mas consegue facilmente nos conectar com Jeff. É inegavel que o longa tem um final realmente impactante, envolvente e emocionante, mas até onde os fins primorosos poderiam justificar meios mediocres? Até onde é aceitavel que o longa tenha um desenvolvimento que não agrada ao custo de entregar um final que surpreenda a audiencia? Tobin Bell é o astro da pelicula, mostrando que está em conexão com os roteiristas e sabe, mesmo sem muitas informações sobre o destino do roteiro, entregar as falas certas para a construção que Whannell queria entregar, fica só aquele gostinho amargo, que desejava ver um filme menos explicito e sente falta da narrativa poderosa que Whannell e Wan souberam entregar no inicio da franquia.

“As regras do nosso jogo são bastante claras, você devia seguir essas regras.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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