Crítica | Jogos Mortais 2 (Saw II)

Nota
3.5

“Olá, Michael. Eu quero jogar um jogo.”

Quando Michael Marks, um informante corrupto da polícia, surge morto vítima de uma armadilha em forma de máscara mortal, o Detetive Eric Matthews (Donnie Wahlberg) cujo nome é encontrado escrito em uma das paredes da cena do crime, inicia uma investigação, tentando decifrar quem é o autor desse assassinato bárbaro com resultado sangrento, um assassinato que muito provavelmente é o misterioso Jigsaw, um assassino notório que desapareceu há um tempo. Agora, cabe a Matthews tentar solucionar esse caso enquanto, para a surpresa do investigador, Jigsaw está agindo novamente, com um jogo que colocou oito pessoas em uma casa com um gás mortal sendo lançado, que fará todos sangrarem por todos as partes do corpo e cujo antídoto está em diversos pontos da casa, o que essas pessoas não sabem é que sete dessas pessoas tem uma conexão obscura com o Detetive Matthews e o oitavo é Daniel Matthews, o filho do detetive.

Após o sucesso de Jogos Mortais, a Lionsgate decidiu que o filme precisava de uma sequência, e foi assim que nasceu, um ano depois, Jogos Mortais 2, contando com a volta de Leigh Whannell, agora com o apoio de Darren Lynn Bousman, que dirigiu e co-roteirizou o longa, e um pequeno afastamente de James Wan, que decide ser apenas produtor da pelicula. Muito mais complexo e linear que seu antecessor, o longa deixa de lado o sigilo de Jigsaw e traz Tobin Bell para a tela, num embate psicologico com o detetive interpretado por Wahlberg que nos deixa numa apreensão sem tamanho, mas que não deixa de ser tão intricadamente planejado quanto seu antecessor. Apesar de não focar muito no uso de flashbacks, o longa consegue conectar os pontos de sua trama no momento certo, criando um enredo que caminha com suas próprias pernas e brinca com o expectador, deixando claras suas intenções através de falsetes que passam despercebidos durante todo o longa e, para o nosso deleite, são completamente revisitados no ato final, como se fossem peças espalhadas que vão sendo unidades para formar um quebra-cabeças.

Bell entrega tudo em sua atuação como John Kramer/Jigsaw, ele é um homem com câncer, como foi mostrado no primeiro filme, e está a beira da morte, mas ele abraçou a morte como sua colega e começou a usar seus jogos para transformar aqueles ao seu redor. Logo no inicio ficamos na dúvida sobre o encaixe das coisas, mas a medida que vai ficando claro o quanto o Detetive é o alvo, as coisas começam a fazer mais sentido, e a tensão começa a ficar ainda mais explicita. Caí no colo de Wahlberg a tarefa de fazer o clima funcionar, tudo gira em torno do desespero de um pai que está cara a cara com o seu nemesis e se vê de mãos atadas ao perceber que aquele criminoso que persegue há tempos é a chave para salvar a pessoa que você mais ama, mas como salvar o filho quando John parece disposto a colocar tantos enigmas em suas frente? Como ter paciencia e encontrar a resposta certa aos enigmas quando seu filho pode morrer a qualquer momento? A surpresa da volta de Shawnee Smith para o elenco, mostrando que sua Amanda foi novamente captura e colocada dentro do jogo, ajuda a guiar os jogadores a entender melhor onde estão, diminuindo o tempo gasto com a incompreensão e a busca pelo entendimento, mas também nos permite conhecer mais a fundo sobre quem é a unica sobrevivente conhecida de Jigsaw, dando muito mais espaço para a atriz desenvolver sua personagem e ao publico se envolver com ela.

Mais violento que seu antecessor, Jogos Mortais 2 esquece seu viés reflexivo e assume um caminho mais sanguinario, esquecendo a premissa de redenção controversa que Wan e Whannell criaram, e que deu um frescor ao gênero quando foi lançado, e escolhendo assumir o típico padrão de terror, que enche seu elenco protagonista de personagens só para aumentar a quantidade de mortes que veremos acontecer em tela. Apesar de ser considerado como o precursor do Torture PornJogos Mortais tinha um foco muito maior no enredo do que nas armadilhas e no sangue, talvez muito por culpa do baixo orçamento e do curto cronograma de filmagens, o que garantiu um maior sucesso no boca a boca por conta da criatividade de Wan, algo que vemos mudar nessa sequência, que começa a dar mais enfase para as armadilhas, seu funcionamento e todo o sangue que envolve sua ativação, fortalecendo o carater Torture Porn que o filme possui. Usando como base The Desperate, um roteiro engavetado de Bousman que acaba sendo adaptado para se encaixar no universo de Jogos Mortais, vemos seu antagonista sendo transformado, engrandecido e sadicalizado pelo roteiro, nos fazendo sofrer junto de seus personagens com desafios dolorosos, como o inquietante Needle Pit e intrigante Razor Box. O longa parece mostrar o efeito que o afastamento de Wan teve na franquia e deixa no ar uma intenção de sequência e um desejo que o controle seja retomado pela dupla que criou a franquia.

“Aqueles que não apreciam a vida, não merecem viver.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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