Crítica | Jogos Mortais (Saw)

Nota
4

“Um cara que gostava de jogos mortais. Eu sei disso, por que para a policia eu era um suspeito.”

O médico Dr. Lawrence “Larry” Gordon (Cary Elwes) e o fotógrafo Adam Stanheight (Leigh Whannell) acordam em um banheiro imundo e descobrem que estão presos pelos pés com uma corrente bastante forte. No meio da sala está um corpo de um homem ensanguentado com um revólver e um gravador nas mãos, que eles acabam usando para tocar as fitas que estão em seus bolsos e descobrir que foram colocados dentro de um jogo terrível contra o tempo em que o médico tem que matar o fotógrafo se quiser ver sua mulher e filha vivas. Larry então se lembra dos boatos que ouviu, sobre um serial killer chamado Jigsaw, que rapta pessoas e coloca-os em armadilhas mortais, oferecendo uma nova chance como reabilitação em troca de eles fazerem alguns sacrificios no percurso da libertação.

Um filme de terror é sempre formado por uma linearidade de fatos que começa nos apresentando os personagens para depois iniciar a problematica antagonista, mas o que aconteceria se essa linearidade fosse completamente quebrada? Essa é a proposta que James Wan trouxe no segundo filme de sua carreira, que marca sua estreia em Hollywood. Atuando como diretor e roteirista, ao lado de Leigh Whannell, Wan pega uma história que já foi introduzida durante um curta-metragem de 2003, feito por ele e Whannell, e expande sua mitologia, criando uma carreira de serial killer para o psicopata por trás de Billy. O longa começa nos apresentando duas vítimas de Jigsaw presos na problematica que vai ser explorada no filme e, pouco a pouco, vai usando cenas paralelas e flashbacks para apresentar os personagens envolvidos na história, contextualizando aos poucos sobre o assassino e suas vítimas e alimentando o mistério por trás do motivo de os dois serem escolhidos e da verdadeira identidade do assassino.

Apesar de Whannell ser co-roteirista do longa e um dos protagonistas, o foco narrativo fica todo nas mãos de Cary Elwes, que na pele de Larry começa a nos contar sobre o contato que ele teve com a história de Jigsaw, construindo toda uma atmosfera que pode até parecer desnecessária na primeira impressão, mas que na verdade está apenas exponda as diversas peças do quebra-cabeça que a produção pretende montar no ato final. Danny Glover no papel do Detetive David Tapp é o investigador responsavel por caçar Jigsaw, é ele quem acaba se aproximando de Larry e quem nos dá toda a história paralela envolvendo os jogos passados de Jigsaw, principalmente o caso de Amanda Young (Shawnee Smith), uma metalinguagem autoconteplativa escolhida por Wan e Whannell, que pegam a história do curta (onde um David interpretado por Whannell foi vítima do assassino) e a reencenação trocando David por Amanda, o que faz com que o longa, de certa forma, absorva o curta para dentro de seu universo.

Com tensão em dose cavalar e bastante reviravoltas, Jogos Mortais mostra a que veio e lança Wan de forma espetacular. Feito com um orçamento de US$ 700 mil em 18 dias, o longa compensa seu visivel baixo orçamento com um roteiro cheio de criatividade, uma boa direção e um bom jogo de câmeras. O longa pode parecer confuso durante seus primeiros atos, mas pouco a pouco a confusão vai se transformando em curiosidade e criam uma expectativa que torna seu ato final ainda mais surpreendente, dando soluções que a primeira vista poderiam ser convenientes, mas que conseguem se justificar por toda a trilha que o enredo vai construindo no decorrer de seus 111 minutos. Wan consegue mostrar toda a sua competencia ao deixar o espectador apreensivo a cada nova revelação, alternando entre cenas que deixam o publico vidrado na cadeira com cenas freneticas, que colocam o publico envolvidos na tensão e na adrenalina dos personagens. Apesar de possuir uma dose alta de violência gráfica e gore, o longa consegue criar uma atmosfera intrigante enquanto desenvolve os personagens, fazendo as cenas de tortura, apesar de incomodas, fazer parte da trama e soar aceitavel.-

“Que comecem os jogos!”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *