Review | YuYu Hakusho [Season 1] (2023)

Nota
3.5

No meio da era dos live actions e das adaptações de anime na Netflix, a próxima vítima… Ou melhor, a mais nova série adaptada é o clássico YuYu Hakusho. Lançado com uma grande concorrência depois de várias adaptações de Cavaleiros do Zodíaco e do grande sucesso de One Piece, a adaptação japonesa da Netflix do clássico anime trouxe diversas novidades para a obra que podem não agradar aos fãs hardcore, mas que podem atrair novos fãs para a obra original. Urameshi Yusuke (Takumi Kitamura) é um jovem delinquente que descobre que está morto após ser atropelado. Após aceitar que está morto, ele permite ser guiado por Botan (Kotone Furukawa) para conversar com Koenma (Keita Machida), que é quem decide quais almas merecem ir para o céu ou para o inferno. Após não chegar a uma conclusão sobre o destino de Yusuke, Koenma resolve ressuscita-lo para que o jovem o ajude a resolver mistérios sobrenaturais que estão acontecendo pelo Japão.

Com um mangá somando de 19 volumes, 112 episódios e 2 filmes de sua primeira adaptação em animação, a série Yu Yu Hakusho consegue decepcionar já no número de episódios, sendo apenas cinco. Quem acompanha as séries japonesas da Netflix desde as primeiras lançadas em meados de 2015, sabe que orçamento não é um grande forte das suas produções. Dito isto, fica claro que esse foi um projeto incerto que eles não sabiam se ia dar certo ou não, e por isso optaram por resumir entre 60 a 70 episódios em 5, o que sem dúvida desaponta os fãs por não adaptar diversas coisas que eles gostariam de ver, e que talvez afaste os novos espectadores por ser uma trama super corrida, mesmo para quem nunca teve contato com a obra.

Produzida por Akira Morii e Kaata Sakamoto, conhecidos pelo sucesso de Alice in Borderland, o show consegue trazer novamente todas as qualidades da produção mais famosa da dupla. Por terem resumido muito da história, o progresso inteiro é bem dinâmico e rápido, mas nunca bagunçado. De alguma forma eles conseguiram construir uma narrativa nova por cima do que já foi feito, muitas vezes misturando elementos de arcos diferentes da obra original em um episódio só e seguindo uma linearidade clássica da Netflix. Um ponto muito forte da série, sem dúvida, são as coreografias de lutas, que conseguem superar até a superprodução que foi One Piece, mas na questão de efeitos, em muitos momentos, fica nítida a diferença de orçamento entre produções, que apesar de Yu Yu Hakusho ter monstros e poderes com CGI que são satisfatórios, a série nem sempre consegue segurar a constância de bons efeitos dando algumas derrapadas em momentos importantes da trama.

As atuações da série são dominadas principalmente pelo seu protagonista, Takumi Kitamura, mais conhecido pela sua participação nos live actions de Tokyo Revengers, que consegue dar um carisma único para o personagem, com aquela atmosfera de baixinho marrento. Quem chama muita atenção também, apesar de não ter tanto destaque, é o Koenma de Keita Michida, que mostra sua versatilidade neste projeto, já que em 2020 foi conhecido não só pelo famoso Alice in Borderland mas também pelo BL Cherry Magic, e agora traz uma versão mais séria do personagem Koenma, que originalmente crescia de criança para uma forma adulta e agora se mantém só adulto.

A produção da série também é um show à parte quando falamos dos seus figurinos. Todos os figurinos foram pensados nos mínimos detalhes, como as roupas de personagens como a Genkai (Meiko Kaji) ou o Kurama (Jun Shison), que foram adicionados tecidos com texturas de flores, que dão um ar requintado às suas roupas. Além de todos os cabelos que foram muito bem pensados, e o trabalho com as perucas da série foi realmente muito bem feito, ainda mais se falando de adaptações japonesas que, por orçamento, preferem muitas vezes usarem o cabelo natural dos atores ao invés de usar perucas coloridas, portanto isso somou pontos aos detalhes. 

Embora haja muitas alterações comparadas a obra original, Yu Yu Hakusho consegue condensar bastante sua história a fim de criar outras narrativas para o clássico. Muitos fãs vão se decepcionar pela falta de adaptação de muitas cenas, mas isso talvez atraia curiosos que nunca tiveram contato com o clássico. Orçamento é um problema, e fica visível em algumas cenas com CGI, mas apesar disso a série é coesa, bem produzida e direta ao ponto, o que deixa em dúvida se os seus muitos pontos positivos a farão ser continuada para próximas temporadas com arcos mais longos ou se será mais uma cancelada e caída ao esquecimento. 

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

1 resposta

  1. Review excelente! Como fã da obra original, realmente a correria toda, ainda mais para adaptar o arco mais famoso do mangá, me deixa preocupado com o futuro da série, mas as coreografias das lutas valem o tempo, pra mim o melhor aspecto dessa adaptação.

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