Review | ONE PIECE: A Série [Season 1]

Nota
5

Rodeada de expectativas e receios desde seu anúncio, chega à Netflix a tão aguardada adaptação em live action da obra-prima do mestre mangaká Eiichiro Oda: ONE PIECE: A Série finalmente está entre nós…e você deveria largar tudo o que estiver fazendo e começar a assistir agora! One Piece é um mangá lançado em 1997 por Eiichiro Oda e, desde então, com mais de 1000 capítulos do mangá e episódios de anime lançados, sempre foram levantadas as possibilidades da produção de um live action para atingir novos públicos e expandir esse universo tão rico e cheio de possibilidades. Porém existia um empecilho: os inúmeros fracassos vindos das péssimas adaptações que obras japonesas acabaram recebendo quando foram transportadas para as telas nesse formato, por não conseguirem transmitir nem 5% de suas fontes originais. Os fãs dessa amada obra não desejavam ver aquilo que acompanharam por pelo menos 20 anos ser destruído gratuitamente, mas tiveram suas esperanças renovadas graças ao mestre Oda, que supervisionou pessoalmente para que a série fosse tratada da forma que ela deveria ser após o seu anúncio de produção pelo serviço de streaming Netflix.

A série estreia com o formato de 8 episódios de aproximadamente 1h cada um e, dentro desse formato, consegue traduzir toda a essência da Saga do East Blue do material original. É importante frisar bem essa parte: a série nada mais é do que uma adaptação da obra original para um formato inédito para ela, tendo total liberdade nessa adaptação para alterar, retirar e acrescentar o que for necessário, mas não perdendo em momento algum o cerne daquilo que faz One Piece ser uma das melhores obras atuais. Aqueles que destinam sua repulsa e purismo a essa, novamente, adaptação, podem ficar mais que tranquilos: a obra original se encontra lá, intocada e sendo adaptada para o anime regularmente.

A escolha do elenco principal se mostrou fantástica desde seu anúncio, mesmo com o receio de alguns, e isso se mostrou gratificante com suas performances em tela. Iñaki Godoy nasceu para interpretar o protagonista Monkey D. Luffy, o carisma que ele exalou desde seu anúncio se mantém durante toda a temporada e é digno de ser aquele que irá se tornar o Rei dos Piratas. A Nami de Emilly Rudd brilha em cada momento em que está em cena trazendo a essência da Gata Ladra e atingindo seu clímax no seu arco principal. Quanto ao Zoro do Mackenyu (Cavaleiros do Zodíaco) é possível ver a essência do Caçador de Piratas na maior parte do tempo, só esperamos que ele não se perca pelo caminho. Jacob Romero (Usopp) e Taz Skylar (Sanji) infelizmente não tiveram tanto tempo em tela quanto os outros três, mas com toda a certeza roubam a cena quando finalmente aparecem, com destaque especial para o Taz e sua encarnação mais que primorosa do Perna Negra.

É preciso trazer como bônus dois personagens que foram perfeitos na sua passagem pela série, mas por aspectos diferentes: o primeiro é Morgan Davies (A Morte do Demônio: A Ascenção) como Koby. A adaptação parece que foi tirada das páginas do mangá, sendo perfeita em todos os sentidos e sem nenhum defeito, seja em caracterização, introdução e personalidade. Coby é o suprassumo da fidelidade. Em contrapartida temos ele, Buggy, o Palhaço, interpretado cheio de pompa por Jeff Ward. Esse Buggy é uma caricatura mais teatral e perigosa do que os fãs já conhecem, elevando o personagem a um novo nível de forma extremamente positiva.

Obviamente é impossível não comparar com o mangá/anime, mas também é interessante colocar lado a lado com outras obras de piratas, como a saga de Piratas do Caribe. A série é mais “palpável” do que o shounen, conseguindo ser mais visceral e realmente mostrando efeitos nús – nesse ponto é preciso falar que realmente existem corpos nús na série, mesmo que em contexto de piada ou de aparição rápida – e crús, tais como ataques que desmembram realmente corpos.

Aos fatos, ONE PIECE: A Série soube transmitir a pegada pirata fantasiosa de uma forma esplêndida, toda a ambientação, cenários, visuais, tudo é um grande espetáculo. O uso de CGI foi bem dosado e trabalhado de forma que não causassem mais estranheza do que fosse necessário, afinal estamos falando da série de um pirata que estica. É visível o investimento não só financeiro como o carinho inserido na série, o cuidado para realmente entregar um produto de qualidade para os fãs de longa data e para os possíveis novos tripulantes dos Piratas dos Chapéus de Palha que venham a descobrir as grandezas desse novo mundo que teve suas portas abertas.

 

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

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