Review | Once Upon a Time [Season 2]

Nota
4

“Não importa o que você faça, eu sempre vou te encontrar.”

Agora que  Emma quebrou uma parte da maldição, os personagens recuperaram todas as suas memórias mas não são devolvidos para à Floresta Encantada, passando a ficar presos dentro dos limites de Storybrooke, onde devem conviver com suas duas identidades e com a chegada da magia, devolvendo a Regina e Gold novamente os poderes de Rainha Má e Rumplestiltiskin. Agora que os dois mundos estão entrelaçados, uma ponte surge permitindo que Cora, a poderosa mãe de Regina, e Capitão Gancho, o pirata que deseja se vingar de Rumple, possam chegar a Storybrooke, ao mesmo tempo que somos apresentados à corajosa Mulan e à doce Princesa Aurora, que Gold precisa restituir sua relação com Belle depois de 28 anos separados, e que uma trama se inicia levando Rumple a encontrar pistas do paradeiro de seu filho, Bae, e abrindo as portas para a chegada de Greg MendellTamara, dois perigosos forasteiros, a Storybrooke.

Depois da extremamente positiva recepção da primeira temporada de Once Upon a Time, a ABC encomendou uma segunda temporada para o show de Adam Horowitz e Edward Kitsis, dando a oportunidade do público se aprofundar em como os personagens de contos de fadas poderiam se adaptar a esse novo mundo, vivendo com duas vidas em paralelo, construindo um novo mundo e lidando com as visitas do mundo externo. Estreando em 30 de setembro de 2012, a série começa a construir novas histórias para o passado dos habitantes da Floresta Encantada ao mesmo tempo que cria novas conexões e apresenta novos personagens, expandindo de forma poderosa a mitologia do show e ramificando de forma surpreendente a árvore genealogica que sustenta o trama da produção. Como se não bastasse a expansão que o show conseguiu alcançar com esse novo ano, a série também faz uma escolha inusitada ao iniciar uma trilha evolutiva para seus maiores antagonistas na primeira temporada, nos apresentando um passado doloroso para Regina e Rumple, enredos que explicam todo o processo de transformação da jovem filha de Cora na temerosa Rainha Má e do covarde soldado na Guerra dos Ogros no mostruoso Senhor das Trevas.

A medida que as tramas vão se tecendo, a densidade da mitologia vai aumentando, dando mais sentido às novas nuances do roteiro, que surgem com flashbacks da Floresta Encantada, de cenas de eventos que se sucederam durante o periodo da maldição e novos rumos que o presente dá a cada personagem, seja em Storybrooke ou na Floresta Encantada. A trama protagonizada por Robert Carlyle ganha cada vez mais ramificações, seja através das peças que vão nos apresentando a construção do relacionamento de Belle e sua fera, em paralelo com a busca de Rumple de reconquistar definitivamente sua amada, ou do reencontro de Rumple e Bae, agora um homem com toda uma história construida e um grande segredo para revelar. Através dessas novas tramas, vamos vendo uma humanidade no fundo da alma de Rumple, uma motivação e um trauma que nos permite entender como o covarde virou A Fera e tudo que ele teve que abrir mão no processo, além de toda dor que ele carrega e do quando o mal o consumiu nessa busca por achar seu filho. Em paralelo vamos conhecendo o passado da personagem de Lana Parrilla, as perdas que ela teve durante sua juventude, a mãe abusiva que Cora foi e toda a transformação da menina apaixonada pelo cavalariço na amarga Rainha Má. O processo de transformação de Regina é palpavel, vamos vendo o seu coração enegrecendo a medida que seu rancor por Branca vai crescendo, sua incursão pelo mundo da mágia e os dilemas internos que ela precisa enfrentar para se ver livre da mãe controladora e entender que se transformou numa vilã no processo.

Barbara Hershey como Cora eleva o nível da maldade da trama, com uma mãe abusiva e controladora, que projeta seus desejos em sua filha e busca muito mais a realização projetada em Regina do que realmente ver sua felicidade, e é essa interação que ajuda a Rainha Má a ganhar uma abertura que permite uma futura redenção. Já Michael Raymond-James no papel de Neal/Bae surge como uma peça capaz de movimentar a trama, seu segredo muda completamente a dinamica da cidade, criando confrontos mais dolorosos em Rumple, que encontra no filho e na amada os mais dedicados a fazê-lo mudar, mas ao mesmo tempo dando ao Senhor das Trevas uma trilha para o inicio do processo de redenção. As escolhas de Sarah Bolger como Aurora e Jamie Chung como Mulan se mostram certeiras, deixando na mão das atrizes a missão de construir uma personalidade completamente nova para duas das princesas mais marcantes da Disney, uma tarefa que elas assumem bem, mesmo que o show não chege a aprofunda-las tanto. A trama em tela se fortalece ainda mais com a chegada de cada vez mais personagens, como JackVictor Frankenstein, Lancelot, Principe Phillip e até do gigante Anton, personagens que adicionam desdobramentos em eventos do passado e do presente e impulsionam as tramas que se desenvolvem em Storybrooke.

Trazendo a magia para expandir os limites da série, a segunda temporada de Once Upon a Time mostra que seus roteiristas estão prontos para extrapolar as expectativas e criar sua própria história, sempre respeitando o material base herdado da Disney. Com vinte e dois episódios de cerca de 45 minutos, a série entende a necessidade de criar um rodizio de vilões para mostrar que nem tudo é tão claro, que nem todos são apenas vilões, seguindo uma vibe que nos lembra os livros de Serena Valentino e dando camadas a cada um de seus vilões, com direiro a evoluções e reconstruções. O processo de transfomação iniciada de Regina e Rumple abre as portas para o publico se conectar melhor com esses vilões desconstruidos, assim como dão o ponta-pé para uma conexão com Gancho, outro personagem antagonista que surge com toda uma desconstrução e profundidade inesperada, deixando um potencial gigantesco para ser desenvolvido numa vindoura terceira temporada. Com um enredo que aborda a busca por vingança, resolução de assuntos inacabados e uma reflexão sobre o verdadeiro poder do amor, Once Upon a Time mostra que é capaz de criar uma continuidade ao mesmo tempo que setoriza sua trama em dois blocos antagonicos, que apesar de homogeneos entregam desafios completamente diferentes e atingem a progressão da produção de formas diversas.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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