Crítica | Vingadores: Era de Ultron (Avengers: Age of Ultron)

Nota
3

“Quem quiser me examinar… não há… cordões… em MIM!”

Após uma invasão bem sucedida a um posto de inteligência da Hidra em Sokovia, os Vingadores preparam-se para comemorar sua recente vitória. Motivado pela terrível visão que teve ao confrontar os poderosos experimentos do Barão Wolfgang von Strucked (Thomas Kretschmann), Tony Stark (Robert Downey Jr.) decide usar o pouco tempo que tem com o cetro de Loki para aprimorar seu mais ambicioso plano.

Junto com o Dr. Bruce Banner (Mark Ruffalo), Tony descobre uma inteligência artificial extremamente avançada dentro da gema do cetro e, secretamente, começa a moldar um sistema de defesa extremamente poderoso para combater eventos semelhantes à batalha em Nova York, que denominam Ultron (James Spader). Inesperadamente, Ultron toma consciência antes do tempo e começa a refletir sobre sua missão, concluindo que para alcançar a verdadeira paz ele precisa destruir não só os Vingadores mas a própria raça humana.

Dotado da mais alta tecnologia Stark e da poderosa consciência que lhe foi dada, o androide dá seu primeiro passo ao atacar a equipe em um momento vulnerável, o que abala ainda mais a união dos heróis. Fugindo com o cetro, ele retorna ao posto de inteligência, onde convoca os gêmeos Maximoff para executar sua mais fria vingança. Com o destino da Terra em jogo e com pouco tempo nas mãos, os Vingadores precisam unir suas forças mais uma vez e impedir a extinção humana pelas mãos calculistas de seu pior inimigo.

O nome Vingadores se tornou um marco cinematográfico, tendo como sinônimo a conclusão bem resolvida de um universo bem amarrado. Não era a toa que a expectativa para o novo volume da saga se mostrasse tão grandiosa, principalmente por levar um nome de peso de uma das melhores sagas dos quadrinhos. O problema se encontra exatamente na expectativa criada, principalmente quando a dada continuação não faz jus a seu nome.

Dirigido e roteirizado por Joss Whedon, Vingadores – Era de Ultron traz um novo capitulo para um universo cinematográfico que conquistou uma legião de fãs mas, enquanto seu primeiro volume trouxe uma urgência épica, esse parece perder sua força conforme avançamos pela trama. O tom mais sombrio procura trazer uma dignidade maior à trama, mas a própria construção do enredo parece pálida e falsa, trazendo um gosto amargo aos que esperavam algo tão apoteótico que se mostrasse digno do nome Vingadores, principalmente quando o longa investe em motivações falhas que repetem erros externos.

Tony Stark é o perfeito exemplo disso. Toda motivação do personagem é impedir um erro futuro e criar uma proteção para tal possibilidade, mas para isso ele insiste em cometer erros repetitivos e não aprender nada com eles, indo contra tudo e todos. Stark regride tudo aquilo que avançou no último filme, trazendo o que existe de pior no personagem que nem mesmo o carisma de seu intérprete é capaz de apagar. Sua jornada se mostra enfadonha e irritante, nos colocando em um loop de sentimentos que esgotam cada vista de paciência em nosso ser para que a historia avance através de seus erros.

Capitão América  (Chris Evans) é subaproveitado, servindo como balança moral da equipe, mas perdendo seu foco em meio ao processo. Os dilemas morais do personagem são tão descartáveis que até mesmo seu confronto ético com Stark apenas arranha a superfície do que poderia ser, talvez por apenas guardar tais questões para filmes futuros. Mas o que nos é apresentado são questões que poderiam ser mais profundas ao construir seu personagem, além das cansativas piadas sobre a boca suja que insistem em repetir durante toda a trama. Thor (Chris Hemsworth) mostra como se unificou à equipe, trazendo ótimos momentos de entrosamento e servindo como alívio cômico nas horas precisas.

Mas nem só de erros se constrói um longa. O filme tem poderosos acertos que se tornam minimamente dignos de nossa atenção. Um deles é a humanização de personagens que pouco conhecemos até aqui, como foi o caso do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) que traz uma das melhores jornadas da trama. São seus medos, incertezas e dilemas que trazem um pouco de vida ao longa, e é exatamente seu arco narrativo que o roteiro precisava para nos deixar mais imersos no que queria nos contar desde o principio, tornando tudo mais pessoal e palpável.

As faces atormentadas do gigante esmeralda ganham uma nova camada, ao acrescentar semelhanças ainda mais próximas entre suas duas personalidades. Tanto Banner quanto O Hulk parecem inverter seus papéis, transformando o doutor em algo tão perigoso quanto aquilo que habita dentro de si, enquanto o esmagador recebe novos laços poderosos que trazem mais humanidade à sua personalidade furiosa. A Viúva Negra (Scarlett Johansson) ganha um merecido destaque. Aprofundando seus relacionamentos e trazendo um lado mais frágil de sua personalidade forte, a personagem mostra que ainda tem muito a nos contar e que, mais do que nunca, merece ter sua história adaptada para um filme solo.

Wanda (Elizabeth Olsen) e Pietro Maximoff (Aaron Taylor-Johnson) são as novas adições ao universo cinematográfico da Marvel. Embora tenham o mesmo desejo de vingança e as mesmas motivações, os gêmeos tem desempenhos totalmente opostos durante o longa. Enquanto Wanda rouba cada uma das cenas e nos deixa empolgados com sua presença, Pietro traz uma presença apática, que o filme não mostra interesse nenhum em aproveitar.

Ultron é um ótimo antagonista. Sarcástico, sagaz e extremamente afiado, o androide soa como uma versão mais infantil e malvada de Tony Stark, e é exatamente nessa semelhança que mora seu valor. Como um filho birrento, Ultron quer se provar e mostrar que não necessita de seu pai para nada, utilizando sua mente distorcida ele seduz, engana e manipula, ao mesmo tempo que parece ingênuo em suas convicções. É um show acompanhar seu desenvolvimento e sua mudança a cada upgrade, trazendo novas camadas ao personagem que, literalmente, está em constante mudança.

Entre erros e acertos, Vingadores – Era de Ultron parece preso em seus próprios cordões. Se o primeiro longa era um filme sobre as diferenças e construção de uma equipe, o segundo se mostra um evento megalomaníaco que, por acaso, é protagonizado por esses heróis. E, embora traga uma ótima base para o universo como um todo, ainda traz um gosto amargo de algo que poderia ser tão melhor se aproveitado corretamente, mas acabou sendo ambicioso demais para seu próprio bem.

“Ultron não sabe a diferença entre salvar o mundo e destruí-lo. Onde acha que ele aprendeu isso?”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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