Crítica | Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe (Renfield)

Nota
3.5

“Desculpe interromper […] Preciso sair de um relacionamento tóxico!”

Robert Montague Renfield é o leal servo do temido Conde Drácula, há anos atrás ele foi ‘presenteado’ com parte do poder de seu mestre em troca de se dedicar completamente a todas as suas ordens, incluindo encontrar as presas para alimentar o vampiro e permitir que ele possa continuar vivendo eternamente. Mas os tempos mudaram, o mundo começou a abrir novas compreensões em Renfield, atraindo-o para um grupo de apoio a pessoas que vivem em relacionamentos abusivos e o colocando diretamente no caminho de Rebecca Quincy, uma policial subjugada em busca de vingança, e Teddy Lobo, um traficante que faz parte de uma poderosa familia da mafia local.

Desde 2014 a Universal Pictures vem tendo dificuldade com suas tentativas de iniciar o Dark Universe, um universo compartilhado rebootando a franquia Classic Monsters, e foi justamente durante o planejamento desse novo universo que surgiu a ideia de Renfield, um filme baseado numa ideia original de Robert Kirkman que traria uma abordagem mais cômica do mundo do Conde Drácula, algo semelhante ao que Taika Waititi fez com O Que Fazemos nas Sombras. O projeto acabou ficando pra trás até que, em meados de 2021, foi desengavetado e Chris McKay foi contratado para a direção do longa, propondo uma mistura de humor e ação para garantir o sucesso da produção, algo que só se fortaleceu por conta de seus protagonistas. Misturando comédia e horror, o longa consegue criar uma identidade bem definida, que junto aos seus efeitos praticos torna tudo inesperadamente divertido, brincando com os poderes de Renfield e Drácula e com a forma como eles conseguem destroçar corpos com uma facilidade absurda.

Nicholas Hoult (Renfield) é o grande astro em tela, ele mostra toda a sua versatilidade ao interpretar o o jovem desajeitado escravizado e toda o contraste que existe em sua vida, um homem que quer viver como um humano comum mas tem um irritante vampiro falando em sua cabeça e o dom de ficar extremamente poderoso quando come um inseto vivo. Cada cena de ação se torna um espetaculo detalhadamente coreografado, com ações desproporcionais e reações conflituosas que arrancam gargalhadas do público, trabalhando o artificio de cabeças voando, braços decepados, tripas expostas e corpos destruidos para ultrapassar o gore e alcançar a comédia, empregando rios de sangue falso que deixarão qualquer fã da clássica franquia Evil Dead extremamente confortaveis. Todo esse poder entre em extremo contraste quando o personagem encara seu mestre, interpretado de forma milimetricamente planejada por Nicolas Cage, que assume de vez a esquisitisse de sua carreira e aceita se tornar a piada para se divertir e divertir ao público, entregando uma atuação exemplar e realizando seu sonho de interpretar Conde Drácula em um filme. A comédia do longa é potencializada por Awkwafina e Ben Schwartz, que, ao serem sugados para dentro da ação mitologica da vida de R, se envolvem em várias piadas, mesmo que seus personagens não sejam os maiores destaques da trama.

Fundindo comédia, terror e fantasia sombria, Renfield é uma diversão caóticamente exagerada banhada de muito sangue, ele pode não ser tão bom quando se espera, mas ainda consegue atingir seu objetivo de divertir e nos presentar com uma excelente atuação de Cage e Hoult, que parecem executar de forma autentica uma relação mestre/servo. O longa começa a brilhar mais a cada nova sequência de ação, que vai elevando vorazmente a violência e o volume de sangue a ponto de se distanciar cada vez mais do conceito de terror. Sua fotografia é outro ponto alto de sua execução, usando com propriedade dos tons e cores para criar ambientes que se constrastam e até refletem o emocional do protagonista, dando até uma tensão maior nas cenas de ação e uma solaridade nas cenas de autoreflexão. Infelizmente é preciso constatar que Renfield é um filme esquecivel, ele é despretencioso e dispensa a preocupação com continuações, ele diverte durante o tempo no cinema e poderia até ter melhorado sua abordagem em certos pontos, como a forma superficial que ele debate sobre a questão de relacionamento abusivo ao ponto de parecer que tende a fazer chacota do assunto.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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