Crítica | O Projeto Adam (The Adam Project)

Nota
4

“Viagem no tempo existe. Você só não sabe ainda.”

Adam Reed é um piloto do tempo de 2050, ele é um dos agentes de Maya Sorian que acaba descobrindo que algo de errado aconteceu em 2018, algo que sua esposa resolveu investigar e acabou causando a sua morte. Numa tentativa de entender tudo, ele rouba uma das naves e viaja para o passado, sendo baleado e sofrendo um acidente no caminho que o manda direto para 2022, onde ele precisa contar com a ajuda do Adam de 12 anos, que sofre de asma, ainda está lidando com a recente morte de seu pai e vive sofrendo bullying dos valentões do colégio, a única pessoa que pode ativar sua nave (já que a nave responde apenas ao seu DNA e uma trava de segurança o impede de ativa-la enquanto estiver baleado).

Em outubro de 2012, a Paramount Pictures adquiriu os direitos de um roteiro escrito por T.S. NowlinJennifer Flackett e Mark Levin para um filme chamado “Our Name Is Adam“, chegando a contratar Tom Cruise como protagonista do longa. Alguns anos se passaram, o projeto foi engavetado, até que, em julho de 2020, a Netflix adquiriu os direitos de distribuição e contratou Shawn Levy como diretor, Ryan Reynolds como protagonista e Jonathan Tropper para revisar os rascunhos adquiridos da Paramount, iniciando a produção do, agora rebatizado, The Adam Project. A produção, que foi lançada em 11 de março de 2022, acabou surpreendendo positivamente, o longa traz de volta o típico estilo Reynolds de fazer comédia, o mesmo que consagrou o ator desde Deadpool e que foi o principal elemento de sucesso de Free Guy (que foi dirigido por Levy), mostrando que o ponto forte de Reynolds com certeza é a mistura de ação e comédia aliada a excelentes efeitos visuais e um roteiro afiado.

Interpretando o Adam de 2050 temos ninguém menos do que Ryan Reynolds, entregando tudo como a versão mais velha de Adam e que parecer não ter paciência em responder tantas perguntas para a sua, tão curiosa, versão mais nova. É divertido ver a dinâmica das versão mais nova e mais velha de Adam, com um roteiro que se aprofunda dramaticamente quando vemos as piadas rápidas serem alternadas com os desabafos do Adam mais velho, que da lições ao garoto na intenção de corrigir alguns erros do passado, como o fato de não ter sido carinhoso o suficiente com sua mãe ou de não ter superado bem a morte de seu pai. Encarnando a versão jovem de Adam temos o prodigioso Walker Scobell, que empresta uma fragilidade ao jovem Adam e cria um contraste enorme entre as duas versões, o que acaba se tornando a maior fonte de curiosidade do menino: Quando ele ficou tão musculoso? Como ele anda se saindo com as garotas? Como ele se tornou tão duro? Entre outras questões que só fazem o roteiro ganhar profundidade e cenas marcantes de comedia.

Apesar de pouco tempo de tela, a presença de Jennifer Garner e Zoë Saldaña são marcantes, enquanto Garner, no papel da mãe de Adam, participa de uma tocante cena quando o Adam mais velho a encontra num bar e tem uma emocionante conversa, a participação de Saldaña, como Laura, participa de uma excelente sequência de ação, que equilibra a adrenalina de um bom filme de ação com o tempero das piadinhas de Ryan. Mark Ruffalo no papel do pai de Adam é outro grande acerto, ele possui uma expressividade leve que nos cativa e faz seu personagem, mesmo perdido e com medo dos efeitos da presença dos filhos no passado, soe destemido, determinado e amoroso. Reynolds e Scobell conseguem manter um ritmo alucinado no enredo, se mostrando à vontade com a proposta da obra e compensando o pouco tempo de tela de Garner, Saldaña e Ruffalo, além disso, vemos inteligência emocional em Levy no momento em que o cineasta proporciona o reencontro de Garner e Ruffalo na mesma cena, algo que captura os fãs de De Repente 30 e que foi bastante usado pela Netflix no marketing do filme.

Misturando humor, aventura e ficção científica, O Projeto Adam brinca com a complexidade da viagem no tempo e dos conflitos de gerações, se preocupando com explicações certeiras para descartar teorias da existência de realidades alternativas ao mesmo tempo que constrói um longa divertido, leve e conta com um elenco deslumbrante. O filme, por merecer, alcançou o posto de terceira maior estreia de um filme original na história da Netflix, tudo graças às performances de seu elenco, além da própria presença deles, da competente direção de Levy, que nos deixa uma enorme expectativa para o que veremos em Deadpool 3 (próxima parceria de Reynolds e Levy), e aos chamativos efeitos especiais, que só não foi perfeito por causa dos deslizes na construção dos genéricos soldados de Sorian e da criação digital da versão mais jovem da personagem de Catherine Keener. O filme pode até lembrar alguns dos trabalhos passados de Reynolds, mas a forma divertida como entrega ação e ficção científica, com um toque de emoção, faz com que tudo valha a pena.

“- Eu estou perdida
– Não está mais. Eu achei você.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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