Crítica | De Repente 30 (13 Going on 30)

Nota
4

“Eu quero ter 30 anos, trinta, a idade do sucesso.”

1987, Jenna Rink, uma garotinha nerd, quer se tornar popular e se enturmar com o grupo de garotas dominantes da escola, chegando ao ponto de topar fazer seus trabalhos e lições de casa em troca delas irem à sua festa de aniversário de 13 anos. Matty Flamhaff, seu vizinho e melhor amigo, acha que Jenna já é legal o suficiente, inocentemente se envolvendo em uma situação constrangedora na festa, que faz a menina desejar ter 30 anos, acreditando que tudo isso passaria. No dia seguinte, Jenna acorda com 30 anos, em outra casa, com um trabalho, mas presa em sua mente de 13 anos, o que a leva a passar por várias situações engraçadas enquanto tenta viver o paralelo da sua vida adulta com sua mentalidade de uma adolescente.

Dirigido pelo falecido Gary Winick, o filme de 2004 pode ser mais uma comédia romântica não muito inovadora, mas definitivamente marcou o publico deixando um grande apreço e carinho no coração pelo filme, que é lembrado com nostalgia até os dias atuais. Com uma direção de arte primorosa, o longa nos ambienta aos anos 80 e anos 2000 perfeitamente, seja nos figurinos, usando a ideia das revistas de famosos e seus temas, como em festas e músicas, e principalmente ao traduzir através de Jenna uma menina de 13 anos escolhendo as roupas de uma adulta, a deixando infantilizada em contraste aos outros personagens, mas ainda assim com um senso de moda apurado. A trilha sonora sempre mescla o que Jenna criança ouvia em paralelo ao que a atualidade escuta, se tornando até cômico pelos constrangimentos da personagem. Destaque para o cuidado na criação da memorável cena da dança, algo que era comum nos filmes dos anos 2000, unindo Thriller, de Michael Jackson, e o icônico figurino verde da protagonista.

Jenna aos 13 anos é interpretada por Christa B. Allen, que dá várias camadas à personagem sobre seus desejos, sonhos e rejeições, tanto o lado apaixonante  como seus conflitos e anseios são transpostos integralmente na segunda parte do filme, quando Jennifer Garner assume o papel e consegue expressar facilmente a mentalidade e o acting da adolescente no corpo de uma mulher de 30 anos. Com muito humor e uma atuação brilhante, seus olhares, seu jeito de andar e toda expressão corporal foi muito bem construída, Jennifer sustenta a personalidade e as ações da Jenna sem se perder, mas com todo o enredo lutando contra suas escolhas um tanto quanto egoístas como adulta. O Matty de Mark Ruffalo se desenvolve muito bem, ele acaba se vendo obrigado a decidir entre a nova Jenna, que ele reencontrou e está totalmente diferente, que parece ter recuperado a essência da garota que foi sua primeira paixão, e a sua atual noiva, com quem já estava criando uma vida a dois. Lucy Wyman, interpretada por Judy Greer, é a colega de trabalho invejosa e posteriormente se revela a ex-líder das garotas populares que Jenna tanto admirava. Ela se apresenta sempre bastante irônica e capaz de aproveitar qualquer oportunidade para tentar derruba-la. A atriz atua muito bem ao construir aquela colega de trabalho duvidosa ao mesmo tempo que o filme nos ambienta com a nova vida de Jenna, de como são os ambientes corporativos na revista, onde mínima falha pode ser o motivo da sua derrota.

De Repente 30 entrega diálogos muito bem trabalhados, que nos faz refletir sobre nossas escolhas e as consequências delas, sobre originalidade e não abandonar nossa criança interior apenas em prol do sucesso e da fama. O filme explora a teoria de que os 30 anos é a idade do sucesso, algo que é bastante glamourizado e que ao mesmo tempo é um sonho de toda criança, ao mesmo tempo que mostra que a responsabilidade da vida adulta é enorme, trazendo o paralelo dos adultos que sonham em mudar certas escolhas ou precisam aceitar a vida como ela é, buscando encontrar sua melhor versão ou considerando até que custo está disposto a pagar por essa melhor versão.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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