Crítica | O Homem de Aço (Man of Steel)

Nota
4.5

“Então… esse S no seu peito, significa o que?”

Com a destruição iminente do planeta Krypton, o cientista Jor-El (Russell Crowe) tenta alertar o alto conselho sobre a dimensão de seus atos, mas se vê interrompido pelo General Zod (Michael Shannon), que aproveita a instabilidade para iniciar um golpe de estado. Determinado a salvar o pouco de esperança que restou a seu povo, Jor-El rouba o córtex, central que contém todo o DNA da raça Kriptoniana, e o funde às células de Kal-El, seu filho e o primeiro de sua raça a nascer de maneira natural em séculos.

Apostando todas suas fichas no filho recém nascido, o cientista e sua esposa, Lara (Ayelet Zurer), colocam o garoto em uma nave espacial com destino a Terra, esperando assim salvar não só o bebê como o futuro de sua raça. Frustrado por não conseguir o seu grande prêmio, Zod mata Jor-El e jura vingança, antes de ser preso e sentenciado a exilamento na Zona Fantasma.

Anos depois, Clark Kent (Henry Cavill) vive isolado, com uma nova identidade, tentando passar despercebido no meio da multidão. Pulando de um lugar para o outro, o rapaz não consegue controlar seu impulso de salvar aqueles que precisam de sua ajuda e acaba chamando atenção de uma curiosa repórter, que começa a investigar seu passado. Enquanto Clark tenta descobri mais sobre si e seu lugar no mundo, uma ameaça externa surge para destruir tudo o que ele sonhou em proteger. Agora, resta ao rapaz fazer a escolha de sua vida e decidir de uma vez por todas qual caminho ele deve seguir.

A Jornada do Superman foi contada e recontada através das décadas. Desde o clássico Superman: O Filme ao repleto de homenagens Superman – O Retorno, o Azulão fazia parte da mídia e do universo pop, se mostrando lendário e eterno em quase todos os contextos que foi apresentado. Mas foi na sombria Trilogia Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, que o imortal símbolo de esperança encontrou seu novo tom.

Muito mais próximo de uma ficção científica do que da jornada que tanto conhecemos, O Homem de Aço decide inovar e mudar o conceito que construímos do ser mais poderoso da Terra. Dirigido por Zack Snyder e roteirizado por David S. Goyer, o longa é uma filme de origem que traz uma nova roupagem, mostrando seu protagonista isolado enquanto tenta descobrir seu lugar no mundo. Para isso, ele utiliza seus minutos iniciais para contextualizar o caos kriptoniano e todo o milagre do nascimento do protagonista para, enfim, iniciar sua jornada.

O filme já nos introduz um protagonista crescido, repleto de cicatrizes internas e mergulhado em sua solidão, apenas para descascar suas camadas com flashbacks emotivos que vão construindo a personalidade que conhecemos logo no início. Clark se vê dividido entre duas figuras paternas, que demostram visões opostas sobre seu propósito: um teme o que acontecera com o filho caso ele se revele, conhecendo o mundo intransigente em que vive a ponto de querer que o garoto reprima sua grandeza até a Terra estar pronta, o outro acredita que o filho levará a humanidade a um novo horizonte repleto de esperança e prosperidade. E essas duas forças matrizes definem muito da personalidade do protagonista, que se divide entre dúvidas e incertezas e um prazer improvável ao ajudar o próximo.

Nolan trás seu realismo através de questionamentos filosóficos, sociais e ate mesmo religiosos ao seu texto. Não é de se espantar que muito se questione da mudança drástica que um alienígena entre nós poderia causar. Somados aos simbolismos latentes na figura quase endeusada de seu protagonista, trazendo elementos bíblicos e pintando o mesmo como o messias prometido que ainda não se encontrou em nosso mundo. Clark precisa passar por seus questionamentos e fazer suas próprias escolhas, mas, quando aceitar seu manto, ter quase uma ascensão sobrenatural que nós humanos podemos apenas imaginar.

Henry Cavill dá um show de atuação, vivendo seu próprio Clark e dando vida às pequenas coisas do personagem. Não passam despercebidas a emoção em seus olhos marejados ou o grito de dor que parece rasgar seu peito quando ele tem que encarar as consequências de suas escolhas. Tudo nele é vivo, pulsante e magnético nos entregando uma ferocidade aterradora mesmo nos seus momentos de silêncio. O mesmo pode se aplicar ao vilão do filme, que encara sua loucura tirânica ao encarnar um soldado construído para proteger seu povo. Zod nunca teve escolha em seu papel e é isso que o difere tanto de Kal-El: o poder de decidir seu caminho.

Amy Adams nos entrega uma Lois Lane cheia de dilemas morais. A icônica reporte do Planeta Diário nunca fugiu de uma boa reportagem, mas o que fazer quando um dos seus furos lhe leva em um caminho desconhecido que mexe com seu coração. Lois é a ancora da humanidade no meio do caos intergaláctico, representando a fragilidade e força humana quando dois verdadeiros titãs se enfrentam. E, por falar nisso, é um ótimo acerto da direção focar nos humanos quando o caos reina na cidade. Trazer o desastre para um ponto mais pessoal nos joga diretamente na aflição de termos pouco a fazer diante da batalha de deuses.

O espetáculo visual é simplesmente deslumbrante. Arrebatando seu telespectador em tons, sons e cores pesadas que trazem um clima sombrio nunca visto ao herói mais esperançoso das hqs. Não é a toa que o filme tenha dado espaço para novos heróis, criando um novo universo onde até o mas sombrio deles possa entrar em ação junto com o azulão.
Cheio de dilemas e aprofundamento precisos, O Homem de Aço trás uma nova fibra ao mais grandioso entre os heróis. Apostando em sua releitura, o longa traça um novo caminho, tornando seu protagonista o mais humano possível enquanto encara seus desafios e nos dando uma leve esperança de um futuro melhor… mesmo que isso pareça um pouco distante.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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