Crítica | O Grito 3: O Início do Fim (The Grudge 3)

Nota
2

“A maldição permanece naquele lugar de morte.
Aqueles que a encontram, são possuídos por sua fúria.
Aqueles que sobrevivem, carregam a maldição até que ela renasça.”

Depois do massacre na casa dos Kimble, o prédio onde eles moravam em Chicago está passando por uma fase ruim, com os inquilinos se mudando e colocando em risco a profissão de Max, morador do prédio que trabalha como seu administrador. Jake Kimble, o único sobrevivente, estava em um hospício, sendo assombrado pela garota que buscava mata-lo, até que ele apareceu brutalmente morto. Quando a noticia chegou em TóquioNaoko Kawamata resolveu se mudar para o prédio onde tudo aconteceu, indo em busca de assumir sua responsabilidade, enfrentar sua irmãs mais velha, Kayako, e tentar colocar um ponto final em sua maldição. Mas será que Naoko poderá parar Kayako antes que a garota ataque Max, suas duas irmãs e os outros moradores do prédio?

Durante a pós-produção de The Grudge 2, Takashi Shimizu cogitou trazer uma sequência onde seria explorada uma forma de parar a maldição, mas a reunião acabou terminando sem nenhuma ideia boa e com o diretor achando melhor deixar a maldição como algo que nunca poderia ser parado, deixando no ar que um The Grudge 3 só sairia quando surgisse uma ideia interessante para parar a maldição. Mas 2009 chegou com um novo filme para a franquia, com roteiro de Brad Keene e direção de Toby Wilkins, eliminando completamente a presença de Shimizu da franquia e, consequentemente, a verdadeira magia do longa. Apesar de a mudança de mãos ter trazido elementos necessários para o longa, que o engradeceu graficamente, o contrario aconteceu com a trama e o elenco, que se deteriorou ainda mais nessa terceira parte. Johanna Braddy é quem assume a o protagonismo na trama, ela é Lisa, a irmã do meio de Max, uma designer que está prestes a ter uma chance de sucesso, viajando para Nova York com seu namorado, Andy, e deixando para trás Max e sua irmã caçula, Rose, mas tudo muda quando ela e Rose começam a ver Toshio, que aparece no filme em sua pior versão, já que Shimba Tsuchiya não se encaixa de forma alguma no papel, o garoto é completamente diferente de Yuya OzekiOhga Tanaka (que interpretaram o fantasma nos outros dois filmes) e até de Garrett Masuda (que interpretou Toshio em Todo Mundo em Pânico 4), fazendo parecer que o fantasma está envelhecendo com o tempo e já se tornou um pré-adolescente, uma péssima escolha de escalação.

Numa tentativa frustrada de expandir ainda mais a mitologia, o novo filme da Franquia Ju-On resolve trazer uma irmã caçula para Kayako, uma mulher que seguiu os passos da mãe e se tornou uma Itako, uma especie de exorcista oriental. O problema é que o filme explora tanto as habilidades da moça, as possibilidades que ela pode trazer para a saga, mas tudo fica só na promessa. Agora Kayako está realmente livre de suas amarras, ela está pronta para ser tão sanguinária quanto deveria ter sido no segundo filme, e essa é a melhor parte do filme, ver a garota matando, de uma forma brutal, cada um dos personagens. Kayako é brutal no momento em que mata Jake, e vai se tornando cada vez mais maldosa a medida que o filme avança, amedrontando suas vítimas, levando-as ao desespero antes de realmente matar, se aproximando vagarosamente ao mesmo tempo que os encurrala, se mostrando tão sádica quanto deveria ser, nos levando a uma emoção ainda maior. A escalação de Aiko Horiuchi como Kayako é interessante, a atriz consegue incorporar bem a Onryō, com toda a estranheza que antagonista proporciona e todo o contorcionismo que já é sua marca registrada, sendo bem mais presente em tela do que nos outros filmes.

Emi IkehataShawnee Smith surgem como ótimo suporte da trama, apesar de terem pouquíssimo tempo de tela, indo cada vez mais fundo na mitologia e surgindo como maior apoio de Lisa na busca por entender a maldição criada por Kayako e seu filho. Tirando do filme os elementos que se tornaram marca registrada da franquia, o longa se torna uma clara decepção, que pode ter sido o resultado da troca de cineastas. A produção se torna desnecessária e praticamente descartável, nos fazendo sentir bastante saudade da essência da obra de Takashi Shimizu, trabalhando um suspense simples misturado com a pura tensão, que poderia ter potencializado ao máximo as duas melhores cenas do longa: o ataque de Jake no hospício e o nascimento da nova Ju-on. Culminando com um final extremamente mal construído, o longa parece surgir apenas para cumprir uma cota, fechando a franquia como uma trilogia, dando novos elementos que forçam completamente a barra e uma resolução absolutamente cheia de furos. O Grito 3 é um filme completamente esquecível, uma produção que não deveria existir e que não agrega nada à franquia, o que é uma pena considerando o potencial inexplorada que a saga possui e acabou não tendo sido aproveitado habilmente.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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