Crítica | Meu Amigo Robô (Robot Dreams)

Nota
5

Fazer amigos não é fácil, ainda mais quando se é adulto. Crianças podem apenas chegar e chamar para brincar, mas e quando você é adulto, o que você faz? E se por acaso conseguirmos um dia construir nossos próprios amigos? Já pensou? Ensinar nossos gostos, levar para passeios que você acha divertido… Só cuidado para não perder seu novo amigo! Essa é a premissa da animação espanhola Robot Dreams, que chegou em pouquíssimos cinemas no Brasil traduzido como Meu Amigo Robô.

Esse Cachorrinho simpático que vive sua vida tranquila em Manhattan já se cansou de ver todos ao seu redor tendo amigos, namorados ou até famílias grandes. Se sentindo sozinho com seu macarrão com queijo congelado de todas as noites e sem achar nada de interessante para assistir na televisão, ele descobre por um comercial que você pode finalmente ter seu amigo perfeito! Basta ligar para o número e encomendar o seu. Não estranhando em nada esse anúncio, ele já espera ansioso sua encomenda chegar para finalmente montar seu novo amigo robô. E realmente, por mais desajeitado que seja seu novo amigo, eles são feitos um para o outro. E, em meio a tanta diversão, o Robô acaba enferrujando numa praia, fazendo que seu amigo Cachorro não consiga tirá-lo de lá. E na promessa de consertá-lo ou conseguir ajuda, o cachorrinho deixa seu amigo desolado na praia. Fica então a dúvida, será mesmo que ele conseguirá resgatar seu novo amigo?

Com o tempo tradicional para uma animação de cerca de 1h e meia, Meu Amigo Robô resgata para as telonas a tradicional animação 2D, que estava um pouco distante nos últimos anos, tanto das salas de cinema quanto das premiações. Mas ele não apenas é diferente por resgatar essa estética mais antiga, ele inova em uma questão surpreendente: Não haver falas entre nenhum dos personagens. Em meio a tanta coisa nas nossas telas, como tantos musicais e tantos efeitos digitais, Meu Amigo Robô é realmente um filme fora da curva nessa nova realidade, que por mais que seja um ótimo filme, fica incerto se ele vai agradar seu público alvo: As crianças agitadas de hoje em dia. 

Mas não é só com o próprio filme em si que Meu Amigo Robô surpreende. Próximo à grande disputa do Oscar de 2024, muitos ficaram surpresos de o filme conseguir a sonhada indicação à cerimônia, deixando de fora filmes de destaque do ano passado como Wish, que dividiu opiniões nas críticas, Suzume, que teve um destaque no Annie Awards e no Globo de Ouro, e até Leo, da Netflix. Apesar de não ter chances de levar a estatueta, já que os favoritos e principais concorrentes das premiações atuais são O Menino e a Garça do aclamadíssimo Studio Ghibli e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, sua indicação é um respiro na história recente da premiação, já que o filme não conseguiu destaque em quase nenhuma premiação prévia ao Oscar, passando batido pelo Globo de Ouro, Bafta e o próprio Annie Awards, conhecido popularmente como o Oscar das animações.

Apesar de tão esnobado, Meu Amigo Robô é um filme super leve, que dá para ser assistido por toda a família, tratando de temas como amizade e como lidar com o abandono, o filme consegue ter um final surpreendente para um filme infantil, com os personagens principais lidando com todo o conflito com uma maturidade digna do longa Vidas Passadas, que também disputa alguns prêmios neste ano. Embalado pela música “September”, do grupo setentista Earth, Wind and Fire, a única coisa que o filme peca seria a repetição excessiva da música ao longo do filme, que apesar de boa, consegue cansar depois de tocada tantas vezes. Mas mesmo assim sua “vocalização” na voz do Robozinho não sai da cabeça.

Com a tradicional animação 2D, Meu Amigo Robô entrou como uma surpresa na disputa de animação do Oscar, mas surpreende com uma história fofíssima e com personagens muito carismáticos. Embora não seja o típico filme que vai conquistar as crianças na ida ao cinema, o filme consegue ser consistente do começo ao fim, com uma dose cômica na medida certa e com um final super emocionante. É sem dúvida um filme que vale a pena ser visto, não só para quem está na maratona das premiações, mas também por toda a família. 

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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