Crítica | Kung Fu Panda 4

Nota
4.5

Po entra em uma nova fase de sua jornada, sendo convidado pelo Mestre Shifu para se tornar o líder espiritual do Vale da Paz, o que significa que ele deixará de ser o Dragão Guerreiro e terá que eleger seu sucessor. Mas, enquanto Po luta para escolher candidatos, ele cruza com Zhen, uma ladra que tenta estava tentando roubar armas antigas, e a manda para a prisão, mas logo depois descobre através de algumas cabras que Tai Lung retornou, e que esse retorno foi mascarado pela Camaleoa, uma feiticeira poderosa que pode se transformar em qualquer animal que desejar. Agora Po precisa contar com a ajuda de Zhen para embarcar em uma última aventura como o Dragão Guerreiro, partindo para a Cidade Juniper pronto para enfrentar essa poderosa inimiga.

Kung Fu Panda 4 traz uma nova camada ao Po, sua transformação em líder espiritual do Vale da Paz e sua necessidade de passar o bastão ao mesmo tempo que precisa enfrentar um novo vilão, que rapidamente ameaça toda a China e o kung fu novamente, e ter uma companheira de viagem gatuna, que arranja grandes confusões e contrasta fortemente com o nosso Po ingênuo e atrapalhado de sempre. Nessa sequência, não esperem ver os Cinco Furiosos ou Po com o Mestre, esse longa é sobre a jornada do Po como sensei, se despedindo, mesmo sem querer se despedir, de suas aventuras, ou como ele mesmo diz, um último “botando pra quebrar”. Ele sai do interior do seu vale para uma cidade grande, com trânsito caótico, polícia nas ruas e ladrões para todo lado, tudo isso para tentar ir atrás de um vilão megalomaniaco. Além disso, temos um novo personagem se desenvolvendo ali. Zhen logo nos cativa, sendo hábil, esperta, e com um apelo visual, como o mito do kitsune, que realmente faltava ali no mundo de Kung Fu Panda, e que pode ser mais trabalhado numa próxima sequência.

Temos uma vilã sólida, com boas habilidades e que mostra a que veio. Camaleoa tem um plano que vai sendo revelado aos poucos, que tem uma cidade, um exército e grandes poderes em suas mãos, e com presença. O arquetipo da feiticeira na cultura chinesa ainda não tinha sido explorado na franquia, e trazer essa personagem no quarto filme, ainda com a dublagem da Viola Davis (nos EUA) e da Taís Araújo (no Brasil), trouxe mais ainda a grandiosidade e o drama para a personagem. Por mais que tenhamos algumas decisões que ficam meio repetitivas do terceiro filme, diferente do terceiro filme temos uma vilã com presença, que possui uma classe e nos lembra como trabalharam bem o Lord Shen, além de trazer de volta um personagem querido pelos fãs e temido pelo Po, Tai Lung. Dentro dessa jornada, ainda temos o desenvolvimento da amizade de Po e Zhen, que também é órfã e vai desenvolvendo uma bela amizade com o Po, um tanto rápida, mas com grande desenvolvimento de trama.

Dirigido novamente por Mike Mitchell e co-dirigido por Stephanie Ma Stine, a produção é um bom longa de ação e lutas épicas, a cena de Po lutando no escuro com uma luz branca sendo apenas a fonte de luz principal foi incrível, e a perseguição ao som de “Crazy Train” com batidas dando ritmo a perseguição foi intenso. Das coreografias de luta no ar à típica confusão na taberna, ou até mesmo as transições de transformação da vilã, foram a cereja do bolo, trazendo referências da franquia Como Treinar o seu Dragão, com os créditos trazendo Britney Spears na trilha e brincadeiras até com o arquetipo de vilão megalomaniaco. O ponto alto de Kung Fu Panda sempre foi suas piadas visuais, bolas com comida, personagens animados e expressivos e a ingenuidade de Po, e tudo isso foi muito bem desenvolvido aqui. A direção de arte dá um show com a construção de uma cidade enorme, com muito trânsito, caos urbano e a diferença dos palácios, subúrbios e até do submundo, lembrando a cidade de Piltover, de Arcane.

Definitivamente o ritmo de Kung Fu Panda 4 não ficou cansativo, com bastante dinamismo, surpresa, apenas acaba sendo previsível quem será o novo Dragão Guerreiro, porém faz refletir: Se houver uma sequência, vamos dar adeus ao Po? O qunto mais vão espremer esse suco para render sequências? Será que vamos continuar querendo beber desse suco? Nesse filme, foi sim preciso abordar a ideia da passagem de bastão, da dinâmica de mestre e discípulo, não foi desnecessário, foi bem construído e nos vislumbra novas possibilidades, já que os produtores foram espertos de renovar a franquia com novos personagens e carismáticos, além de anti-heroi e um bom desenvolvimento, tanto narrativo quanto de crescimento, além de trazer personagens anteriores e nos presentear com uma redenção satisfátoria.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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