Crítica | Kung Fu Panda 3

Nota
3.5

500 anos atrás, Mestre Oogway derrotou Kai, O Coletor, mas agora, enquanto está meditando pacificamente no Reino Espiritual, Mestre Oogway é surpreendido por um Kai fortalecido, que aumentou sua força roubando o Chi de todos os mestres de Kung fu no Reino Espiritual e só precisa agora do Chi de Oogway para ser capaz de retornar ao Reino Mortal, alcançando esse feito. Enquanto isso, no Vale da Paz, Po recebe do Mestre Shifu a tarefa de supervisionar o treinamento dos Cinco Furiosos e, como parte do processo, embarcar na busca para dominar o próprio Chi. Mas a jornada de Po se torna ainda mais complicada quando, ao mesmo tempo que Kai começa a agir no Reino Mortal, Po reencontra seu pai biológico, Li Shan, que revela que outros Pandas também sobreviveram aos ataques e estão em uma vila escondida, para onde Po parte em busca de suas origens e de se tornar um Mestre de Chi.

Nessa sequência, Kung Fu Panda decide focar mais na parte mais espiritual e fantástica da China, finalmente explorando a família do Po sem ser através de lembranças, com direito a trazer seu pai biologico para ensinar Po como ser um panda de verdade. Ainda temos Sr. Ping, o pai adotivo de Po, lutando para não perder seu posto como pai do Po, principalmente por ver Li Shan como uma ameaça. O longa trata sobre transformação, maturidade, e aprendizado, com Po precisando criar seu próprio exercito para ser capaz de deter Kai, desenvolvendo um lado novo em sua rotina, o de mestre, que precisa repassar seu modo especial de luta e ser tão flexivel no aprendizado quanto seu mestre.

Assim como nos outros filmes, começamos o longa com uma animação 2D que depois vai para o 3D, sempre com muita ação enquanto apresenta o vilão. A direção de arte prioriza o tons de verde, que combina com a estrutura do seu protagonista, com predominancia de amarelo e dourado, pra trazer o sentimento de pertencimento e alinhamento dos personagens ao conflito e obra. A curva narrativa de Po passa por um desenvolvimento enorme, primeiro querendo se enturmar a todo custo ao estilo de vida dos outros pandas, que claramente possuem personalidades específicas, com suas vestimentas unicas, e até seus trejeitos e habilidades. Infelizmente temos uma falta de desenvolvimento dos outros personagens, justificado no roteiro pelo foco no treino de Po, mas que abre espaço para trabalhar melhor o vilão, que possui uma paleta de cores bem definida de verde e tons acinzentados, dando ao antagonista um ar de ser misterioso vindo do submundo (ou, nesse caso, do mundo dos espíritos).

Com mais cenas de ação e muito 3D, a DreamWorks Animation, junto a diretora Jennifer Yuh Nelson e uma coprodução chinesa, desenvolve melhor as cenas de luta, usando diferentes estilo de luta e de armas e impregnando mais fortemente a cultura chinesa na animação. Kung Fu Panda 3 traz uma conversa sobre família, adoção e origem biológica, sabendo explorar bem a forma como filhos adotivos muitas vezes buscam suas origens sem necessariamente estar negando a adoção, é tudo sobre uma questão de pertencimento, que a franquia sabre trabalhar e traz com uma boa dose de autoestima e humor. Infelizmente o longa se apoia demais no previsivel, deixando claro que tudo vai ser resolvido com Po desenvolvendo um novo poder e que ele sempre vai vencer simplesmente por ser o Dragão Guerreiro, um problema que poderia ter sido resolvido com um trabalho em equipe melhor, com mais tempo de tela para desenvolver os personagens coadjuvantes e parceiros do Po, ou trazendo suas histórias de forma individual, com mais personalidade. O longa é capaz de finalizar o arca de identidade de Po, criando um laço com sua equipe e sintetizando sua jornada como Dragão Guerreiro, fechando completamente a jornada do protagonista.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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