Crítica | Fada Madrinha (Godmothered)

Nota
4

“Um vestido novo, põe um sorriso bobo no rosto de novo.”

Eleanor é uma jovem fada madrinha em treinamento, que vive no reino mágico de Terra-Madrinha, um reino que acabou entrando em declínio depois que as missões pararam de chegar, o tornando cheio de fadas idosas que se veem presas às intermináveis aulas de Moira (Jane Curtin). Mas quando Eleanor percebe que tudo está prestes a acabar, e ela pode ser enviada para o treinamento de Fada do Dente, ela sai em busca de uma última missão: ajudar a jovem Mackenzie, uma garota de 10 anos que sonha com um final feliz. Mas o que Eleanor não esperava era que, quando saísse da Terra-Madrinha e chegasse ao nosso mundo, descobriria que a garota agora é uma mãe solteira de meia idade.

Lembrando muito a premissa de EncantadaFada Madrinha mostra a colisão do perfeito mundo dos contos de fadas com o assustador mundo real, nos apresentando uma fada sem treinamento completo que precisa lidar com um mundo onde nem tudo é tão mágico quanto ela está acostumada, onde seus poderes estão sempre prontos para dar errado, e onde não existe um ‘felizes para sempre’. E é o roteiro de Kari Granlund e Melissa Stack quem garante toda a diversão do longa, brincando o tempo todo com os conceitos de Fada Madrinha que a Disney construiu com Cinderela, o longa inova ao nos mostrar a primeira ‘sátira’ da Disney com seu próprio conceito, o que chama atenção logo de cara e nos deixa abertos para submergir em toda a graça abobajada que é marca registrada de Jillian Bell.

O filme não fala hora nenhuma que Moira possa ser a famosa Fada Madrinha que salvou a vida de Cinderela, mas deixa claro que ela está a mais de 100 anos ensinando todas as fadas a forma certa de fadamadrinhar, o que dá a entender que ela pode ser a tal fada famosa ou, no mínimo, sua professora. A vida em Terra-Madrinha é claramente um desastre, brincando com o fato de ninguém mais acreditar na existência de Fadas Madrinhas, o que fez com que o reino perdesse sua cor e sua graça, e isso é claramente representado por Agnes (June Squibb), que acabou se tornando a DJ Fada oficial do reino, tratando uma música de ópera como uma trilha mais ousada, deixando claro o quanto o mundo das Fadas Madrinhas está antiquado demais. Outro grande destaque do longa é Garry, o guaxinim que Eleanor escolhe como assistente do lar para a casa de Mackenzie, que não fala nada e tem pouquíssimas cenas, mas deixa claro em cada uma das cenas a sua forte personalidade, garantindo cenas maravilhosas.

Em contraparte à magia dos personagens utópicos, temos a dura realidade do nosso mundo, que é muito bem representada pela Mackenzie de Isla Fisher, que está completamente desiludida, e não liga mais para a beleza, desde que seu marido acabou morrendo. Tudo fica ainda mais claro quando vamos vendo as pessoas ao seu redor, como Hugh Prince (Santiago Cabrera), que entrou para a equipe de Grant após ouvir os rumores do maravilhoso trabalho da antiga Mackenzie, ou Jane (Jillian Shea Spaeder), a filha mais velha de Mackenzie que é uma ótima cantora e sofre de um enorme medo do palco, o que a impede de trilhar seu maior sonho. O problema é que o longa perde de aprofundar ainda mais nos dilemas de Paula (Mary Elizabeth Ellis), a irmã de Mackenzie, e de Mia (Willa Skye), a filha mais nova de Mackenzie, duas personagens que teriam tanto a acrescentar na trama, mas parecem existir apenas como suporte para a evolução da protagonista.

Marcando o primeiro filme natalino do Disney+ depois do lançamento no Brasil, Fada Madrinha consegue ter um desenvolvimento cativante, mostrando um primeiro ato focado na adaptação de Eleanor, um segundo ato focado na evolução de Mackenzie, mas se complicando com o seu ato final. O longa lançado no dia 4 de dezembro de 2020 termina com sua comédia cativante cedendo à fórmula Disney e se transformando, forçosamente, no clichê da ‘moral da história’, que culmina numa cena que nem se encaixa no clima da produção e fica parecendo um peixe fora d’água de tão forçada, se tornando um desfecho que pedia uma revisitada para ser aperfeiçoado sem perder o espirito que cativou os espectadores no decorrer do longa.

“Tudo o que precisamos,
tudo o que precisamos é de esperança.
E para isso temos um ao outro.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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