Crítica | A Mulher Rei (The Woman King)

Nota
5

Com uma premissa baseada nas antigas culturas africanas de séculos passados, o filme nos apresenta Nanisca (Viola Davis), a general de um grupo de mulheres guerreiras. O filme nos apresenta  desde o início a brutalidade dos povos africanos há 300/400 anos atrás, quando os europeus faziam a exploração e trafico de escravos negros, e como as milícias locais da época ajudavam, tendo esse mercado de escravos como o fruto do crescimento dos “reis” ou donos das regiões africanas.

Confesso nunca ter assistido a um filme dirigido por Gina Prince, mas falo logo de cara que este é o melhor filme do ano para mim. O elenco brilhante com toda certeza elevou as atuações, temos Viola Davis, que digamos ser a maior atriz hoje em Hollywood, estrelando o longa, John Boyega, da saga Star Wars, a gigantesca e talentosa Lashana Lynch, de Capitã Marvel, e Sheila Atim, de Doutor Estranho 2, e a novata Thuso Mbedu trazendo química junto a Viola em diversas cenas. Com cenas fortes de estupro sendo sugeridas por alguns cortes da diretora, o filme de ação é visceral em alto grau, justificando sua censura de 16 anos.

Jonh Boyega assume o papel do rei do povo que tem como sua comandante Nanisca, uma mulher que se impõe firmemente em suas decisões e traz consigo a ideia de ensinar jovens mulheres negras a lutarem em seu clã. Sua reação com Nawi, papel de Mbedu, é o fator motriz da trama, a jovem tem todo o seu treinamento para ser aceita entre as guerreiras, passando por diversas provas para validar o seu merecimento. Porém, ao mesmo tempo, temos as investidas dos mercadores de escravos, o que traz a guerra para a tribo do Rei Ghezo de Jonh Boyega, lutas nas quais Nanisca toma a frente. O grupo de mulheres tem um juramento de não ter filhos nem maridos, coisa que as mulheres tentam quebrar várias vezes durante a trama, o que mais uma vez obriga Nanisca a tentar tomar as rédeas da situação, um verdadeiro show de atuação.

A Mulher Rei traz um excelente trabalho de design de produção, que conseguiu trazer muito da cultura africana, possibilitando sentir a sintonia das rodas de canto dos povos africanos bem presentes com seus rituais. Setembro pode até ser considerado um mês historicamente fraco para o cinema, mas Mulher Rei é uma grata surpresa entre os lançamentos, sendo até um grande candidato a aparecer em algumas categorias do Oscar. Espero que o longa consiga ter seu merecido reconhecimento, o que é difícil tendo em vista que o filme quebra muitas barreiras que Hollywood insiste em manter.

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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