Crítica | A Freira 2 (The Nun 2)

Nota
4.5

“Tem alguma coisa aqui… Que não deveria estar aqui.”

Em 1956, quatro anos após o embate entre Irmã Irene e Valak na Abadia de Santa Carta, novas igrejas começam a ser atacadas por uma presença maligna, que começa a assassinar padres e freiras em uma trilha que sai da Romênia em direção à França. Irene acaba sendo requisitada novamente para reenfrentar o dêmonio disfarçado de freira, descobrindo que a entidade escapou de Santa Carta possuindo Maurice e que está em busca de algo na França, o que promete levar as rivais a uma revanche em uma escola-internato, mas do mesmo jeito que a Freira está ainda mais poderosa, Irene voltou muito mais forte.

Lançado em 2018, A Freira é um dos filmes mais bem sucedidos do The Conjuring Universe, o que deixa ainda mais expectativa por parte do público em cima do roteiro de Ian Goldberg, Richard Naing e Akela Cooper para a sequência, que infelizmente se arrisca ao ter Michael Chaves na direção, que carrega em seu curriculo a direção de A Maldição da Chorona e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, dois dos filmes mais fracos do universo. Mas, surpreendendo de forma positiva e sabendo unir os elementos de terror que mais agradam ao público, o longa supera seu antecessor e oferece mais tensão, jump scares e uma bela expansão no bestiario do universo. A evolução da história fica evidente a medida que o enredo avança, nos mostrando de forma discreta o avanço de Maurice/Valak e o frustrante destino de Irene, cuja história se tornou famosa entre as freiras sem que ninguem saiba que ela é a tal freira que enfrentou um demônio.

Taissa Farmiga, interprete da Irmã Irene, retorna para mostrar que sua personagem é realmente lendária, e que pode ser capaz de carregar sua parcela da franquia tanto quanto sua irmã (Vera Farmiga, interprete de Lorraine Warren). Taissa mantém toda a bondade que agradou o público em Irene, disposta a se sacrificar para proteger as pessoas ao seu redor, mas agora a personagem abandona a ingenuidade e inexperiencia que possuia e ganha uma aura de confiança e força que a coloca em pé de igualdade com a presença de tela de Vera, mas adicionando uma gentileza e doçura que recorda a todos a diferença entre as irmãs. O Frenchie de Jonas Bloquet surge como o ponto mais forte e mais fraco da trama durante seu desenvolvimento, enquanto ele fortalece o enredo ao dar uma liberdade, força e misterio maior à Freira, o personagem também enfraquece as conexões do universo ao parecer fugir dos eventos citados em Invocação do Mal e A Freira (onde os Warren citam seu exorcismo, que acontece cerca de 20 anos depois dos eventos desse filme, após matar sua esposa e seu filho). Bonnie Aarons dá um show retornando ao papel que ficou preso na memória do público com a imagem demoníaca de Valak, apesar de sua disputa judicial com a Warner, provando que é um tesouro do terror moderno.

As participações de Anna Popplewell (Kate) e Katelyn Rose Downey (Sophie), apesar de parecerem pouco relevante, se mostra essencial para impulsionar a evolução do roteiro, interpretam mãe e filha que vivem na escola-internato e acabam se aproximando de Maurice, o que as faz ter um papel essencial no desenrolar do longa, tanto para Maurice quanto para Irene. Storm Reid é uma adição muito bem-vinda ao universo, aumentando a representatividade no universo, Reid vai além de ser a freira negra que Akela Cooper desejou incluir no longa, ela constroi a Irmã Debra de forma palpavel como uma freira que parece estar perdendo sua fé, e que decide viajar com Irene para tentar enxergar uma verdadeira luta entre céu e inferno e reencontrar sua motivação para se manter na igreja, mas acaba servindo ótimas cenas como a fiel escudeira de Irene e quando se vê em meio ao caos que o reencontro de Valak e Irene inicia.

Melhor que seu antecessor, A Freira 2 pode não ser perfeito mas mostra a que veio com mais intensidade, uma tensão maior e um desenrolar mais sangrento sabendo não ser gore. Ele quebra a prisão que tinhamos no primeiro filme (que precisava dar uma origem plausivel para o demônio travestido de freira), trazendo um terror mais solido, comovente e eletrizante, mas agarra tão vorazmente sua liberdade que acaba deixando no ar algumas perguntas que parecem tirar a continuidade dos eventos do universo. Existem momentos que o filme parece seguir linhas separadas e que não se conectam, mas o roteiro nos surpreende ao justificar tudo dentro de uma conexão no momento certo, impactando o universo de uma forma significativa (tendo até um vislumbre da cena do corredor de Invocação do Mal 2 durante uma das aparições da entidade) e explorando melhor Irene e Maurice. Valak passa a ser explorado melhor como um anjo caído impiedoso, passando a aterrorizar crianças, matar mais e não poupar quem cruze seu caminho, usando os efeitos incríveis para nos presentear com o Demônio Bode e a Madre Demôniaca, figuras que só acrescentam na história do longa. A produção ainda reserva uma surpresa no final, uma cena no meio dos créditos que vai animar qualquer fã da franquia.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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