Crítica | A Barraca do Beijo 2 (The Kissing Booth 2)

Nota
3

“Regra Número 19: Sempre frequente a mesma faculdade do seu melhor amigo”

Se passaram alguns meses desde que Elle Noah começaram a namorar, o tempo passou e, depois que Noah foi para Harvard, a distancia começou a afetar o casal. O último ano do colegial de Elle e Lee começou, está na hora de os veteranos escolherem suas faculdades, definirem seus futuros, encarar como adultos todos os seus problemas, aguardar uma nova edição da Barraca do Beijo e, principalmente, seguir ao pé da letra as regras dos melhores amigos, ou será que não? Esse novo ano traz novos desafios para Elle e Lee, enquanto o garoto precisa lidar com a carência de sua melhor amiga e os ciumes de sua namorada, a vida de Elle vira de cabeça para baixo por causa de duas pessoas: Marco PeñaChloe Winthrop. Marco é o novo aluno do colégio, desejado por todas as garotas, protagonista de um dos momentos mais embaraçosos de Elle e que acaba se apaixonando pela garota, já Chloe é a nova garota que aparece na vida de Noah, que passa a sair com Noah para todas as festas da faculdade, que fica cada vez mais presente na vida do namorado de Elle, que deixa a garota incrivelmente enciumada, e que é a dona do brinco que ela encontra embaixo da cama de seu namorado.

Depois do sucesso que o primeiro filme teve na NetflixBeth Reekles decidiu escrever uma sequência para seu livro, foi nesse momento que nasceu Going the Distance, que acabou sendo lançado no inicio de 2020 e foi a base para Vince Marcello e Jay Arnold escreverem o roteiro desse segundo filme. Com Vince Marcello novamente na direção, assim como no roteiro, o longa começa nos contextualizando ao narrar as férias de Elle, fazendo um rápido resumo da trama de A Casa da Praia (conto que relata os eventos entre os dois livros de Beth), nos mostrando a perfeita viagem que Noah e Elle fizeram a uma casa de praia, para nos deixar parados no exato ponto que toda a problemática do filme começou. Se o problema do primeiro filme foi a Regra 9, o longa nos prepara desde sua primeira cena para ver a Regra 19 ameaçar mortalmente a amizade da dupla, ao mesmo tempo que vemos a amizade deles ameaçar o namoro de Lee e Rachel, percebendo que no caminho para amadurecimento ainda há grandes ameaças à forte relação que nasceu junto com Lee e Elle.

O elenco, que era basicamente composto por Jacob Elordi, Joel Courtney e Joey King, amadureceu e deu uma crescida. Fica claro durante o decorre do longa que a Elle de King não é mais aquela menininha inocente que vimos antes, ela cresceu e passou a usar mais a saia que tanto a envergonhava, ela começou a tomar decisões e querer se arriscar, mas ela não aprendeu ainda o quanto os segredos podem prejudicar a amizade. O Lee de Courtney é o personagem que é mais forçado a evoluir, ele não sabe ainda como se comportar numa relação e se sente dividido quanto precisa escolher entre Rachel e Elle, ele sente a pressão e começa a se segurar ainda mais nas regras e na culpa que sente ao ver sua amiga triste, ao saber que tudo é causado pelo seu irmão. O Noah de Elordi é o que tem menos tempo de tela do trio, ele muda completamente nesse novo ano, ele deixou de ser o garanhão desejado agora que entrou na faculdade, lutando cada vez mais para controlar seu impeto violento e, aos poucos, se aproximando cada vez mais de Chloe, e escondendo essa aproximação de sua namorada, o que põe cada vez mais seu namoro em risco.

Taylor Perez entre no elenco para viver Marco, o bonitão que assume o posto que Noah deixou vago, se tornando o aluno mais desejado de toda a escola, o mais esperado na Barraca do Beijo e o novo candidato a roubar o coração de Elle, o ato rouba a cena a cada uma de suas aparições, deixando claro o motivo de deixar Elle tão balançada, se tornando cada vez mais presente em sua vida e se mostrando cada vez mais o quanto é parecido com a garota. Já Maisie Richardson-Sellers chega para viver Chloe, uma mulher poderosa e decidida, que conquista tudo que quer e não vai deixar ninguém se atravessar no seu caminho, e a grande pergunta da produção é: Será que Elle está no caminho de Chloe? Será que ela pode ser atropelada por estar no caminho da mulher? A personagem de Maisie é tão imponente que não tem como não se sentir ameaçada, não tem como Elle não duvidar da fidelidade de Noah. Esse novo filme nos ajuda também a nos aprofundar em Rachel, interpretada por Meganne Young, conhecer mais a fundo a garota que se apaixonou por Lee, a doce menina que ama tão profundamente o jovem e agora divide ele, o faz precisar escolher entre ela ou sua amiga, fazendo Lee viver um impasse e entender o que Elle passou no ano anterior, como é ter que escolher entre o amor e a amizade.

Se A Barraca do Beijo mostra a história de Elle sendo moldada pelos homens ao seu redor, o segundo filme traz uma protagonista bem mais forte, com mais presença de tela e mais segura de si, Elle agora é dona da sua vida, mesmo que ainda não saiba que rumo pretende seguir, e muito disso se deve ao carisma inigualavel de King, que nos leva a fundo nas inseguranças da garota e a coloca cara a cara com seus medos. Com uma narrativa fluida, o longa jogo um foco ainda maior na maturidade, nas escolhas sérias que a vida te força a fazer, mas erra ao alongar demais uma das principais questões do filme: a fidelidade de Noah, uma trama que demora demais pra ser respondida e, mesmo assim, fica cheia de brechas pelo caminho. O roteiro ainda tem o cuidado de incluir uma subtrama entre Miles e Ollie, dois novos personagens que começam a se descobrir vagarosamente, que precisam lutar contra seus preconceitos e enxergar o amor, que existe de um pelo outro mas que nenhum dos dois tem a iniciativa de confessar, o que ajuda a explanar mais a fundo sobre amadurecimento, escolhas e desafios, a dupla precisa escolher entre viver o amor ou ter medo do que os outros vão achar, e essa trama é surpreendente ao mesmo tempo que singela.

Usando as escolhas pelas faculdades como alegoria, o filme tenta mostrar Elle se questionando até onde deve deixar o amigo, o namorado ou as regras decidirem sua vida e quando pode começar a ser dona da própria vida, até quando Elle vai esperar para escolher o futuro que realmente quer. Mesclando escolhas sérias com diversos momentos descontraídos, o longa mantém aquele clima de comédias românticas da década passada ao mesmo tempo que nos leva a uma reflexão interna sobre o que fazemos da nossa vida, mesmo que muitos caminhos tortuosos tenham sabotado o roteiro, deixando um gigantesco gancho para um terceiro filme capaz de colocar todo o amadurecimento de Elle a prova.

 

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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