Análise | Pokémon Red / Green / Blue Version

Nota
5

Entre 1989 e 1990, Satoshi Tajiri resolveu lançar um jogo original para Game Boy, foi então que surgiu o conceito do universo Pokémon, inspirado no passatempo do executivo  de colecionar insetos quando era criança. Em 27 de fevereiro de 1996, foi lançado pela Nintendo no Japão os dois primeiros jogos desenvolvidos pela Game Freak: Pokémon Red Version e Pokémon Green Version. Red/Green são dois  RPGs jogados em 3ª pessoa, onde o protagonista, popularmente conhecido como Red, explora o continente de Kanto, um lugar onde existem criaturas exóticas conhecidas como Pokémon, em busca de se tornar um Mestre Pokémon. Os jogos chegaram ao ocidente em 28 de setembro de 1998, onde Green foi rebatizado como Pokémon Blue Version.

OBS.: O protagonista do jogo e seu rival possuem nomes personalizáveis, porém, durante a analise, iremos chama-los pelos seus nomes oficiais: Red e Blue/Green.

ENREDO – UM MUNDO DE SONHOS E AVENTURAS

Red é um garoto da Cidade de Pallet que acaba de completar idade suficiente para viajar por Kanto, em uma jornada Pokémon, mas, antes de iniciar sua viagem, ele visita o Professor Oak que o presenteia com seu primeiro Pokémon e incentiva a relação conflituosa de Red com seu neto, Blue (no Japão, Green), o vizinho de Red e que é o maior rival do garoto desde que eram bebês. Os garotos iniciam sua jornada com a escolha de seu primeiro companheiro: um Bulbasaur (Pokémon do tipo Grama/Veneno), um Charmander (Pokémon do tipo Fogo) ou um Squirtle (Pokémon do tipo Água), tendo o Blue/Green sempre escolhido o Pokémon que der mais vantagem em batalha contra o seu. Os dois saem então pelo continente, com a missão de vencer todos os Líderes de Ginásio de Kanto e o Elite 4, ocasionalmente cruzando o caminho da Equipe Rocket.

GRÁFICOS – BITS EM PRETO, BRANCO E TONS DE CINZA

Apesar de o jogo ser tão resumido nas cores e no seu visual, não tem como negar o quão inovador e cativante é cada micro-segundo de jogatina. Com um visual um pouco feio dos monstrinhos e spirits bem limitados, o jogo usa seus gráficos limitados da melhor forma possivel, compensando seu visual com um trama rica e bem definida, e nos faz seguir de uma forma tão intuitiva que, quando percebemos, estamos explorando cada novidade desse mundo, quase que completamente aberto. Apesar de ser um jogo 8-bits, quase esquecemos disso quando imergimos nos jogos, nos divertindo de uma forma tão intensa e nostálgica que somos levados a sentir um conforto completamente imensurável, sentindo que cada bit parece exalar todo o carinho que Tajiri imprimiu no jogo.

AMBIENTAÇÃO – UM MUNDO CHEIO DE CORES SEM SER COLORIDO

Apesar de o jogo ser completamente feito em preto, branco e tons de cinza, ele parece brincar, e muito, com as cores que lhe foram privadas. O jogo se inicia na cidade de Pallet (uma referencia a “Paleta de Cores”) e joga Red em um mundo de cidades ‘coloridas’, como Viridian CityCerulean CityLavender TownFuchsia City, e algumas outras, um mundo onde vemos as cidades simbolizarem cores mesmo sem poder mostra-las. As construções dos imóveis, assim como as pessoas, as relvas, e objetos, são visualmente desenvolvidos de uma forma bem fiel, usando todas as suas limitações para criar ambientes que não deixam claras falhas. Até os terrenos são claramente distinguíveis, nos levando a áreas de planície, de floresta ou de cavernas com uma transição tão discreta que nem percebemos a mudança entre ambientes até estar completamente imerso nele, além de criar unidades discretas entre as cidades, de forma a deixar sua organização e fundo sonoro num contraste que nos ajuda facilmente a perceber que cidade estamos re-adentrando sem precisar consultar o mapa ou as placas.

SOM – UM INTENSO TRABALHO SONORO

O trabalho sonoro dos jogos foi tão intenso que, em 1º de novembro de 1997, foi lançado um CD que incluía as 45 trilhas de fundo que foram criadas para o jogo. Trilhas que incluíam os sons de fundo de cada cidade e cada rota, usadas como transição, e os diversos efeitos sonoros que marcavam os eventos e os imoveis visitados. As composições, que foram feitas por Junichi Masuda, foram tão minimalistas a ponto de diferenciar os efeitos de vitoria, tendo um efeito unicamente para vitoria contra Pokémon selvagem, outro para vitória contra treinadores avulsos e um unicamente para vitória contra líderes de ginásios, o compositor chegou até a criar uma diferença no efeito sonoro de encontra de desafiantes, a ponto de nos indicar se o encontro foi com uma garota, um garoto ou com o Blue/Green. Como se não bastasse a trilha tão bem trabalhada, Masuda ainda criou, para o CD, a faixa “Pokémon Techno Sound Effect Compilation”, uma faixa de 7:38 com uma compilação instrumental dos efeitos do jogo na forma de um remix.

JOGABILIDADE – UM RPG COMPLETAMENTE INOVADOR

Apesar de a estrutura dos jogos serem construídas no formato de tantos outros RPGs, como as franquias The Legend of Zelda ou Dragon Quest, temos um enredo que dá uma nova cara para o jeito de jogar. Vencer os líderes de ginásio (que seriam os chefões), permite acessar novas áreas assim como as conquistas dos dungeons, lutar contra os monstrinhos do caminho ajudam a ganhar experiencia que fortalece seus Pokémon, o que se assemelha com às batalhas para subir de nível e facilitar as batalhas contra os chefões, mas aqui a jogatina não é unicamente feita disso. Você consegue explorar as cidades, desenvolver quests, mas também vai aprendendo a conhecer melhor seus companheiros, aprendendo as forças e fraquezas de cada tipo e sendo treinado para saber qual o melhor time para usar contra cada ginásio, assim como saber quais pokémons são fortes o suficiente para, juntos, baterem de frente contra os cinco oponentes do Elite 4 de uma só vez. O jogo te força a treinar e melhorar seu Pokémon, usando cada batalha para aprimorar as propriedades físicas, atributos de batalha e HP de cada companheiro.

EXTRAS – COMPLETANDO A POKÉDEX

Apesar de o jogo ser uma linha principal de jogo, que seria vencer os oito ginásios e depois enfrentar os cinco desafiantes da Elite 4, temos ainda uma segunda grande missão, que pode ser feita em qualquer momento do jogo, até no final, após derrotar o Elite 4: completar a Pokédex. Com 151 monstrinhos, o jogo faz com que você precise caçar cada um deles, seja capturando em diversas áreas, evoluindo alguns deles através de batalhas, conseguindo os itens evolutivos para evoluir alguns outros, enfrentando a sorte no Safari Zone ou invadindo algumas fortalezas escondidas para enfrentar os lendários pássaros (Articuno, Zapdos e Moltres) ou o mítico Mewtwo. Mas não é só através das explorações que se consegue completar a Pokédex, e isso foi uma forma que a Game Freak usou para garantir a confraternização entre jogadores: é necessário ainda usar a Trade. Quando Red e Green/Red e Blue foram lançados, o objetivo do jogo era que eles deveriam ser usados para unir jogadores, por isso há Pokémon exclusivos de Red e outros exclusivos de Green/Blue, o que torna essencial o uso do Cable Link, que conecta os Gameboys que possuem os jogos e permite a troca dos exclusivos e muitos outros, além de haver 3 evoluções que só acontecem quando o Pokémon passa por uma trade (como é o caso do Kadabra, que só evolui para Alakazam quando é trocado).

CONCLUSÃO – TEMOS QUE PEGAR!

O inicio quase sempre é a melhor experiencia, e Pokémon Red/Green/Blue é o melhor exemplo disso, lutar para conquistar o título de Mestre Pokémon de Kanto e capturar os 151 Pokemon é marcante, ele é tão intuitivo que até os mais jovens podem adentrar a aventura sem sentir nenhuma dificuldade, e aos que jogaram essas versões há anos, é impossível esquecer a experiencia e não concordar que eles são uns dos melhores jogos da série. Outro grande ponto forte do jogo é a presença de Red e Blue/Green, que no anime são substituídos por AshGary, a dupla do jogo possui uma força tão grande que é impossível não ama-los, ver a forma como a rivalidade deles é tão saudável e a conexão deles beira uma amizade é maravilhoso, mesmo sem ver interação quase nenhuma, sentimos uma empatia titânica com Red, ele nos representa no jogo mas transcende esse papel e nos faz querer ser aquele Mestre Pokémon, suas ações na gameplay são tão simpáticas que nos vemos torcendo por ele, ao mesmo tempo que queremos ver Red vencer seu rival e ao mesmo tempo que queremos ver Blue/Green ceder aos encantos do garoto e se tornar seu amigo. Mas, acima de tudo, Pokémon Red/Green/Blue nos marca por nos confrontar com uma das mais difíceis escolhas de nossas vidas, e um dos temas de maior debate da franquia, quem escolher? Charmander, Bulbasaur ou Squirtle?

“Para algumas pessoas, Pokémon são pets. Outros os usam para batalhar.”

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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