Review | The Circle US [Season 2]

Nota
4

“The Circle está de volta. Desta vez, mais estratégico que nunca.”

Oito jogadores são levados a um hotel, cada um em seu quarto isolados do resto do mundo e do resto dos jogadores, tendo apenas o Circle, um programa de interação social controlado pela produção, para que eles interajam entre si, através de testes e mensagens de textos públicas ou privadas. Cabe agora a cada um criar seu perfil, através das fotos e das impressões causadas nas mensagens e testes, visando se tornar popular, conquistar os outros jogadores e garantir o posto de mais popular da edição, o posto que vai garantir um prêmio de 100 mil dólares no final do jogo.

A grande jogada desse reality-show é que cada participante pode escolher se querem ser eles mesmos ou viver um personagem, mudando sua personalidade ou até sua identidade, permitindo até se tornar um catfish dentro do jogo para garantir sua vitória. Semanalmente os jogadores votam para escolher os mais populares, garantindo um ranking ao final de cada episódio, o que será usado para definir os Influencers da semana, que serão os dois mais populares da avaliação, com o poder de escolher entre os outros jogadores quem deve ser Bloqueado, ou seja, ser removido do programa e substituído por outro participante. The Circle é muito mais que um jogo, é uma batalha pelo trono de mais popular, onde cada jogador deve escolher o que pretende mostrar de si próprio e o quanto de seu verdadeiro eu precisa esconder para não ser eliminado.

Logo no primeiro episódio somos apresentados aos oito jogadores iniciais: Savannah, uma nerd sedutora de 24 anos que entra no jogo sendo ela mesma; Jack, um astrofísico de 20 anos que resolve entrar no jogo como Emily, uma estudante de 21 anos que é sua amiga; Bryant, um hippie de 27 anos que entra como ele mesmo no jogo; Deleesa, uma jovem mãe do Bronx de 32 anos que resolve jogar como Trevor, seu marido de 32 anos; Terilisha, uma professora de 34 anos cheia de personalidade e cabelos azuis, que resolve jogar sendo ela mesma; Lee, um escritor texano de 58 anos que entra no jogo como River, um jovem estudante de 24 anos criado especialmente para o jogo, que é estudante, garçom e faz parte da comunidade LGBT+; Chloe, uma britânica de 22 anos que é ex-participante do Brincando com Fogo e que entra em um novo reality em busca da vitória, sendo ela mesma; e Courtney, um apresentador de um programa de fofocas da internet de 28 anos que entra no jogo pronto para ser ele mesmo, mas escondendo sua verdadeira profissão sob o disfarce de ser um barista.

Aos poucos vamos vendo a construção de cada perfil, com diversos joguinhos obrigando cada participante a mostrar mais de si ou de seu personagem, criando novas impressões e dando sua cara a tapa, tendo inclusive momentos de interações anônimas, onde os participantes podem destilar seu veneno para provocar ainda mais seus concorrentes. Tudo isso vai se intensificando a medida que vemos as substituições acontecerem, nos apresentando: Lisa, uma assistente pessoal californiana de 42 anos que resolve jogar interpretando seu chefe, Lance Bass, famoso cantor que fez parte da N’SyncMitchell Eason, um jovem de 22 anos que é o irmão mais novo e filho, respectivamente, de Ed e Tammy Eason, que participaram da primeira temporada da edição americana do reality, e entra pronto para mostrar seu verdadeiro eu; Khat, uma jogadora profissional de vôlei de 27 anos que entra para o jogo para ser ela mesma; e temos a grande entrada de John, um vidente de 64 anos que, na verdade, é um personagem interpretado por dois dos catfishs Bloqueados previamente.

A nova temporada ainda nos apresenta a Sala da Verdade, um lugar onde um dos participantes ganha a chance de conversar anonimamente com alguns outros participantes selecionados, a chance de ser o Coringa e plantar uma certa discórdia que pode mudar os rumos do jogo. É incrível como, mesmo no caso dos catfishs da edição, cada participante possui camadas que vão além do que eles mostram por fora, o que nos faz parar para refletir e ver o coração de cada um deles. Como a sensibilidade por baixo da imagem musculosa de Mitchell ou o medo e a indecisão que Chloe esconde por baixo do seu jeito ousado e sedutor, tudo vai mudando a medida que a edição vai se desenrolando, nos fazendo refletir sobre o quanto as redes sociais podem ser cruéis em vários momentos, o quanto vivemos num mundo onde a aparência sempre conta mas, se dermos uma pausa para escutar quem realmente cada um de nossos ‘amigos’ são intimamente, podemos ser surpreendidos ao descobrir quantas pessoas maravilhosas existem ao nosso redor, que são o tempo todo forçados a viver debaixo de mascaras para conseguir transitar na sociedade sem ser julgado.

Com treze episódios de cerca de 50 minutos, o show lembra muito as bases de Big Brother e Catfish, por parecer ir mais fundo no conceito de estratégia, jogo, fingir ser quem não é e mostrar o que cada um pode ser capaz de fazer por um grande prêmio no final. Por outro lado, é impossível não enxergar um clima tóxico no ar com o conceito de classificações através da popularidade e do julgamento que os outros dispensam a suas atitudes e palavras. O show é completamente inusitado, tocando fundo nas feridas de tantas pessoas e levantando questões tão atuais e emocionais, como ver além das aparências e ter honestidade.

Tudo no programa é tão pesado e complexo, mas a produção parece saber exatamente no que estava mexendo, fazendo a espetacular escolha de colocar Michelle Buteau, uma grande comediante, para narrar o programa e quebrar os climões que surgem cada vez que um participante abaixa suas defesas e se abre. Com toda a certeza, não tem como não desejar ver mais temporadas de The Circle US, mesmo que ele não tenha sido tão intenso quanto sua temporada anterior e que os episódios pareçam mais arrastados, mas no final a série faz jus à sua lentidão nos presenteando com uma final realmente emocionante.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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