Review | Lucifer [Season 5 – Parte A]

Nota
4.5

“Se depender de mim, o Lúcifer pode ir pra o inferno.”

Já fazem alguns meses desde que Lucifer saiu de Los Angeles e voltou a comandar o Inferno, o que fez a Detetive Decker estar vivendo a pior forma de fase pós-termino possivel, se unindo a Maze, que começa a equilibrar sua vida de caçadora de recompensas com a de consultora da polícia, e sentindo uma imensa falta da companhia do seu demônio pessoal. No inferno, Lucifer está vivendo há milhares de anos, já que o tempo passa diferente no Mundo Inferior, preso na sua função de torturar as almas condenadas, sofrendo com a saudades de Los Angeles, com falta que faz ajudar a resolver crimes e, principalmente, morrendo a cada minuto com a falta que lhe faz estar ao lado de seu grande amor.

Mas não é só Decker e Lucifer que estão vivendo as consequências do afastamento do Rei do Inferno. O comando da Lux agora está nas mãos de Amenadiel, que não consegue se desapegar completamente do seu lado angelical e começa a querer tornar o mundo um lugar mais seguro para seu filho, Charlie, querendo punir todos que andam fora da linha, mesmo que o crime seja jogar o lixo em lugar proibido ou vender remédios roubados de idosos. Linda, a antiga psicologa do Diabo, agora está com problemas ainda maiores, tendo que cuidar de Charlie, a primeira criança mestiça de anjo e humano, que parece se desenvolver mais rápido que o normal e está deixando a médica cada vez mais paranoica. Ella se entregou completamente aos seus impulsos, se deixando levar pela sua forte atrações por criminosos e caras errados, algo que começa a afeta-la psicologicamente tanto quanto a forma como ela foi afetada pela partida de Lucifer. Maze está tendo outra crise existencial, tentando projetar no seu emprego toda a raiva por ser abandonada na Terra, de ter sido deixada para trás, sem justificativas, por Lucifer e Eva, e de não ter sido consultada mesmo depois de toda a fidelidade que teve por seu mestre nos últimos anos, acompanhando ele para todas as suas loucas empreitadas. Já Dan está lidando de uma forma diferente com seus problemas, ele está num eterno luto pela morte de Charlotte, o que o faz afundar profundamente nos livros de auto-ajuda, em aromaterapia e diversas formas holísticas de viver. Mas todos os problemas começam a aumentar agora que Lucifer voltou para Terra, tendo um impacto ainda maior nos problemas que sua saída causou, o que se torna ainda pior pelo fato de Lucifer continuar no Inferno, e de que quem está na Terra é um impostor: seu irmão gêmeo, Miguel, que está disposto a fazer de tudo para destruir a boa reputação que Lucifer criou e que está sendo comentado aos quatro cantos da Cidade de Prata.

A nova temporada de Lucifer parece ser a maior prova de que a fonte criativa, por trás dos roteiros da série de Tom Kapinos, pode ser bem duradoura, e isso fica cada vez mais claro a medida que vamos apreciando os oito episódios que compõe a primeira metade da 5ª temporada da série, que foram disponibilizados pela Netflix em 21 de agosto de 2020. Os novos episódios mostram todo o potencial artístico de Tom Ellis, que passa a viver dois personagens tão antagônicos no novo ano. Passamos as últimas quatro temporadas conhecendo Lucifer, com seu jeito debochado, seu poder de descobrir os desejos humanos, seu estilo cativante e todas as qualidades e falhas que aprendemos a amar, mas a chegada de Miguel é certeira, o novo personagem nos faz ter ódio a primeira vista, ele é invejoso, manipulador, mentiroso e todas as características que nunca esperávamos ver em um anjo, ele deixa claro que está disposto a usar seus poderes de enxergar os medos das pessoas para controla-las, e que está pronto para destruir o legado de seu irmão gêmeo enquanto tenta tomar o seu lugar e viver sua nova vida, vamos fundo na história que existiu entre Miguel e Samael, e somos colocados frente a frente com um dos maiores inimigos que o protagonista poderia ter, um ser tão poderoso quanto ele e que tem a mesma aparência, e que está pronto para, assim como sempre fez, demoniza-lo para voltar a ser o mais amado dos anjos do Céu. Apesar de essa leva de episódios ser completamente focada em Ellis, ainda temos um claro espaço para ver novas camadas nas personagens de Lauren GermanLesley-Ann Brandt , além de um discreto arco emocional protagonizado por Rachael Harris. A personagem de German está sofrendo com o seu presente, lutando contra a revelação do grande segredo de sua vida, saber que ela foi criada por Deus para ser o ponto fraco de Lucifer, o que a faz perder completamente o chão e precisar encontrar novamente sua razão de viver, uma jornada interna que mostra os maiores medos da Detetive e pode definir de vez a relação entre Decker e Lucifer. A personagem de Brandt está numa busca pelo passado, percebendo que está sem rumo agora que acredita ter perdido as duas pessoas que mais amou, o que a faz precisar voltar às suas origens, e entender quem realmente é, para que seja capaz de descobrir quem realmente deseja ser. Já a personagem de Harris está em um jornada pelo futuro, ela precisa rever seu passado e seu presente para vencer o medo de não ser uma boa mãe, ela precisa lidar com o fato de ser mãe de um anjo, dos riscos que corre e do quanto seu filho precisa dela, o que a faz se cobrar demais e buscar, sem rumo, respostas para suas perguntas.

Mostrando uma evolução no enredo que cria uma expectativa ainda melhor para o que pode vir a seguir, a nova temporada nos leva a extremos com seus oito episódios de cerca de 40 minutos, nos presenteando com episódios como “¡Diablo!” (5×03), que cria uma metalinguagem satírica ao nos apresentar Lieutenant Diablo, uma série criada por um roteirista amigo de Lucifer, que usou os relatos do protagonista para criar uma série de humor investigativo seguindo as aventuras de Diablo e a Detetive Dancer, o que mostra que a série está disposta até a fazer piada de si mesmo para nos divertir. Outro episódio que se destaca é o dúbio “It Never Ends Well for the Chicken” (5×04), o episódio especial em preto e branco que nos leva a 1946, quando conhecemos o passado de Lucifer em Nova York em um episódio que é praticamente um filler, mas que nos anima por nos apresentar Lilith, trazer um romance lésbico imaginário, ter Tricia Helfer como convidada especial e ser finalizado por uma cena tão tocante, que faz todo o filler ter valido a pena. No final, a primeira metade da quinta temporada de Lucifer eleve a série a um patamar nunca antes imaginado, nos levando a finalmente ver a relação de Lucifer e Chloe, nos levando a entender mais fundo dentro de cada personagem, dando pequenas evoluções em cada um deles, e, principalmente, introduzindo um personagem que é capaz de mudar completamente o rumo de toda a trama, deixando possibilidades infinitas para a parte B da quinta temporada e para a, agora confirmada, sexta temporada.

“Crianças, sabem que odeio quando brigam.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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