Review | Love, Victor [Season 1]

Nota
4

Os fãs do Simonverse (nome dado ao universo de Com amor, Simon) podem comemorar! Com Amor, Victor (Love, Victor) é tudo o que precisávamos para relembrar o que mais gostamos em Simon, e o melhor é que isso vem melhorado. Apesar de teen, a nova série da Hulu fala sobre a busca pela sua identidade e autoaceitação, um assunto importante, debatido de forma sutil num período tão obscuro para quem é diferente.

Em Com amor, Victor, conhecemos Victor Salazar (Michael Simino), um adolescente latino que acabou de se mudar para Atlanta. Mas mudar de cidade nunca é tão fácil… E poderia, afinal, a cidade está lotada de cidadãos com mente aberta. Se Simon tinha pais que o aceitavam e amigos que o apoiavam, Victor não tem. Com pais religiosos, uma família conservadora e sem amigos, as coisas para o garoto latino não são tão fáceis, e tudo piora quando ele descobre uma crise no relacionamento dos seus pais, motivo pelo qual eles mudaram de cidade. Além disso, Victor é extremamente empático, um ponto muito positivo na construção do personagem, e não quer trazer problemas para família. Assim, ele evita e nega ao máximo sua atração por Benji, o crush da escola, e decide dar uma chance a Mia, a garota meiga e popular de Creekwood. Mas será que isso dará certo?

Em 10 episódios, percebemos toda a conexão de Victor com Simon e Creekwood. Fica claro que essa relação não foi feita de maneira aleatória, mas tem um objetivo tão claro que subjaz a narrativa, e é impossível não ficar pensando o quanto a comunidade é a família que escolhemos e o apoio que precisamos. Essa relação mostra o quanto os dois personagens são extremamente opostos, Simon estava sob uma camada de privilégios que facilitavam a sua autodescoberta e autoaceitação, o que não acontece com o Victor. Inclusive, o encontro dos dois personagens é a cereja do bolo da série, afinal o Simon representa toda a comunidade e a vontade que todos tenham a chance de ser feliz ou de se conhecer como de fato é.

Outro ponto bastante positivo na série é a construção dos personagens, e a forma como foram inseridos e abordados nas narrativas. Primeiro, temos o Victor, que é um retrato da situação de muitos LGBTQIA+ no mundo. Em seguida, vem o Benji (George Sear), o garoto assumidamente gay da escola e que será a chave para Victor perceber que há algo de errado… E Mia, ela será uma espécie de escudo para o protagonista. Apesar de clichê, não é diferente do que realmente acontece, e o mais interessante é que, apesar de Mia ter um objetivo na vida do Victor, ele a ama, e é muito interessante como o sentimento vai crescendo, mesmo que saibamos que um deles sairá machucado no fim. A construção da família Salazar é outro ponto interessante, tirando a irmã do Victor, que acaba ficando perdida no meio de tantas narrativas secundárias.

Love, Victor não apresenta todas as dificuldades da comunidade LGBTQIA+. Caso queira discussões mais pesadas, o ideal seria assistir POSE. Mas é importante falar do processo de descoberta. Victor é um jovem, comete erros, não tem a experiência do que é ser LGBTQIA+, mas certamente passará por vários obstáculos nesse percurso, o interessante é entender como ele cresce do 1° episódio ao último, e do quanto ajudará outros jovens a se conhecer e criar coragem para serem quem são. Dessa vez, sem tantos privilégios, mas com uma comunidade para ajudá-lo e apoiá-lo.

 

Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.

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