Review | La Brea [Season 1]

Nota
4

“Todos vocês caíram por aquela luz no fundo da cratera?”

Um enorme sumidouro se abre misteriosamente no meio de Los Angeles, próximo ao local dos famosos Poços de Tarte de La Brea, puxando para suas profundezas centenas de pessoas, veículos e edifícios, incluindo Eve Harris e seu filho, Josh Harris, através de um portal temporal que os leva para 10.000 aC. No presente, Gavin Harris, ex-marido de Eve, começa a perceber que as visões esquizofrênicas que vem tendo desde 2018, quando sofreu um acidente no deserto de Mojave, são na verdade vislumbres do que existe do outro lado do portal, uma informação que logo chama a atenção do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, principalmente da Dra. Sophia Nathan.

Parecendo uma mistura de Lost e Terra Nova com pitadas de Dark e Under The Dome, a série criada por David Appelbaum para a NBC traz, em seus dez episódios de cerca de 40 minutos, uma aventura épica completamente centrada em uma família dividida entre dois mundos. De um lado temos Eve e Josh sobrevivendo num mundo do qual não conhecem nada, criando uma comunidade junto com as outras pessoas que caíram na dolina, tentando se proteger e desvendar os mistérios que existem nesse período jurássico. Para tal eles acabam se unindo a Dr. Sam Velez, um cirurgião e ex-fuzileiro, sua filha, Riley, que rapidamente se torna um interesse amoroso de Josh, a policial Marybeth Hill e seu filho problemático, Lucas, além de Scott, um estagiário de paleontologia, e de Ty, um psicólogo com câncer terminal. No presente, temos Gavin e Izzy, a filha mais velha do casal, lutando para entender o que aconteceu com as pessoas que caíram na dolina, buscando a ajuda da Dra. Nathan e do agente Adam Markman e tentando a todo custo conseguir o envio de uma equipe de resgate para salvar sua família.

Apesar dos maiores avanços na trama do show depender dos movimentos feitos por aqueles que estão no presente, a maior evolução roteiristica, e o maior foco de enredo, está por conta daqueles que foram transportados pelo portal da dolina. A história de Eve e Josh é completamente baseada na forma como a mãe se tornou superprotetora com seu caçula depois do acidente que fez Izzy perder uma das pernas. Em paralelo, temos os dilemas de Riley e Sam, com a garota tendo que lidar com a pressão do pai e o pai tendo que suportar o peso de ser o único médico no local e seus fantasmas da época de fuzileiro. A trama de Marybeth e Lucas é outra força motriz da série, a policial persegue o filho para tentar tira-lo do mal caminho, e o garoto, que é traficante, carrega um rancor de anos da mãe, de um segredo do passado dos dois que marcou muito ele. LillyVerônica também protagonizam uma trama extremamente complexa, as garotas possuem um segredo devastador e precisam escolher entre revelar ou não para os outros moradores da clareira, decidir se vão se permitir ou não a fazer amizades ali. Tudo se torna ainda mais denso a medida que vamos conhecendo as pessoas desse novo mundo, como a doença de Ty, o segredo de Silas e Isaiah ou a chegada de Paara e da Dra. Rebecca Aldridge.

Considerada como a nova Lost, La Brea é uma produção complexa, misteriosa e cheia de reviravoltas, o que justifica a facilidade com que ela nos captura e nos impulsiona a maratonar vorazmente seu primeiro ano. Não é a toa que a produção tenha tido uma estreia com a melhor audiência do outono americano, que já tenha sido renovada para uma segunda temporada e, em sua estreia no Brasil através da Globoplay, tenha se tornado a melhor estreia de série internacional do streaming. O enredo desenvolvido por Appelbaum é denso e nos surpreende, facilmente somos pegos lembrando da série de  Jeffrey Lieber, J. J. Abrams e Damon Lindelof ou nos sentindo em meio a uma versão sci-fi dos livros de Júlio Verne e Edgar Rice Burroughs, isso por que o show se alimenta da nossa curiosidade desde o primeiro episódio no momento em que nos mostra o velho com o símbolo de mão, deixando claro que há muitos mistérios a se entender sobre esse mundo, criando uma expectativa que vai sendo alimentada no decorrer dos episódios ao mesmo tempo que mais segredos vão sendo revelados, que mais perguntas vão sendo deixadas e que novas surpresas se preparam para serem expostas, o timing do roteiro é com certeza uma grande vantagem da produção, que nós deixa uma pista para muito depois transformar em uma informação.

“Eu sei lá. Vai ver a gente só tá num episódio de Lost.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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