Review | Elite [Season 1]

Nota
4.5

Imaginem se pegássemos um liquidificador e batêssemos Rebelde, La Casa de Papel e 13 Reasons Why… o resultado final seria Elite e, por incrível que pareça, isso não é ruim, já que a produção soube pegar o melhor de cada série e trazer para a trama.

A trama inteira tem dois tempos e dois guias. No passado, temos a chegada de três bolsistas em Las Encinas. Os três novatos estudavam numa escola que desabou por descuido da empresa que a construiu e, como pedido de desculpas pela construtora, acabaram ganhando uma bolsa, uma forma de pedir perdão à sociedade. Já no presente, temos o fim do ano, uma investigação policial em busca de um estudante de Las Encinas. A relação entre o passado e o presente pode ser respondida em 2 perguntas: quem é o assassino de Marina? E como a chegada dos três bolsistas levou a essa fatalidade?

Os três bolsistas são introduzidos logo de imediato. Temos Samuel, a estrela principal, o garoto tímido que entende bem o sistema e sabe o quanto é perigoso ser o pobre numa escola de ricos. Nadia é outra bolsistas, vinda de uma família islâmica; ela logo se destaca no grupo e torna-se alvo imediato de Lu por ser extremamente inteligente e, consequentemente, a maior concorrência para ela. O trio de bolsistas é completado por Christian, o influencer, que está sempre ligado em seu instagram e é o típico garoto que faria de tudo para se tornar famoso e ter vários seguidores.

No lado rico, temos a Marina, a primeira a aceitar os novatos, a garota que possui um passado obscuro com Pablo, o último bolsista da escola e que é a responsável por todo o preconceito existente com os alunos para bolsistas. Guzman, o irmão de Nadia, é o mauricinho e líder dos riquinhos. Carla é a filha da marquesa e namora com Polo, filho de mães lésbicas, uma delas CEO de uma empresa de marketing. Temos ainda a Lu (Lucrecia), que é a mais inteligente do grupo e vive uma amizade colorida com Guzman. Por último, mas não menos importante, temos Ander, o filho da diretora e astro do tênis.

A chegada dos bolsistas parece derrubar o mundo dentro da escola; o romance de Guzman e Lu é abalado por Nadia; a queda de Samuel por Marina; a intromissão de Christian no romance de Polo e Carla; a entrada de Ander no mundo das drogas e sua descoberta como gay; e, claro, a morte de Marina, que é executada por um deles. A trama se desenvolve (no passado) do momento em que os bolsistas chegam na escola até o momento em que Marina é morta, fazendo-nos vivenciar tudo o que aconteceu na escola naquele semestre e o quanto todos tinham motivos para matar a garota.

A série é um show do começo até quase o fim. Infelizmente, a revelação do assassino é a pior parte da trama, já que com tanta gente e tantos motivos para matá-la, o culpado e sua motivação acabaram sendo extremamente ofuscados. Muitos personagens poderiam matar a Marina e nos levar a loucura, mas quem matou acabou fazendo de forma nada entusiasmada, o que nos deixou com aquela sensação de vergonha alheia ao ver algo ser tão bem construído para ser executado de forma tão porca. No final das contas, só nos resta aceitar o fato e nos alegrar pelo percurso e pela forma como eles souberam arrematar a série com um pouco das consequências no presente. Além de tudo já citado, a produção ainda toca nos temas corrupção e DSTs, tudo com tato e delicadeza para quebrar preconceitos.

Devo confessar que a trama deixou muito pano pra manga para uma segunda temporada, pois os 8 episódios de 60 minutos lançados pela Netflix, em 5 de outubro de 2018, não são suficientes para resolver toda a trama, deixando faíscas para um incendioso espetáculo na segunda temporada, que já foi confirmada. Todos querem saber os efeitos que a morte da Marina teve na escola. Afinal, a personagem se tornou oficialmente a nova Hannah Baker. Todos querem ver muitas das dúvidas que restaram e o destino dos relacionamentos que surgiram:  o que vai acontecer com Omar e Ander? Ou com Christian, Carla e Polo? Ou com Nadia, Guzman e Lu? Muitas questões, muitas expectativas e uma trama perfeita. Resta esperar para ver o que virá por aí.

“Quando a pólvora mistura com o fogo, só pode acontecer uma coisa… Explode!”

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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