Review | Crime Scene [S1: The Vanishing at the Cecil Hotel]

Nota
3.5

“Um hotel com um passado famoso é o local de outro caso bizarro.”

Em 28 de Janeiro de 2013, Elisa Lam fez o check-in no Hotel Cecil, em Los Angeles, o lugar onde, em 31 de Janeiro de 2013, ela foi vista pela última vez. Já faz oito anos desde que o Caso Elisa Lam estampou os jornais, uma jovem estudante viaja para conhecer os Estados Unidos e acaba morrendo de uma forma completamente insana, gerando uma das investigações mais cheias de perguntas da história. Até hoje ninguém sabe explicar o que realmente aconteceu com Elisa, até hoje ninguém entende aquela icônica cena do elevador, até hoje o Caso Elisa Lam é um grande caso de Mistério e Morte no Hotel Cecil.

Lançado em 10 de Fevereiro de 2021, Crime Scene: The Vanishing at the Cecil Hotel é uma minissérie de quatro episódios, de cerca de 50 minutos cada, que vai a fundo em todos os argumentos ao redor do Caso Elisa Lam. Temos um documentário que nos leva a ouvir as opiniões do investigadores, dos ex-funcionários do Hotel Cecil, de um casal que se hospedou no Hotel na época que Elisa estava desaparecida, o que nos dá diversos pontos de vista sobre a questão e sobro o impacto que o caso teve em várias esferas de Los Angeles. Temos até uma analise profunda sobre o Skid Row, uma área de 56 quarteirões onde vive a população mais pobre da cidade e que é considerado um dos lugares mais perigosos e violentos do EUA, área que, por coincidência, é onde está localizado o Hotel Cecil.

“O Cecil é um personagem tanto quanto a Elisa.”

A hábil direção de Joe Berlinger, que lhe garantiu uma nomeação ao Oscar 2012 na categoria de Melhor Documentário em Longa-metragem, pode ser vagamente sentida nessa série documental, quando ele cria um complexo quebra-cabeças que nos prende fixamente em frente à tela, mesmo que por tempo demais. A produção tem uma trama muito detalhada, começamos a série com “Lost in Los Angeles” mostrando o começo da grande investigação, focando principalmente em Tim Marcia e Greg Kading, investigadores responsáveis pelo caso, e em Josh Dean, um famoso jornalista americano, e as primeiras suspeitas de que algo aconteceu na rua até o momento que se descobre que Elisa nunca saiu do hotel, e que a verdadeira investigação começa. “Secrets of the Cecil”  começa a focar muito mais na visão de Amy Price, a ex-gerente do Hotel, que vai nos revelando como é trabalhar num Hotel onde quase todos os quartos são marcados por mortes, sejam assassinatos, suicídios ou overdoses, e em John Lordan, um youtuber e ‘detetive da internet’, que nos mostra o grande impacto que o caso teve ao viralizar na internet, principalmente depois que a policia divulgou a famosa cena do elevador.

A série ainda nos confronta com os depoimentos de Kim CooperDoug Mungin, dois historiadores que dão luz ao histórico do hotel e do local onde ele foi construído, de Santiago Lopez, que trabalhava como zelador do Hotel na época, de John Sobhani, um estudante de odontologia que fundou um grupo de discussão no Facebook para reunir os detetives de internet e debater sobre o caso, de Jason TovarJudy Ho, legistas que ajudam a dar uma luz sobre as conclusões tiradas a partir da necropsia do corpo de Elisa, de Michael e Sabina Baugh, que foram responsáveis por perceber que a água do hotel estava com cor e gosto estranhos (o que resultou na descoberta do corpo de Elisa na caixa d’água 19 dias após seu desaparecimento), e de Pablo Vergara, um cantor de death metal conhecido como Morbid Blackstar que acabou sendo considerado como um dos suspeitos do assassinato de Elisa.

“Eu sou louca, mas Los Angeles também é!”

A série é protagonizada por Viveca Chow e Artemis Snow, atrizes que foram, respectivamente, responsáveis por interpretar Elisa e dublar a leitura de suas postagens, que claramente tiveram a dura missão de trazer uma performance imparcial de um dos casos mais complexos conhecidos. Tudo que temos na série é uma intensa investigação que quebra completamente as diversas narrativas conspiratórias que surgiram ao redor da morte de Elisa, e é em “Down the Rabbit Hole” que somos realmente levados por essa narrativa online, quando os investigadores da internet começam a querer se hospedar no hotel e investigar in loco, começam a criar suas teorias e os telefones da policia começam a enlouquecer, cheio de civis querendo dar suas sugestões sobre o que poderia ter acontecido, começam a fazer reconstituições e diversificar ainda mais as possibilidades sobre o que Elisa pode ter feito em seus últimos segundos de vida e, principalmente, fortalecem a possibilidade de Elisa não ter estado sozinha nesses seus últimos momentos.

É nesse penúltimo episódio que vamos, inclusive, a fundo das milhares de teorias capazes de explodir nossas cabeças, incluindo a famosa teoria das muitas coincidências que existe entre a morte de Elisa e o roteiro de Água Negra, filme lançado oito anos antes do desaparecimento da jovem, e do suspeito surto de tuberculose que surgiu em Skid Row nas semanas após a descoberta do corpo, uma doença que pode ser diagnosticada através de um teste chamado LAM-ELISA. A série então se completa com “The Hard Truth”, quando passamos a rever toda a história sob o olhar dos legistas e investigadores, com todos os dados finais que levaram à conclusão do caso, com todas as informações que nos levaram ao mistério que perdura até hoje, que nos leva a questionar se o caso de Elisa realmente está solucionado ou tem apenas uma conclusão superficial capaz apenas de tirar do foco toda a explosão midiática que surgiu em torno do caso. A série dirigida por Berlinger vai além do obvio, ela marca a história por trazer entrevistas inéditas (como Amy Price, Tim Marcia e Pablo Vergara) e nos mostrar todas as versões para essa morte, a policial, a dos teóricos, e a dos internautas, nos revelando detalhes envolventes e nos fazendo questionar ainda mais sobre quem realmente matou Elisa, foi um assassinato ou um afogamento acidental? A produção peca por alongar demais uma história que poderia ser contada habilmente com menos tempo, mas temos uma versão mais crua da narrativa, que deixa no colo de seu público a missão de decidir como Elisa Lam realmente morreu.

“O Hotel Cecil é o lugar ideal para o crime, para a violência e assombração, que continua nos chamando.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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