Resenha | O Lago das Sanguessugas

Nota Geral
3.5

“Se vocês não querem ler uma história que é só tragédia do início ao fim, esta é a última chance de largar este livro, porque os tormentos dos órfãos Baudelaire começam já no próximo parágrafo”

Para os desavisados de plantão, essa não é uma história feliz. É cheia de infortúnios e desventuras com raros raios de esperança, que são logo encobertos pelo mais profundo desespero. Mas ainda existe esperança para que você largue essa série de livros e procure algo mais feliz, ou quem sabe algo não tão triste e mórbido. Se depois desses três volumes da saga você ainda persistir, existe algo realmente errado com você.

Após sua traumática passagem narrada em A Sala dos Répteis, os Órfãos Baudelaire se encaminham desencantados para o Lago Lacrimoso, onde vive sua Tia Josephine (tia essa que eles nunca tinham ouvido falar até o presente momento). A casa de Josephine já mostra sua própria peculiaridade, reclusa no topo de um precipício, inclinada para o lago, a estranha senhora procura se isolar de tudo que possa ser perigoso. E isso inclui: desde abrir maçanetas a usar o fogão para esquentar a comida.

Sua verdadeira paixão, fora o marido que morreu de forma trágica, é a gramática e, mesmo com a rotina maçante, os órfãos começam a se acostumar com sua nova vida. Porém, um velho inimigo ressurge para tentar recuperar a fortuna dos Baudelaire e apagar qualquer vestígio de felicidade que possa entrar na vida dos irmãos.

O Lago das Sanguessugas é o terceiro livro da desafortunada série escrita por Lemony Snicket. É interessante acompanhar que, por mais desastrosas que sejam a jornada dos Baudelaire, Lemony sempre mostrou um respeito incomum pela mente infantil, com um texto inteligente e cheio de nuances que encantam bem o seu leitor, embora nos deixe levemente depressivos. Uma coisa que eu sempre gostei na saga de Snicket são os Easter Eggs escondidos em seu texto, cheios de referências literárias a quem procurar direito. E não poderia ser diferente com esse volume. Passando por furacões famosos até uma grande baleia branca, o lago esta lotado delas.

O autor sabe aproveitar bem as singularidades de cada personagem. A Tia Josephine poderia ser uma ótima tutora, se não fosse seus medos constantes ocasionados pela morte do seu marido Ike. E, embora viva constantemente amedrontada e não seja uma guardiã tão interessante quanto o Tio Monty, ela dá o seu melhor (ou quase) para ajudar os Baudelaire. O Conde Olaf ressurge em um novo disfarce para atormentar a vida dos pequenos. Como Capitão Sham, o Conde esta preparado para executar um plano diabólico e reaver a guarda e a fortuna dos irmãos, destruindo toda e qualquer esperança de um destino feliz.

A edição da Seguinte segue o mesmo padrão gráfico das anteriores. É triste perceber como certos detalhes (como o jogo de palavras do título original) se perde na tradução. Não que ela esteja ruim, mas é uma perda que enriqueceria ainda mais a obra. As páginas amareladas e os desenhos magníficos que acompanham a obra encantam ainda mais o leitor, tornando a leitura ainda mais rápida e confortável.

Seguindo o mesmo padrão que seus anteriores, com algumas leves mudanças, O Lago das Sanguessugas tenta levar algo novo para serie de infortúnio, embora não com tanta força. Com uma corrida contra o tempo e novos mistérios, as lembranças lacrimosas desse volume se perdem na vastidão do que nos é apresentado. Só resta torcer para um futuro melhor e esquecer do que aqui foi visto.

“Era um tal alívio constatar que finalmente alguma coisa tinha dado certo, que eles riram como se estivessem no circo, e não no meio de um lago, no meio de um furacão, no meio da maior encrenca.”

Ficha Técnica
 

Livro 3 – Desventuras em Série

Nome: O Lago das Sanguessugas

Autor: Daniel Handler / Lemony Snicket

Editora: Seguinte

Skoob

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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