Resenha | O Filho de Netuno

Nota
3.5

“Aqueles guardas romanos à porta o inquietavam. Alguma coisa lhe dizia: ‘Aqui não é meu território. Aqui é perigoso.'”

Há dois meses, Percy Jackson acordou na Casa do Lobo sem saber nada sobre seu passado, sua memória havia sido apagada, ele apenas se lembrava vagamente sobre quem era e lembrava de Annabeth, a garota que sempre amou, mas eram lembranças obscuras. Logo, Percy encontrou com os lobos que o guiaram até Lupa, a grande deusa em forma de lobo que o ensinou a entender seus instintos e o instruiu a entrar numa viagem ao sul, para uma missão que o ajudaria a recuperar sua memória, uma missão que pode ter relação com o vindouro despertar da deusa Gaia no Festival da Fortuna.

Quando lançou O Herói Perdido em outubro de 2010, Rick Riordan foi bastante questionado sobre o paradeiro de Percy Jackson. Um ano depois, com o lançamento de O Filho de Netuno, chega a resposta para todos os questionamentos. Da mesma forma como o livro anterior apresentou diversos novos personagens para o universo que já conhecíamos, sua sequência chega para expandir ainda mais o Riordanverso ao nos apresentar o Acampamento Júpiter e todos os seus habitantes. Se o Acampamento Meio-Sangue abriga os semideuses gregos e tem sua estrutura, muita mais liberal, e todo uma atmosfera que nos cativou, o Acampamento Júpiter chega para abrigar os semideuses romanos, contrastar com essa atmosfera, nos apresentando uma estrutura muito mais rígida e militarizada, com uma presença muito mais discreta e uma importância tão grande quanto seu ‘rival’. Perdendo um pouco de seu ritmo e apresentando um enredo que parece ser só um complemento de seu antecessor, a obra só se salva por conta das novidades em seu background e da complexidade seus novos personagens.

“Romanos, eu lhes apresento o filho de Netuno. Há meses ele está entorpecido, mas agora despertou. O destino dele está em suas mãos.
O Festival de Fortuna se aproxima rapidamente, e a Morte deve ser desencadeada se vocês quiserem ter alguma esperança na batalha.”

Reyna, filha de Belona, deusa da guerra, parece ser fria, decidida, e consegue se encaixar bem no rígido papel de comando de todo o acampamento, mas ela também tem um passado, um passado que parece se conectar com o passado de Percy, mas até onde ela estaria disposta a contar? Até onde ela acha relevante revelar sobre o que ela sabe sobre Percy Jackson? Hazel, filha de Plutão, deus do submundo, é um grande enigma a ser decifrado, ela é poderosa e ao mesmo tempo doce, com seus fantasmas do passado e um grande segredo sobre seus poderes, um segredo que pode colocar em risco todos ao seu redor, um passado que se conecta com um ponto muito distante do passado. Frank, o legado de Netuno e filho de Marte, parece não ser como todos os outros, mas ele tem muito o que descobrir sobre si mesmo, assim como tem muito a esconder sobre sua família, Frank tem muito poder não descoberto ao mesmo tempo que tem uma enorme fragilidade para encarar. Octavian, o legado de Apolo, é uma espécie de sacerdote do Acampamento, supostamente capaz de fazer consultas do futuro através do enchimento de ursinhos de pelúcia, com uma personalidade manipuladora, gananciosa e maléfica. Além desses, somos apresentados à cativante harpia Ella, a misteriosa deusa Juno, o presunçoso deus Marte, o traiçoeiro Fineu, e muitas outras personalidades que só engrandecem a trama e a jornada de Percy em busca de salvar o mundo e saber sobre o seu passado.

Lançado no Brasil pela Editora Intrínseca, a segunda parte da saga Os Heróis do Olimpo traz uma trama assertiva porém alongada demais, que faz parecer que Tio Rick queria apenas trazer Percy de volta para a equação e esquece de dar um verdadeiro valor para a jornada de seu protagonista, uma jornada que só é boa o bastante por conta da evolução que vamos vendo em Hazel e Frank, quando vamos descobrindo sobre seus passados, seus segredos e suas maldições. Ainda dentro uma atmosfera meio confusa e cansativa, O Filho de Netuno pode não ser tão maçante quanto seu antecessor, mas ele tem menos conteúdo, sustentando por tempo demais um mistério que já foi solucionado no livro anterior e perdendo um tempo que seria melhor usado para evoluir seu protagonista e fortalecer seus companheiros, dando um certo ar de oportunismo para a história em paralelo com a curiosidade do que vem a seguir, lançando dilemas e questões que precisam ser melhor desenvolvidas, e deixando brechas que talvez ainda tenham tempo suficiente para ser fechadas.

“Sigam até o Alasca.
Encontrem Tânatos e o libertem.
Voltem até o pôr do sol do dia vinte e quatro de junho ou morram.”

 

Ficha Técnica
 

Livro 2 – Os Heróis do Olimpo

Nome: O Filho de Netuno

Autor: Rick Riordan

Editora: Intrínseca

Skoob

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *