Resenha | O Festim dos Corvos

Nota
4

“- No jogo dos tronos, até as peças mais humildes podem ter vontade própria. Por vezes, recusam-se a fazer as jogadas que planejei para elas. Preste bem atenção, Alayne. É uma lição que Cersei Lannister ainda terá que aprender.”

Após o violento Casamento Vermelho, o Norte se encontra em um caos sem precedentes. A perda de seu rei colocou os senhores do Norte uns contra os outros enquanto os Homens de Ferro aproveitam o momento para emergir com um força implacável e avassaladora contra eles. Os jovens lobos sedentos por sangue e vingança estão dispersos pelas terras devastadas dos Sete Reinos enquanto a rainha regente Cersei chora por suas feridas e tenta manter intacta a força dos leões em Porto Real.

Arya abandonou Westeros rumo a Bravos, disposta a aprender uma técnica milenar que pode garantir a vingança que tanto almeja. Sansa se encontra nas mãos do mais ambicioso e maquiavélico lorde dos Sete Reinos, aprendendo seu jogo e a como usar tudo a seu favor. Já Jon Snow foi proclamado comandante da Muralha, mas, além de encarar o julgamento de seus irmãos por sua traição, o Bastardo de Winterfell precisa enfrentar a vontade férrea de Stannis Baratheon.  E Bran desapareceu na vastidão branca das terras enigmáticas para além da Muralha, onde jogos políticos são os menores dos seus problemas.

Enquanto Euron Greyjoy consegue ser escolhido rei das Ilhas de Ferro e Olho de Corvo levanta seu povo para conquistar Westeros, Cersei Lannister enreda-se em uma rede de mentiras cada vez mais sufocante. Cercada por inimigos, a leoa se vê sozinha com um grupo de incompetentes que podem levar seus planos e seu poder à ruína. Um passo em falso e tudo pelo qual lutou pode ser jogado fora; um passo em falso e sua morte será certa.

Enquanto a guerra se aproxima do fim, novos temores parecem surgir. A Estrada do Rei não é mais segura, os Sete Reinos estão devastados e no meio de toda intriga e tragédia, do outro lado do mar, histórias nefastas sobre dragões e sangue, fogo e aço e uma jovem rainha procurando por seu trono mostram que uma batalha política não é nada comparado ao que está por vir…

Após a mescla de sentimentos narrados em A Tormenta de Espadas, George R.R. Martin decide nos presentear com um cenário caótico onde reis foram destruídos e seu reino se encontra em um caos completo. Idealizado para ser um livro único com seu sucessor, O Festim dos Corvos apresenta uma trama mais política e centrada nos problemas da corte. O que pode ser um balde de água fria para quem esperava uma sucessão de lutas e batalhas, mas se mostra amadurecido e centrado em seu próprio jogo.

Entendo que esperávamos o desfecho empolgante dos nossos personagens favoritos, mas o livro apresenta A Crônicas de Gelo e Fogo no seu cerne mais puro: com disputas políticas e armações detalhadas que, se jogadas de modo leviano, podem levar a destruição de seus participantes. O livro pode parecer monótono e entediante aos que esperam batalhas grandiosas e choques intermináveis, mas ele se mostra afiado como palavras não ditas e é tão poderoso quanto maquinações veladas, mostrando toda sua magnitude a quem tiver paciência com suas palavras.

Um grande exemplo disso se apresenta nos capítulos de Sansa. Rebatizada de Alayne para se esconder em plena vista de seus inimigos, a lady de Winterfell finalmente começa a dar seus primeiros passos no jogo. Orientada por Mindinho, Alayne começa a perceber o poder que uma boa jogada pode ter e aprende a como usar as coisas que um dia a machucaram a seu favor, nos dando um breve vislumbre da poderosa jogadora que um dia ela pode ser.

E, por falar no diabo, podemos analisar um pouco melhor as artimanhas e o pensamento afiado de Mindinho nesse volume. Acostumado a estar na sombra e controlar a todos ao seu redor, Petyr Baelish sabe jogar como ninguém e mostra uma Sansa que ainda conhecemos tão pouco, a personagem que aprendeu a jogar.

Em Dorne, conhecemos as filhas bastardas de Oberryn Martell, denominadas Serpentes da Areia. Insatisfeitas com o destino sangrento de seu pai e a complacente de seu tio, as Serpentes se preparam para uma rebelião que podem colocar em risco a curta aliança de Lançassolar e Porto Real. Brienne está determinada a cumprir sua promessa a Catelyn e encontrar Lady Sansa, para protegê-la dos perigos que possam aparecer no seu caminho. Em meio a suas buscas, a cavaleira de Tarth terá encontros inesperados que podem mexer com sua honra.

Jamie Lannister encontra-se em um dilema moral. Apesar da morte do Jovem Lobo, Correrrio ainda resiste às investidas dos Lannisters. Cabe a Jaime conquista o baluarte dos Tully e trazer a vitória a sua rainha. Mas como fazer isso sem descumprir o voto solene que prestou a Catelyn Stark? Como manter a pouca honra que ele tem e honrar a promessa feita a uma mulher morta? E porque isso é tão importante para ele nesse momento? Sua irmã e seus filhos deveriam ser mais importantes que essa promessa, não deveriam? E da última vez que tentou ser honrado, seu pai terminou morto. Mas, apesar de tudo isso, ele ainda sente que algo está terrivelmente errado.

Cersei não pode confiar mais em ninguém, nem mesmo no seu irmão. A Rainha Regente já perdeu demais e não permitirá que ninguém mais toque no que lhe resta. Durante três volumes acompanhamos as maquinações da leoa, mas agora podemos entender sua mente doentia e calculista. Cersei se acha superior aos demais mas não é tão inteligente quanto acha que é. Com um poder tão grande nas mãos, Cersei começa a se atrapalhar e mostrar as falhas que sempre apontaram no seu caminho. Mas com seus pensamentos ácidos e sarcásticos, é inegável que a Rainha rouba a cena e conduza alguns dos melhores plots da obra, nos proporcionando alguns dos melhores momentos e uma visão privilegiada da mente ensandecida da leoa que fará tudo para proteger seus filhos.

Embora não avance tanto com a trama e não seja o melhor livro da saga, O Festim dos Corvos nos mostra um jogo poderoso que esta longe de acabar. Trazendo o poder contido em jogadas bem pensadas e nos fazendo mergulhar de cabeça nas políticas que sempre estiveram presentes na saga. O livro nos conduz por seu próprio caminho jogando sementes que estão prestes a germinar e mudar de vez a história que conhecemos.

“Controle seu rosto, e assim você pode mentir.”

Ficha Técnica
 

Livro 4 – As Crônicas de Gelo e Fogo

Nome: O Festim dos Corvos

Autor: George R.R. Martin

Editora: Leya

Skoob

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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