Resenha | Mulher-Gato: Ladra de Almas

Nota
4

“Selina conferiu o chicote na cintura, a calça justa preta, o par de tênis verde que combinavam com seus olhos – embora ninguém jamais tivesse comentado a respeito. Verificou se estavam bem presos. Tudo certo.”

Selina Kyle era só uma jovem de 17 anos, mas viver no East End não é fácil, ainda mais quando você não sabe quem é seu pai e sua mãe desapareceu no mundo das drogas, e, como se isso tudo não fosse suficiente, Selina ainda precisa proteger sua irmã caçula, Maggie, de apenas 13 anos, que sofre de Fibrose Cística, uma doença que vem destruindo seu pulmão e seu pâncreas. Para pagar essa vida de médicos, remédios, contas e alugueis, a garota precisou se juntar às Leopardas, uma gangue feminina local liderada por MikaAni e que serve a Carmine Falcone, quando não está roubando, uma vida de brigas de rua para entreter o pessoal de Falcone, a cada vitoria Selina ganha uma pinta tatuada no braço, a garota já possui 27 pintas, é a melhor lutadora da gangue, principalmente após unir suas habilidades acrobatísticas, que aprendeu quando fazia ginastica, com um chicote, a arma que ela teve de escolher por falta de opção em sua primeira luta.

Mas tudo isso era antes, agora, dois anos se passaram desde que Selina foi pega pela policia, dois anos desde que sua irmã foi levada para um abrigo, dois anos desde que uma mulher bem vestida apareceu na delegacia e lhe ofereceu a liberdade em troca de ir ao seu internato, ela lembra bem do dia que conheceu Talia, a mulher que a levou para as Montanhas Dolomitas, na Itália, onde ela foi treinada por ela e por Nyssa, as duas irmãs Al Ghul, para se tornar uma soldado da Liga dos Assassinos. A garota então volta para Gotham, agora disfarçada como Holly Vanderhees, uma socialite loira, rica de berço e cansada da Europa, para uma missão da Liga, mas será que ela será capaz de completar sua missão ou irá acabar caindo nas garras do Batwing, justiceiro que assumiu o posto do Batman desde que ele desapareceu em uma missão secreta, ou nos braços do galanteador Luke Fox, filho de Lucius Fox, vizinho de Holly e, secretamente, justiceiro nas noites de Gotham.

“- Você é da família Wayne, ou algo assim?
Talia soltou uma risada baixa, sem se dar ao trabalho de se virar.
– Não – respondeu ela – meu sobrenome é Al Ghul.”

A trama escrita por Sarah J. Maas é extremamente gratificante, ver as Sereias de Gotham se conhecerem, ver a relação de empatia que existe entre Selina e Hera Venosa, ver o sofrimento do amor que Hera possui por Arlequina, e que a palhacinha não é capaz de corresponder, o livro consegue extrair sentimentos contagiantes das vilãs, o que nos faz querer entender mais a fundo as motivações da Hera, que aqui é retratada como uma vítima da ganancia, que foi feita de cobaia por cientistas e perdeu sua humanidade no processo, ou ver mais a fundo a sofrida origem de Harley, sentindo no fundo do nosso peito os abusos que a garota sofreu com o Coringa, mesmo que isso não seja deixado explicito hora nenhuma, mas as sequelas ficam claras na personalidade da moça. Por outro lado, é dúbio o sentimento que temos quanto à dinâmica de Selina e Luke, somos levados o tempo todo a shippar eles dois mas, lá no fundo, é complicado se deixar ceder a um romance entre Selina e outra pessoa que não seja Bruce Wayne, é complicado aceitar que a tão amada esposa do Batman possa se envolver com um de seus assistentes.

Mulher-Gato: Ladra de Almas consegue nos mostrar o melhor lado de Selina ao mesmo tempo que constrói uma anti-heroína forte, ele opta por excluir o Batman da equação e faz uma ótima escolha ao deixar um herói mais inexperiente para cuidar da situação, mas ao mesmo tempo erra ao nos apresentar um interesse romântico entre os dois, simplesmente não da pra aceitar um romance entre Selina e Luke, não por eles não terem química, mas pelo fato de isso ferir toda a mitologia da personagem. No fim, acabamos nos entregando a trama e amando Selina, torcendo por seus crimes e vendo que existe bondade em seus atos, que cada roubo fez parte de um bem maior e que cada mistério tinha um segredo obscuro por trás. Apesar de não nos levar a fundo na Liga dos Assassinos, o livro nos deixa deslumbrar um pouco do que seria esse treinamento, lembrando bastante a Mulher-Gato criada por Lauren Myracle e sendo uma trama que se encaixaria tão bem como uma continuação da graphic novel da DC Ink, se não fosse pelas pequenas informações que a trama traz e não são mostradas na HQ. Extremamente envolvente e sedutor, Selina realmente rouba um pedaço de nossas almas com toda a execução do seu plano que parece tão maléfico mas é feito de uma forma tão bem intencionada.

“Naquela cidade havia gente boa, inocente, que precisava de alguém que as defendesse.
Como Mulher-Gato, como a Dama de Gotham City, ela poderia ajudar a ditar as regras. A controlar o caos.”

 

Ficha Técnica
 

Livro 3 – Lendas da DC

Nome: Mulher-Gato: Ladra de Almas

Autor: Sarah J. Maas

Editora: Arqueiro

Skoob

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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