Resenha | A Irmã da Pérola

Nota
4

“Pela graça de Deus, sou o que sou.”

Ceci D’Aplièse nunca se sentiu tão perdida em toda sua vida. Após a morte do pai adotivo e o distanciamento brusco da sua adorada Estrela, ela se viu sozinha e desamparada no mundo. Não vendo mais sentido em continuar sua vida caótica em Londres, Ceci começa a seguir as coordenadas deixadas por Paul Sault para desvendar os mistérios por trás de sua origem. As únicas pistas que possui são uma fotografia em preto e branco e o nome de uma das primeiras exploradores da Australia, um dos únicos continentes que evitou a todo custo.

Antes de achar o seu destino, Ceci faz uma parada no único lugar em que se sentiu verdadeiramente feliz: as deslumbrantes praias de Kabri, na Tailândia. Lá, em meio a seus dilemas e dúvidas, ela conhece Ace, um misterioso rapaz, que se isola do mundo e parece temer o passado tanto quanto a própria Ceci. Duas almas perdidas e isoladas que parecem se ajudar a seguir o caminho e lidar de vez com seus problemas. Quando enfim chega a Austrália, algo parece pulsar dentro de Ceci, respondendo a energia das escaldantes planícies. Mostrando que talvez ela esteja perto de encontrar suas raízes.

Filha de um pastor em Edimburgo, no século XX, Kitty McBride descobre um segredo horrível que abala sua maior base de sustentação. Ela então se vê presenteada (ou seria afastada para não causar confusão?) com a oportunidade de deixar o ambiente opressivo em que cresceu e ir a Austrália como dama de companhia da Sra. McCrombie. Encantada com a possibilidade de conhecer um novo mundo, Kitty procura ver o lado bom do seu destino e aproveitar ao máximo a nova experiência. Quando desembarca em Adelaide, seus caminho se entrelaça com a família aristocrática da senhora que acompanhou e, principalmente, com seus dois sobrinhos. O espirituoso e inconsequente Drummond e o ambicioso Andrew, gêmeos idênticos personalidades tão diferentes e opostas e herdeiros de prospero Império de Pérolas que parece reger a região.

Com mais de um século de diferença, o caminho de Ceci e Kitty parece se entrecruzar, mostrando que talvez seja possível encontrar nesse continente desconhecido e avassalador aquilo que procuraram com tanta veemência: a sensação de pertencer a algum lugar.

A Irmã da Pérola é o quarto volume da saga As Sete Irmãs, da Irlandesa Lucinda Riley. Como seus anteriores, o livro se divide entre uma narrativa no passado e uma no presente, construindo bem o seu caminho para recontar a lenda da famosa constelação que da nome a saga. Esse é o livro mais próximo de suas lendas e imponência, mostrando outras vertentes sobre o conto das irmãs e mostrando outros jeitos de conta-lo. Confesso que foi o livro que menos esperei da saga, mas o que mais me ensinou a não duvidar da genialidade de Riley em construir seu enredo. Ao contrário dos livros anteriores, esse começa exatamente de onde A Irmã da Sombra terminou, avançando no tempo e nos levantando questionamentos pesados sobre o futuro da obra e como seus segredos vão ser revelados.

Quando apresentada nos livros anteriores, Ceci desperta um forte sentimento de asco no leitor, se mostrando muitas vezes egoísta e controladora, mas, como a própria personagem diz em seus pensamentos, toda historia possui dois lados. Ao entender o que se passa em seus pensamentos e toda dificuldade enfrentada pela mesma o sentimento começa a mudar de repulsa para uma simpática, e logo nos pegamos torcendo para que tudo dê certo para a protagonista, que parece estar vivendo um vendaval sem precedentes.

Ceci se sente perdida e em duvida de quem realmente é, tendo em vista que tudo que já lhe foi importante foi arrancado dela sem o menor aviso, ate sua arte parece ter sido oprimida por terceiros. É interessante acompanhar o crescimento da mesma e a busca para se encontrar. Kitty é determinada e lutadora, capaz de tudo para defender o que ama e sem o menor receio em lutar por seus ideais. Mesmo com uma historia trágica que mostra as consequências que o amor pode trazer na vida dos meros mortais, ela constrói sua vida em meio aos opressores e devastadores caminhos da Austrália. Sua bondade e sua garra são maravilhosos, apesar de ser humana e cometer erros como todos nós.

No elenco secundário temos fortes nomes, alguns já citados anteriormente, que constroem bem as subtramas e engrandecem a narrativa. Entre eles temos o misterioso Ace, que assim como Ceci procura fugir de seus problemas e reunir forças para fazer o que é certo. Chrissie, a leal amiga que Ceci encontra em seu caminho e mostra o quão tolo é se lamentar pela vida, mostrando toda sua garra e força em seguir em frente. Camira, uma aborígene que serve de companheira e confidente para a pobre Kitty, sendo a voz da razão é nos encantando com parte de sua cultura.

Seguindo o mesmo padrão gráfico, a Editora Arqueiro nos mostra o carinho e dedicação à saga tão amada por seus leitores. A capa nos seduz e encanta com suas cores magnificas, nos mostrando a imensidão do interior australiano e passando bem a sensação que Ceci teve ao longo do livro. A diagramação esta magnífica e as paginas amareladas são um descanso para os olhos.

Repleto de amores impossíveis, erros do passado e ate mesmo uma maldição, A Irmã da Pérola nos ensina a não julgar alguém antes de conhecer seu lado da história, encantando com uma cenário desolador e nos mostrando que nossas raízes podem sobreviver ate ao mais devastador dos destinos…

“Eu não queria que minha irmã se sentisse culpada ou coisa do tipo, mas uma história sempre tem dois lados, e talvez ela tivesse esquecido o meu.”

 

Ficha Técnica
 

Livro 4 – As Sete Irmãs

Nome: A Irmã da Pérola

Autor: Lucinda Riley

Editora: Arqueiro

Skoob

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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