Resenha | A Casa de Hades

Nota
4.5

“Enquanto caia, Annabeth pensou em Hesíodo, o antigo poeta grego que especulara que o tempo que leva para alguém cair da terra até o Tártaro seria de nove dias. Esperava que Hesíodo estivesse errado.”

A tripulação do Argo II perdeu Percy Annabeth em Roma, e agora está enfrentando dias dificeis enquanto tentam chegar às Portas da Morte e impedir o despertar de Gaia, os inimigos não param de atacar enquanto seguem pelo caminho até a Casa de Hades e eles se sentem cada vez mais desmotivados. Todos os caminhos parecem indicar o fracasso da missão, mas Hazel, Jason, Piper, Frank e Leo precisam impedir que os monstros continuem retornando tão rapidamente ao mundo mortal, precisam se envolver em alianças perigosas, encarar deuses instáveis e combater os enviados pela sanguinária Mãe Terra. Enquanto isso, Percy e Annabeth estão no Tártaro, onde passam fome, sede e estão cheios de ferimentos, para piorar eles estão no território dos monstros, lugar onde estão vulneraveis a reencontrar vários inimigos que derrotaram ao longo dos anos, que espreitam na escuridão em busca de vingança, mas um amigo do passado ressurge e pode ser a esperança para o casal encontrar as Portas da Morte e fechá-las de uma vez por todas, sempre cientes que o tempo está passando, que Gaia escolheu o dia primeiro de agosto para o seu despertar e que o grupo de semideuses gregos e romanos precisam trabalhar juntos para salvar não só os acampamentos, mas também o mundo.

Depois do angustiante final de A Marca de Atena, a expectativa para o quase desfecho da saga em A Casa de Hades está nas alturas, o quarto, e penúltimo, livro da saga Os Heróis do Olimpo estava prometendo um caminho cruel para o grupo, e foi exatamente isso que Rick Riordan entregou. Claro que o autor já preparou seus leitores para ver paginas e mais paginas de seus personagens sofrendo, lutando e, a cada pagina, correndo o risco de morrerem, mas nada preparou os fãs para presenciar tudo que o casal protagonista enfrentaria na jornada pelo Tártaro, e tudo se tornava ainda pior quando consideravamos a profecia e as teorias que diversos fãs criaram em volta dela, que fazia cada leitor assiduo sofrer por antecedencia esperando o cruel fim da “sétima vela”. Emocionante e inesperado, o livro explora os protagonistas enfrentando desafios aparentemente intransponíveis enquanto uma parte do grupo viaja para para fechar as Portas da Morte e a outra cada vez mais fundo no coração do Tártaro, as habilidades de construção de mundos de Riordan brilham enquanto ele dá vida às profundezas do submundo, pintando uma paisagem aterrorizante e fantástica cheia de monstros e perigos a cada passo, definitivamente a melhor parte da trama foi as que se passaram no Tártaro, mas Rick soube balancear o enredo de forma a não deixar de mostrar o que estava acontecendo com os outros integrantes e desenvolve-los ainda mais, deixando toda a construção ainda melhor, chegando ao ápice de trazer uma revelação bombástica em um dado momento.

“‘Oh, você esperava que eu jogasse justo?’ Cupido riu. ‘Eu sou o deus do amor. Eu nunca sou justo.'”

Nessa obra, os sete semideuses principais (Percy, Annabeth, Hazel, Leo, Jason, Piper e Frank) narram, dividindo bem a obra e ajudando o leitor a se conectar melhor com cada um deles, mas há um amadurecimento na escrita de Rick, deixando a trama tão emocionante quanto os livros anteriores mas tendo mais tato na hora de abordar intimamente os personagens, sendo capaz de abordar os sentimentos dos integrantes do Argo II de forma mais profunda. O desfecho de Nico é excepcional, ele faz um ato de coragem surpreendente e mostra que Rick estava pronto para chegar àquele ponto mas sem deixar suas intenções claras para os leitores mas ao mesmo tempo deixando uma trilha de migalhas que levou claramente a esse ponto. Claro que toda a fórmula e as travas que já conhecemos de Rick ainda estão ali, mas de uma forma mais suave, disfarçada em meio a toda a luta contra as forças do caos e da destruição, e balanceada pela forma como o autor mistura mitologia, humor e aventura em ritmo acelerado, de uma forma que se torna cativante e mantém os leitores tensos, claramente mantendo aquele toque de humor sarcástico que já virou marca registrada dele.

Uma jornada emocionante através da mitologia e da aventura, A Casa de Hades explora amizade, sacrifício e a natureza do heroísmo. Com seus personagens sendo ricamente desenvolvidos, Rick consegue incorporar humor em situações tensas, deixando a narrativa mais leve e digesta, apoiando todo o enredo em seus personagens, que são a força da saga, ao dar toda a profundidade e complexidade necessária a cada membro do grupo, destacando seus pontos fortes, fracos e lutas pessoais, cada arco de personagem parece significativo e envolvente. A história pode ser sombria, mas a leveza da escrita equilibra para o texto não ficar pesado, usando as frases espirituosas de Leo ou até a irônia do constrate de encontrar criaturas míticas em cenários modernos para humorizar a narrativa sem diminuir seu peso emocional. Em meio a ensinamentos sobre o valor da lealdade, da coragem e do trabalho em equipe, A Casa de Hades se torna uma adição poderosa e emocionalmente relevante em Os Heróis do Olimpo, confirmando o poder de Riordan como um mestre contador de histórias, capaz de fazer várias coisas acontecerem ao mesmo tempo sem virar uma confusão narrativa, além de fazer uma construção de mundo bem elaborada, preencher com personagens memoráveis ​​e temperar com um enredo bastante envolvente, é uma leitura obrigatória para qualquer fã de fantasia e mitologia.

“Digam oi ao sol e às estrelas por mim. E sejam fortes. Este pode não ser o último sacrificio que terão que fazer para deter Gaia.”

 

Ficha Técnica
 

Livro 4 – Os Heróis do Olimpo

Nome: A Casa de Hades

Autor: Rick Riordan

Editora: Intrínseca

Skoob

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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