Crítica | Uma Noite Alucinante – A Morte do Demônio (The Evil Dead) [1981]

Nota
4

“Creio ter feito um significativo achado nas ruínas de Kandarian,
um livro de praticas de enterros e magias funerárias sumerianas.
Chama-se Naturon Demonto, em tradução aproximada, O Livro dos Mortos.”

Ash viaja para uma cabana isolada nos bosques de Tennessee, para passar um fim de semana, com sua namorada, Cheryl, e seus amigos, Scott, Linda e Shelly, quando acabam escutando um barulho no porão que os leva até o Naturon Demonto, um livro sumério encadernado em pele humana e escrito em sangue, junto a uma gravação feita pelo antigo dono da cabana, o arqueólogo que encontrou o livro nas ruinas de Kandarian, onde ele explica as origens do livro e recita algumas de seus passagens. O que os jovens não esperavam era que, ao ouvir aquelas frases, os espíritos demoníacos que habitam aquele bosque iriam despertar para, uma a um, possuir os jovens habitantes daquela cabana.

Com roteiro e direção de Sam RaimiThe Evil Dead vai fundo no caos trash de seus conceitos, nos levando numa viagem perturbadora pela noite caótica vivenciada pelo personagem de Bruce Campbell. O protagonista, que também é produtor executivo do longa, encarna perfeitamente o papel de Ash, mostrando um ‘herói’ incomum para filmes do gênero: o medroso esperançoso, aquele que sempre é o mais vulnerável e acaba, nesse longa, se tornando o maior protagonista. Ash assiste a possessão de Chreyl, sem entender o que está acontecendo, luta contra uma Linda possuída, sempre acreditando que não precisa ser brutal na luta e sempre sendo surpreendido pela volta demoníaca furiosa da coisa que a amiga se transformou.

O grande problema de The Evil Dead é seu caráter trash e gore, que nos faz assistir ao brutal banho de sangue sem depositar seriedade na trama, que apresenta vários elementos inusitados e bem planejados, algo que o fez ser elevado ao patamar de clássico cult. A atuação de Campbell nos cativa de uma forma inesperada, ficamos o filme inteiro desejando ver sua morte acontecer a cada vez que ele erra, mas ao mesmo tempo ficamos torcendo para que ele sai vivo de cada embate. A Cheryl de Ellen Sandweiss é insuportável, a garota nos chateia tanto como humana quanto quando possuída, ela se torna rapidamente a principal antagonista e bate de frente com o grupo o tempo todo, ameaçando-os a todo o momento e deixando claro que não está para brincadeiras, mesmo que acabe assumindo o papel de alivio cômico em alguns momentos do desenrolar da trama. Theresa Tilly não adiciona muito à trama, ela é simplesmente a coadjuvante necessária, aquela que ajuda a movimentar a trama e é facilmente dispensável, algo que a personagem de Betsy Baker conseguiu extrapolar. Linda é coadjuvante mas ainda consegue ter seu brilho, protagonizando cenas bem interessantes ao lado de seus colegas de elenco.

A história por trás do filme torna tudo ainda mais interessante, visto que Raimi e Campbell criaram o roteiro e o lançaram como ‘protótipo’ através do curta Within the Woods, o que o fez chamar a atenção de investidores para garantir que a premissa pudesse ser transformada em um longa metragem. Depois de lançado, o longa não teve um grande sucesso comercial no seu país de origem, mas contou com o belíssimo pistolão de Stephen King para conquistar o favor da New Line Cinema, que levou o filme a ser distribuído internacionalmente e ganhar uma bilheteria capaz de compensar sua produção. Recebendo no Brasil o nome de Uma Noite Alucinante, o longa parece se encaixar perfeitamente em seu título, já que a noite que Ash passa é completamente enlouquecedora, assim como é insana a forma como o filme envelheceu bem, se tornou o cult que é hoje, já é uma grande fonte de referencias na cultura pop e lançou a carreira de Raimi e Campbell, que atualmente já possuem um belo currículo em Hollywood.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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