Crítica | Turma da Mônica: Laços

Nota
5

“A gente é ou não é a Turma da Mônica?
Não, a gente é a Tulma do Cebolinha.”

Após mais um desastroso plano infalível, Cebolinha (Kevin Vechiatto) se resguarda em sua casa, formulando um novo método de se tornar o dono da lua. Mas, durante a noite, Floquinho (o cachorro verde do Cebolinha) desaparece misteriosamente deixando seu dono desolado e sem nenhuma vontade de sair de seu quarto.

Assustados com a crescente tristeza do amigo, Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) decidem trazer o antigo espirito de Cebolinha de volta para que juntos eles possam resgatar o cãozinho perdido. Armados com um plano infalível, a turminha parte mata a dentro, enfrentando aventuras empolgantes, presenças assustadoras e encontros inusitados enquanto precisam lutar com seus medos, fraquezas e fortalecer ainda mais os laços que os unem.

Adaptar quadrinhos para uma nova linguagem nunca é algo fácil. Trazer a mágica gráfica que integra nosso imaginário de uma forma coerente e coesa para algo como, por exemplo, o cinema é de um trabalho hercúleo sem igual, principalmente quando a obra em si é tão amada e idolatrada por seus fãs. Tantas gerações cresceram lendo os quadrinhos (e aprendendo a ler com eles), assistindo os desenhos na tevê e encarando os inúmeros “cinesgibis” que é impossível não considerar Turma da Mônica um tesouro nacional. Mas, como transformar o quarteto mais amado do Brasil em versões em carne e osso sem perder a sua essência?

Baseado na graphic novel de mesmo nome, Turma da Mônica: Laços apaga de vez todo e qualquer medo relacionados a versão live-action da turminha. Dirigido pelo brilhante Daniel Rezende, o longa nos mostra um Bairro do Limoeiro mais realista sem perder nunca o encanto que nos conquistou durante décadas. O filme nos da uma coelhada de referências ao universo criado por Maurício de Souza, seja pelos jornais, pelúcias ou citações indiretas aos inúmeros personagens mostrando o cuidado e o carinho da produção com o universo lúdico dos quadrinhos.

Entre o fantástico e o realista, o louco e o encantador, o Bairro do Limoeiro surge perante nossos olhos de uma maneira magnífica. A ambientação atemporal e intimista trás uma saudosa interação com cada um dos seus espectadores. Rezende se mostra um tiro certeiro, aproximando ainda mais seus personagens do publico já cativo. São longas cenas com close fechado nos rostos das crianças, dando um espaço necessário para eles sentirem e serem os personagens. Somadas as belíssimas paisagens e ao ritmo calmo da história trazem um acerto rítmico que nos transporta de volta as longas tardes esperando um bom filme de sessão da tarde.

Mas, o filme não seria nada sem o carisma e o entrosamento de seus protagonistas. Os maneirismos icônicos de cada personagem, manias e características são mantidos de um modo crível a ponto de enxergamos claramente como eles seriam se fossem crianças reais. Os quatro protagonistas transbordam seu companheirismo e encantam com sua cumplicidade, nos integrando a turminha e trazendo todo o espírito dos quadrinhos. Um dos maiores acertos do filme é a disposição de deixar seus atores serem realmente crianças, dando o tempo de cada uma é confiando em seu enorme potencial.

Kevin Vectiatto é o mais fraco dos protagonistas, talvez por precisar de uma carga emotiva maior durante a trama o nosso Cebolinha demora a pegar no tranco mas quando faz, nos conquista de um modo avassalador. Inteligente, sagaz e, por muitas vezes, cheio de si Cebolinha precisa lidar com seu ego e escolhas egoísta enquanto se mostra ainda mais vulnerável e acuado ao longo da trama. A química (e atrito) com Mônica são uma crescente encantadoras dentro da obra, trazendo com precisão a rivalidade dos quadrinhos de uma forma sublime. Giulia Benite foi uma escolha perfeita para o papel. É impossível não olhar para a garota e não enxergar a menina invocada que domina a rua com seu carisma… e força. Mônica é forte e nunca abandona seis amigos, mas mesmo ela tem suas incertezas e dificuldades explorados de uma maneira encantadora.

Gabriel Moreira nos arranca risadas a todo momento com seu divertido Cascão e, junto com a meiga Magali de Laura Rauseo, tem algumas das cenas mais divertidas do filme. Com um time cômico perfeito e uma leveza na expressividade, a dupla roupa a cena e, dificilmente, passa despercebida. Torcemos, rimos, choramos e sofremos com o quarteto e isso é magnífico. Mas, é impossível não citar o show de atuação que Rodrigo Santoro entrega ao Louco em uma das cenas mais emblemáticas de todo o longa. Cheio de maneirismos e frases aparentemente sem sentido, O Louco expande seu universo tomando a cena para si. Com efeitos de montagens perfeitos, o espectador sente o personagem pula diretamente dos quadrinhos para a tela grande com toda sua excentricidade e loucura naturais se tornando uma parte lúdica e fantástica da narrativa.

Turma da Mônica: Laços nos leva de volta à infância, nos dando um abraço apertado e (re)apresentando velhos amigos que conhecemos há tanto tempo. Além de mostrar a força magnífica que o nosso cinema tem com uma obra tão atemporal e emocionante que vai marcar toda uma nova (e antiga) geração enquanto nos mostra a força de uma boa amizade e os laços que todos achamos ter perdido ao longo do caminho.

“Juntos, vocês podem vencer qualquer desafio. Separados… não é loucura imaginar o pior.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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