Crítica | Top Gun: Maverick

Nota
4.5

“Você foi chamado de volta ao Top Gun”

Depois de mais de 30 anos servindo como um dos principais aviadores da Marinha, o Capitão Pete “Maverick” Mitchell segue quebrando as regras e enfrentando autoridades na busca por seus objetivos. Prestes a ser desligado, Maverick é chamado de volta para a Top Gun por Beau “Cyclone” Simpson, atendendo a um pedido do renomado Tom “Iceman” Kazansky, cabe a Maverick treinar uma nova equipe formada pelos melhores aviadores da nova geração de Top Gun para cumprir uma perigosa missão da qual dificilmente voltarão vivos. Como se não bastasse a inabilidade de Maverick de seguir as regras e de ser um professor aceitável, outro grande desafio é o fato de a equipe que o Capitão precisa treinar incluir o Tenente Bradley “Rooster” Bradshaw, o filho de Nick “Goose” Bradshaw, o ala que acabou morrendo décadas atrás durante uma missão com Maverick.

Em meados de 2010, a Paramount Pictures decidiu reunir Jerry Bruckheimer e Tony Scott para uma continuação de Top Gun, uma produção que iria girar em torno do papel dos drones na guerra aérea moderna e prometia trazer Maverick pilotando um F/A-18 Super Hornet, infelizmente o projeto acabou comprometido após o trágico suicídio de Scott. Anos depois, em 2017, Tom Cruise revelou que o projeto ainda estava sendo produzido por Bruckheimer, que teríamos a volta de Harold Faltermeyer como compositor, meses depois foi confirmada a contratação de Joseph Kosinski como diretor e anunciado o título oficial do filme, que prometia o retorno de Tom Cruise e Val Kilmer reprisando seus papéis. Com lançamento previsto para 26 de maio de 2022, Top Gun: Maverick já inicia seus primeiros minutos deixando claro que não é uma simples sequencia, sua remontagem da cena inicial do filme de 1986, mostrando sequencias de aviação ao som da icônica “Danger Zone”, de Kenny Loggins, deixa a clara confirmação de que estamos prestes a assistir quase que uma refilmagem disfarçada de sequencia, mostrando Maverick para um novo público com a cara de estar três décadas mais velho mas com a mesma personalidade do rebelde que brilhou nas telonas em 86.

A volta de Cruise ao papel protagonista é revigorante, Maverick tem toda a essência mantida que nos cativou anos atrás, mas tem ainda o peso da idade, a responsabilidade por amadurecer e a obrigação de entender que seu tempo já passou, ele não é mais o piloto imbatível de antes, ou será que é? Os maiores dilemas do longa são focados nas relações de Maverick, temos o problema da missão, que depende de uma equipe de pilotos disposta a ignorar as regras de segurança para que seja bem sucedida, temos o problema de Rooster, que possui traumas do passado envolvendo Maverick e agora precisa encarar seus medos e travas para se mostrar o piloto ideal para a missão, e temos o problema de Penny, uma antiga namorada de Maverick que surge para trazer para o longa uma nova linha narrativa romântica e tentar fazer Penny-Maverick ter o mesmo apelo de Charlie-Maverick. A nova geração de Top Gun é claramente representada pela rivalidade de Rooster (Miles Teller) e Hangman (Glen Powell), os dois melhores pilotos da turma e que disputam a vaga de líder da missão, mas que obviamente possuem seus próprios defeitos que precisam ser vencidos durante a evolução do filme e que precisam ser julgados por Maverick, que deve escolher o melhor entre os dois. Teller evolui de forma surpreendente no decorrer do longa, dando uma impressão de que a Paramount está preparando um ‘novo Maverick’ para assumir o legado de Cruise em futuras produções. Powell se desenvolve com mais um personagem conquistador e com ar de superioridade, o que parece ser sua especialidade, mas evolui de uma forma revigorante ao ponto de nos fazer deixar de lado sua personalidade e focar no crescente companheirismo que o piloto demonstra.

Nostálgico e surpreendente, Top Gun: Maverick é um filme de Tom Cruise desde a sua essência, que parece seguir uma formula que pode dar errado mas funciona e nos cativa justamente por ter sido subestimado. O roteiro por Christopher McQuarrie mostra uma simplicidade que parece um tiro no pé, mas por incrível que pareça não é, ele funciona de uma forma que não tem como explicar, mesmo a tentativa incomoda de tentar substituir a relação com Charlie pela relação com Penny funciona de certa forma, apesar de não ser a mesma coisa nem de longe. A forma como a nostalgia é forçada, nos surpreende por funcionar, quem imaginaria que ver Teller tocando “Great balls of fire”, de Jerry Lee Lewis, repetindo a cena que Goose executa no primeiro filme, funcionaria? Mas a cena é capaz de perfurar nossa alma com o tamanho da conexão e emoção que provoca. Obviamente, não podemos deixar de lembrar que é impossível pensar em Top Gun sem lembrar de “Take My Breath Away”, por isso a missão de Lady Gaga ao desenvolver “Hold My Hand” se tornou extremamente dificil, e sinto dizer que, mesmo que a música possa até ter chance de ser uma candidata ao Oscar, falta alguma coisa para que ela realmente possa ser considerada um novo hit marcante da franquia.

“O fim é inevitável Maverick. Sua espécie será extinta.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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