Crítica | Taxi Driver – Motorista de Táxi (Taxi Driver)

Nota
4

“You talking to me?”

Travis Bickle (Robert De Niro) é um jovem veterano do Vietnã que, acometido pela insônia e determinado a ocupar suas noites, procura um emprego como taxista na agitada Nova York. Com um olhar afiado e um ar megalomaníaco de superioridade, o taxista observa a vida cotidiana da noite novaiorquina, traçando cada viela e conhecendo a podridão das ruas ate que seu caminho cruza com duas mulheres que mudam sua vida.

A primeira é a bela Betsy (Cybill Sheperd), uma jovem que trabalha no comitê eleitoral do Senador Palantine (Leonard Harris) por quem Travis se torna obcecado. A segunda é Íris (Jodie Foster), uma prostituta de 12 anos que representa todo declínio moral que o taxista tanto abomina na sociedade. A força desses encontros desperta algo selvagem no rapaz, algo que sempre esteve ali mas agora interrompe seu ser contra o que ele considera ser a escória da sociedade.

Durante a década de 70, o movimento cinematográfico estava passando por uma nova era de revolução. A Nova Hollywood, como ficou conhecida, tirou o poder dos produtores e deu a seu diretor despertando um onda mais autoral em suas obras e trazendo uma nova leva de grandes nomes em seu encalço. Steven Spielberg, George Lucas e tantos outros ganharam voz para contar suas histórias e, entre eles, Martin Scorsese.

Dirigido por Martin Scorsese e roteirizado por Paul Schrader, Táxi Driver é o quarto trabalho do diretor e seu segundo longa em colaboração com De Niro, que não só deu uma construção de mitologia ao diretor como elevou a um novo patamar o nome dos dois. As luzes neon, o amargor das relações humanas e a violência expansiva e crua se mostram uma presença tão marcante no diretor tornando-se uma de suas maiores assinaturas.

O filme nos apresenta uma representação crua da vida em Nova York, nos revelando a consciência e a culpa mundana enquanto despe suas fachadas e nos convida a estudar o ponto central em sua trama: a essência humana. Somos tragados por um roteiro pontual e uma crescente gráfica implacável que hora nos aproxima, hora perde o total interesse em seu protagonista. Quase como se desistisse do mesmo e preferisse avaliar um corredor ao ficar presente em seu constrangimento.

Tudo parece sujo e mal cuidado, sem nenhum romance ou glamour representando a degradação humana em toda sua decadência. A luz vermelha, constante nos aspectos vergonhosos do personagem principal, mostram sua tentativa fracassada em fazer parte de algo sem entender o que de fato é viver em sociedade. Os longos momentos em que ele enxerga o mundo, através de seus olhares de ira pelo retrovisor, nos mostra não só sua natureza mas a genial ideia do diretor de que toda a história é moldada pela visão de Travis.

Em nenhum momento o filme apresenta uma leveza para seu centro. Travis é homofóbico, racista e um total analfabeto político, sentindo-se superior a todos que cruzam seu caminho em toda sua instabilidade psicológica. Ele não mede palavras para contar àqueles que considera escória, que deveria ser lavada das ruas. O roteiro de Schrader nos da indícios de que essa seja a verdadeira natureza do personagem, impedindo que o mesmo compreenda a sociedade e consiga se entrosar com os outros. Ele sempre avalia por trás do retrovisor, ou observa todos aqueles que julgam normal sem realmente compreender o que é ser sociável.

Os planos subjetivos e em câmera lenta nos aprofundam ainda mais na psique do personagem. Somos mostrados à sua incapacidade em forjar ligações e sua constante divisão do que é santo ao que é podre, assumindo um manto de justiceiro que deseja limpar o que considera podre na sociedade. Seu vazio existencial é tão latente que em tudo que ele faz ele procura simplesmente uma causa para continuar vivendo, que vai o consumindo até explodir em uma cena violenta crua e seca que nos deixa presos nas cadeiras.

O trabalho de câmera inspirado e a fotografia nauseante nos conduz com maestria a um marco do cinema, nos convidando a assistir com espanto uma das cenas mais consequentes que Scorsese orquestrou. Seja pelo trabalho sonoro esplêndido, ou pela brilhante atuação, tudo aqui se torna memorável.

Levantando questionamentos tão presentes e mostrando toda podridão, não só em suas ruas mas no cerne de seu personagem, Taxi Driver leva décadas de fascínio a uma obra atemporal que conduz um protagonista, o acesso à empatia é dotado de uma superioridade que muitos acham ter. Uma obra crua e severa que nos deixa desconfortáveis em sua claras necessidades sobre a psique humana/social e nos mostra um direcionamento sublime a um dos maiores diretores de todos os tempos.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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