Crítica | Slender Man – Pesadelo Sem Rosto (Slender Man)

Nota
2

As amigas Wren, Hallie, Chloe e Katie estão entediadas com suas vidas no colégio, até que escutam sobre Slender Man, uma lenda urbana da internet, e resolvem invocá-lo, mas o que começa como uma brincadeira logo se transforma em um perigo real quando todas começam a ter pesadelos e visões do homem sem rosto, com seus braços alongados, parecendo alucinações. Tudo piora repentinamente quando Katie desaparece subitamente, deixando às três amigas a missão de encontra-la e, consequentemente, enfrentar a criatura mítica.

Toda a premissa do longa dirigido por Sylvain White, e do roteiro de David Birke, consegue extrair o melhor da creepypasta do Slenderman, criando uma premissa incrível, principalmente na construção das protagonistas, tendo a clara escolha de deixar seu antagonista de lado, dando total desprezo ao monstro. Talvez seja justamente o ar de abandono e falta de perspectiva para um futuro que nos faça nos envolver com o longo, vendo uma realismo nas protagonistas e deixando de lado toda fantasia que envolve a história do “homem alongado”. Tudo fica ainda mais forte quando White se inspira em It – A Coisa e isola o mundo dos jovens do mundo dos adultos, dando aquele poder imbatível e mostrando que os adultos são incapazes de interferir na trama e ineficazes em notar que algo está acontecendo, isso tudo faz com que o longa inteiro seja feito da perspectiva das garotas, e é justamente nesse ponto que o longa atinge seu ápice.

Toda a construção do longa dá ao Slender a base perfeita para existência, vemos ele sendo tratado como um mito desde o inicio do longa, e o fato de o longa se apegar à visão das protagonistas torna tudo ainda mais claro ao mesmo tempo que alimenta o mistério principal do longa: O Slender existe de verdade no filme ou tudo não passa de alucinações proporcionadas pelo medo que habita na garota? Tudo seria perfeito se o longa não se perdesse completamente logo após isso, no momento que começa a explorar a mitologia do monstro. A construção do Slender não se torna ideal, sendo completamente confusa, quando não sabe se solidificar ao se contradizer o tempo todo. Ora se diz que o monstro usa seus braços para correr, outra ora esses braços servem para atacar, logo depois se diz que ele fica parado e atrai suas vitimas a ele, para então resolver surgir indo até o quarto de sua vítima com um celular invisível fazendo uma vídeo chamada com a garota, então ele resolve surgir dentro de locais sem precisar se deslocar, depois ele não consegue passar em portas, cenas depois ele precisa virar uma sombra e passar por baixo da porta, terminando por ser capaz de transpassar as portas.

No final das contas fica claro que Slender Man – Pesadelo Sem Rosto faz uma confusão ao não saber se quer seguir a mitologia do personagem ou criar sua própria, sendo incapaz até de definir qual mitologia quer criar, deixando no fim uma confusão e jogando fora todo o maravilhoso primeiro ato, onde vemos Slender se tornar quase que o líder de uma seita, que seduz e abduz os jovens, criticando a ingenuidade das “crianças puras e indefesas” e a desatenção dos adultos, brincando com os mecanismos sociais contemporâneos e com as febres virais de tendencias a colocar a vida em risco. Lembrando muito o que vimos em Caminhos da Floresta, o filme começa bem mas estraga tudo com seu desenrolar, tentando fazer com seu protagonista um terror para a era YouTube assim como O Chamado se tornou marcante na geração VHS, e fracassando vertiginosamente.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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