Crítica | Saltburn

Nota
4

Dirigido por Emerald Fennel, aclamada diretora de Bela Vingança, em Saltburn, iremos voltar para 2006 e conhecer Oliver Quick (Barry Keoghan), que acabou de iniciar o ano letivo da Universidade de Oxford. Logo de início, já percebemos que há um abismo social entre Oliver e os alunos da universidade, isso porque a maioria deles faz parte de famílias ricas e aristocráticas enquanto o sr. Quick é apenas um bolsista. Tudo muda quando, num dia como qualquer outro, Oliver resolve ajudar Felix Catton (Jacob Elordi), um dos alunos ricos de Oxford. A partir desta boa ação e da aproximação entre os estudantes durante o período letivo, o protagonista acaba tornando-se amigo de Catton e recebe um convite irrecusável: passar o verão com Felix e sua família. Agora, Oliver precisa se encontrar diante de situações nunca vivenciadas e se fazer “presente” num ambiente que não é nada comum a ele.

Disponível na Amazon Prime, Saltburn é uma produção cheia de acertos. O primeiro grande acerto é, sem dúvida, o elenco. De início, vamos tecer alguns elogios para Barry Keoghan, que dá vida ao Oliver, um personagem frio, ameaçador – quando precisa ser – e bastante sagaz, não é à toa que é bolsista de uma das melhores universidades do mundo.  Não é só o Keoghan que entrega uma excelente atuação, é importante falar de Jacob Elordi, que interpreta o sedutor Felix Catton. Aqui, não apenas salientamos a beleza física do ator australiano, há algo diferente que é mostrado, um plus, poderíamos dizer, que nos prende diante da tela. Inclusive, ele da vida a Elvis Presley em Priscila, da diretora Sofia Copolla. Muito provavelmente o adjetivo dado ao personagem Felix Cotton – lê-se: sedutor –também está relacionado ao Elordi. Ele consegue agir naturalmente diante das câmeras. Assim como em Saltburn, o ator foi superelogiado pelo seu desempenho em Euphoria. Os personagens coadjuvantes também entregam boas atuações, como é o caso da incrível Rosamund Pike e o Archie Madekwe.

De acordo com a própria diretora em entrevista dada ao IndieWire, o longa fala de excessos.  Saltburn não se parece em nada com as produções que trabalham com a sutileza. Para ela, na vida real, nós não somos sutis. No fim, percebemos que há uma crítica às diferenças de classe, ao desejo por alguém ou por algo. Não basta criticar, é preciso enfatizar, e isso é muito bem representado em determinadas cenas, a maioria protagonizada por Barry Keoghan. Mesmo que o espectador já tenho entendido o assunto tratado no longa, Fennel enfatiza para que não reste dúvidas. Ainda sobre os excessos apresentados, há um muito interessante: a aparência. Em diversos momentos, podemos ver a Rosamund Pike, interprete da mãe do Felix, totalmente alheia à realidade, agindo como se tudo estivesse sob o controle, mesmo que todos soubessem que nada estava certo. Apesar de exageradamente bizarro, a cena é real, principalmente quando aplicamos isso em relação à vida perfeita nas redes sociais.

Saltburn foi lançado de maneira limitada e logo exibido em plataforma de streaming, há quem diga que pode concorrer ao Oscar, principalmente em relação à direção. Ainda assim o longa gera polêmicas devido às cenas chocantes acerca dos exagero, conforme mencionado anteriormente. A única certeza que temos é que os espectadores amam ou odeiam, 8 ou 80. Não há meio termo. E não adianta mencionar, os temas tratados pelo longa são exageradamente apresentados, fazendo-nos muitas vezes desistir de continuar olhando para tela. E, no fim, ainda somos presenteados com uma reviravolta, afinal, como foi dito por Fennel, somos resultados de excessos. E o lado positivo ou negativo acerca disso depende do seu ponto de vista.

 

Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.

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