Crítica | Pequenos Grandes Heróis (We Can Be Heroes)

Nota
4

“Foi nesse dia que nossos heróis caíram. Todos eles.”

O tempo mudou, e agora a Terra conta sempre com os Heroicos para protege-la, o grupo de heróis mais poderosos da história, capazes de combater qualquer ameaça e defender seu planeta, mas o que pode acontecer quando eles não forem mais capazes de proteger nosso planeta? Depois que Fenômeno Tech-No são vistos caindo do céu, Marcus Moreno precisa ir direto para a sede da equipe e reassumir o manto de héroi, uma medida desesperada da Sra. Granada que reúne todos os Heroicos para combater a maior invasão alienígena que a Terra já enfrentou, uma invasão tão poderosa que deixa todos os heróis fora de combate e força seus filhos a se unirem para uma inesperada missão de resgate.

Lançado em 25 de dezembro de 2020, o filme produzido pela Netflix, e comandado por Robert Rodriguez, serve como uma sequência autônoma de As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl, nos trazendo de volta a um mundo onde os heróis existem e reunindo os melhores conceitos da premissa de As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl e da franquia Pequenos Espiões. Nesse novo mundo, somos guiados pela perspectiva de Missy Moreno, a filha de Marcus que vive uma vida comum, sem ter poderes, e lembrando sempre ao seu pai da promessa de nunca mais voltar a ativa, o que a coloca numa situação incontrolável no momento em que percebe que ele precisou quebrar sua promessa pelo bem maior da Terra e que agora cabe a ela seguir os passos de seu pai. Nesse contexto, acabamos vendo brevemente alguns outros heróis da organização, como OfuscanteEsmagadorSharkboyLavagirl, mas vamos muito mais a fundo na hora de conhecer os filhos desses heróis.

Logo de cara somos apresentados a Piloto, um garoto dotado de músculos extremamente fortes, capazes de destruir seus ossos, o que inclui seu cérebro, o que o torna superinteligente, que vai nos apresentando as outras crianças: como Espaguete, que tem o corpo elástico; Ojo, que tem o poder de desenhar extremamente bem cenas do futuro; Mil Faces, o filho de Crushing Low que consegue transmutar o seu rosto do jeito que quiser; Capella Vox, a filha da Sra. Vox que consegue projetar sua voz de forma hipersônica; Voltar, que tem a capacidade de voltar o tempo alguns segundos; Avançar, a gêmea de Voltar, que tem a capacidade de adiantar o tempo alguns segundos; Câmera Lenta, o filho do Ofuscante que se move super-rápido a ponto de ficar preso em uma dobra do tempo; Guppy, a filha do Sharkboy com a Lavagirl, que tem a capacidade de controlar a água; Carta-Surpresa, o líder do grupo, que possui todos os poderes do mundo, mas que acabam se manifestando aleatoriamente, sem que ele consiga controlar.

Não é de se surpreender que o elenco adulto seja um show de atuação, principalmente se considerarmos que temos Pedro Pascal como Marcus Moreno, mostrando toda a voracidade que amamos em Din Djarin sob uma nova persona, um herói completo que consegue equilibrar bem seu papel de líder e pai. Ao lado de Pascal, temos ainda as participações de Boyd Holbrook como Fenômeno, com bastante cenas de ação que são bem objetivas, Christian Slater como Tech-No, ocupando o papel do técnico tecnológico do grupo, Taylor Dooley como Lavagirl, reprisando seu papel de maior sucesso, Haley Reinhart como Sra. Vox, numa pequena participação ‘musical’, Sung Kang como Ofuscante, em participações bem rápidas (perdão pela piada), e até de J.J. Dashnaw como dublê de corpo para Sharkboy, sem mostrar o rosto e nem ter falas, apenas para marcar a presença do herói no longa, mas sem deixar de permitir que Taylor Lautner, interprete original do personagem, retorne ao papel em um filme futuro.

Já o elenco infantil é liderado por YaYa Gosselin, que assume o papel da líder do grupo mirim, e que precisa transformar seu grupo em tudo que seus pais não conseguiram, tudo ao mesmo tempo em que precisa descobrir qual seu poder de nascença e qual seu valor para a equipe. Vivien Lyra Blair assume a cota de fofura do longa, é dela o papel da caçula da equipe e acaba sendo para ela o foco dos holofotes daqueles que tiveram o filme de Sharkboy e Lavagirl como parte da infância, o que nos deixa prontos para ver que realmente é nos pequenos frascos que estão os melhores perfumes, já que a garotinha se mostra extremamente poderosa. A carismática Lotus Blossom é quem vive a talentosa Capella, sempre cantando e usando sua voz como uma parte importante da trilha sonora do filme, tudo enquanto enriquece o longa com os bons usos de seus poderes.

15 anos se passaram desde a estreia de As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl, mas trazer os heróis de volta, principalmente pegando carona na era dos heróis habitada por diversos filmes da Marvel e da DC Comics, foi um ponta-pé inicial perfeito para unir as crianças de 15 anos atrás com as de hoje em dia, tudo para assistir um filme infantil fora do comum, cheio de potencial, apesar de não ser tão melhor quanto o seu antecessor. Mas o longa acaba deixando de lado sua premissa nada original e focando em ser um humor bastante bobo que não liga para dialogar com os pais, se tornando consciente de seus defeitos e focando em agradar o seu público-alvo infantil, evoluindo para um enredo com um coração enorme e que é movido pelo desejo de empatia e conexão, não usando truques na manga e nem esbanjando seu baixo orçamento. No fim das contas, Pequenos Grandes Heróis entrega um resultado redondo, que se mostra muito bem planejado com a sua escolha de investir na simplicidade e superar suas limitações. O longa vai mais fundo em sequencias de ação muito mais divertidas e caricatas e em criar ambientes e criaturas dignas de uma bizarra ficção científica, deixando mais de lado o papel de Priyanka Chopra, que prometia ser a grande antagonista do longa e, para nossa surpresa, vai muito além disso, mesmo que seja escanteada pelo roteiro.

“Eu prometi que não seria mais um herói, mas ainda sou o líder dos Heroicos. E um bom líder, lidera por exemplo.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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