Crítica | As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl em 3-D (The Adventures of Sharkboy and Lavagirl in 3-D)

Nota
3

“Tudo que existe ou existiu, começou com um sonho…”

Max era apenas um menino solitário de 10 anos, que criou um mundo inteiro de fantasias para escapar das brigas diárias de seus pais, esquecer os valentões da escola e se esconder de suas férias de verão nada divertidas. Foi desse mundo, chamado Planeta Baba, que saíram seus dois melhores amigos: Sharkboy e Lavagirl, uma dupla bem singular formada pelo filho de um biólogo marinho, que acabou ficando preso em alto mar após uma tempestade e foi criado por tubarões, e uma garota brilhante com chamas roxas no cabelo e a pele com aparência de lava derretida. Mas tudo muda completamente no momento em que os dois mundos se colidem, quando Sharkboy e Lavagirl aparecem no meio da sala de aula de Max, pedindo ajuda do garoto para salvar o Planeta Baba dos perigosos Sr. Elétrico e seu comparsa, Menos.

Uma produção originaria da união de toda a família Rodriguez, o longa traz Robert Rodriguez no papel de diretor, produtor, roteirista, supervisor de efeitos visuais, diretor de fotografia, editor, operador de câmera e compositor, além de o executivo ter feito uma participação no longa como o tubarão falante que salva Sharkboy, mostrando todo o esforço do cineasta para tirar do papel do filme idealizado por Racer Max Rodriguez, seu filho. Lançado em 10 de junho de 2005, o longa inovou a fundo na busca por fazer uma produção de primor visual, o que fez Robert reunir onze empresas de efeitos visuais (Hybride Technologies, CafeFX, The Orphanage , Post Logic, Hydraulx , Industrial Light & Magic, R! Ot Pictures, Tippett Studio, Amalgamated Pixels and Intelligent Creatures e Troublemaker Digital) na busca por lançar uma fantasia infantil em 3D, uma aposta que não foi muito bem sucedida, gerando um longa que se tornou um fracasso de crítica e um quase fracasso de bilheteria, mas que acabou envelhecendo bem e sendo considerado um clássico infantil da época.

Num mundo completamente criado pela mente de Max, vamos aos poucos vendo o garoto explorar sua psique, resolver seus problemas psicológicos e ser forçado a lembrar quem ele realmente é e, principalmente, quem realmente é Sharkboy e Lavagirl. Dentro do Planeta Baba, todas as memórias de Max estão perdidas, aprisionadas pelo terror que nasceu de todos os seus medos, num lugar onde acabamos vendo representações fantasiosas de cada aspecto que existe dentro da mente do garoto. O trio protagonista é liderado por Cayden Boyd, que vive um Max completamente inspirado no filho de Robert, um garoto sonhador mas que está perdido entre seus sonhos e seus problemas psicológicos, precisando evoluir mentalmente para descobrir seus verdadeiros poderes e como salvar o mundo que ele mesmo criou, mas o verdadeiro destaque do longa fica a cargo de Taylor DooleyTaylor Lautner. Estreando nas telonas, a dupla também passa por uma grande evolução. Dooley interpreta uma garota perdida, que não entende sua razão de existir e só enxerga destruição em seus poderes, ela vê o fogo que a compõe como uma grande arma, mas não entende o verdadeiro potencial que a compõe. Já Lautner vive um garoto em fúria, ele se perdeu de seu passado há muitos anos, perdeu seu sentido de viver e não entende como pode achar um sentido para sua vida, precisando de Max para descobrir os segredos sobre seu passado e como controlar sua raiva.

O lado antagonista do longa fica a cargo de Jacob Davich George Lopez, que vivem dois papeis de grande força no desenrolar da trama. Jacob vive Linus e Menos, os dois lados da origem de maior terror da vida de Max. Linus é o valentão da escola, que sempre diminui Max, o humilha e está sempre tentando destruir as crenças do garoto, já Menos é o grande vilão por trás da destruição do Planeta Baba, ele surge nesse planeta pronto para destruir toda a beleza que existe nesse mundo de sonhos, e cabe a Max descobrir quem ele realmente é e como derrota-lo. Já os papeis de George são, primariamente, seus dois lados nos mundos de Max, mas ainda vão além quando se revela que o personagem se ramificou em duas outras personalidades. O primeiro papel de George Lopez é o do Sr. Eletricidade, o professor de Max que está sempre se dedicando a trazer Max de volta ao mundo real, incentivando-o a esquecer esse mundo de sonhos e se tornando um poderoso vilão em sua mente, que se personifica como Sr. Elétrico, o vilão que luta avidamente para destruir os sonhos que habitam o Planeta Baba, impedindo as crianças de dormir e caçando o trio protagonista mais ativamente. Mas o Sr. Eletricidade ainda se torna a origem de dois outros habitantes do Planeta Baba, o Tobor que se torna a personificação da sabedoria desse mundo, um sonho esquecido de quando Max ainda admirava seu professor, e ele também se ramifica como o Guardião do Gelo, o pai e protetor da Princesa do Gelo, a personificação no Planeta Baba de Marissa, que é a colega de turma de Max e a filha do Sr. Eletricidade no mundo real.

Cheio de ramificações profundas do psicológico infantil, As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl procura mostrar que os super-heróis mais incríveis são aqueles que habitam os nossos sonhos, e que as aventuras mais fantásticas são aquelas que são vividas dentro da imaginação de cada um de nós, criando algo que pode ser muito mais reais do que as pessoas imaginam. Infelizmente, Robert vai fundo demais na fantasia de sua produção, criando uma trama infantilizada demais e deixando de lado o desenvolvimento de todos os seus personagens prodigiosos que conseguem ir além dos incríveis superpoderes que possuem, ele pega um mundo épico e não o trabalha perfeitamente para transformar em uma fantasia marcante, se limitando ao clássico ‘moral da história’ e não explorando verdadeiramente o potencial profundo que existe num longa que gira em torno de uma viagem psicológica. Cheio de um potencial inexplorado, o clássico longa de Robert Rodriguez acaba deixando uma sensação de que poderia ter sido melhor, principalmente quando as alegorias ganham uma forma mais concreta no ato final, deixando algumas brechas para uma sequencia melhor planejada.

“Alguns sonhos são tão poderosos que viram realidade”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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