Crítica | Os Homens São de Marte… e É pra lá que Eu Vou

Nota
3

Fernanda é uma bem sucedida organizadora de casamentos, mas ela sofre a cada cerimonia organizada por ainda ser solteira, aos 39 anos, uma triste ironia do destino. A mulher sente inveja de cada cliente, tentando entender o que falta nela para ser feliz e organizar o seu próprio casamento, e, como forte devota que é do amor, a produtora entra numa intensa busca pelos mais diversos tipos de homem, na esperança de encontrar sua alma gêmea.

Baseado no monólogo de mesmo nome da própria Mônica Martelli, que permaneceu nove anos em cartaz, Os Homens São de Marte… e É pra lá que Eu Vou possui o roteiro escrito por Mônica Martelli, Patricia Corso e Susana Garcia e ainda possui a colaboração de Herson Capri e Pedro Aguilera, uma multidão de mãos que deixou uma intensa trama nas costas de Marcus Baldini, mas o diretor tirou de letra e conseguiu dar um bom rumo a todos os retalhos. O maior problema do longa, no entanto, é a ideologia feminina existente no roteiro, Fernanda é uma mulher que transa no primeiro encontro, mesmo quando jura não fazer, e isso é usado na trama para justificar seu dedo podre, como se indicasse que a mulher que faz sexo no primeiro encontro não será feliz.

Seguindo o pressuposto, a trama joga Fernanda em vários relacionamentos rápidos, que ficam sérios numa velocidade utópica e se tornam um desastre instantâneo, uma boa premissa com uma vertente polemica e que joga na comedia toda a responsabilidade de sustentar o longa, algo que com certeza é a melhor parte do longa. Mônica Martelli protagoniza o longa sendo tão intensa que fica irreal, o longa seria mais crível se fosse composto por relacionamentos menos acelerados, algo que parece querer resumir uma série e não contar um filme. Paulo Gustavo é outro destaque da trama, o ator aparece pouco na tela, mas faz cada aparição ser marcante, ser pontual, bem humorada, e bem acida, um divertimento ideal que equilibra com a comédia de Martelli e nos faz desejar muito mais interações.

A presença de Daniele Valente se torna totalmente dispensável, a atriz não adiciona quase nada na trama, sendo apenas responsável por criar algumas situações que levam Fernanda a conhecer alguns dos pretendentes, mas têm uma função que poderia ser substituída facilmente por outros atores ou até por algum figurante. Os personagens essenciais da trama são também os que mais incomodam os pretendentes: o senador Juarez Brito Filho, de Eduardo Moscovis, o produtor Robertinho Guimarães, de Humberto Martins, o despegado Nick, de  Peter Ketnath, entre outros, todos são essenciais para a trama de Martelli, são cruciais para a evolução da personagem, mas são extremamente incômodos e superficiais quando considerados individualmente. No final da trama, a sensação é que vimos um filme sem muito a adicionar, com falhas morais nas vertentes que tenta instituir, e com um desfecho tão apático e jogado que nem impacta ao espectador, parecendo só mais uma cena do longa e não seu final verdadeiro.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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